Top 5: Os mais longos e inspirados solos do Rock

Lá nos idos anos 80, já cantava Paula Toller, que “solos de guitarra não vão me conquistar” (Kid Abelha – Como eu Quero) … Ledo engano!!! Esta redatora, que vos escreve, derrete-se toda com lindos, longos e viajantes solos de guitarra. E acredito que a grande maioria também, afinal solos são uma das marcas registradas do estilo, não é verdade? E há solos pra todos os gostos, aqueles velozes, os rapidinhos, curtos, com uma, duas, três guitarras, solos mais elaborados, ou mais simples, uma infinidade deles. Solos são tão importantes, que muitas bandas tem um guitarrista exatamente pra isso, chamado de guitarrista solo ou líder.

Neste texto, vou trazer uma espécie de Top 5 com destaque para alguns dos solos mais longos e inspirados do Rock, daqueles que a gente quando escuta fecha os olhos e empunha nossa guitarra imaginária e começa a sacolejar, balançando a cabeça no ar. Essa lista é despretensiosa, ou seja é apenas para nos relembrar alguns destes feitos extraordinários, sem dizer que um é melhor que o outro. Para tanto, vou coloca-los em ordem cronológica. Se você leitor (a) tiver suas preferências e estas não forem citadas abaixo, não tem problema, deixe suas dicas nos comentários. Será um prazer ter a sua opinião.

Então, afaste as cadeiras e o sofá, porque o show vai começar:

Eu começo este Top 5 no ano de 1974, no álbum de estreia do Lynyrd Skynyrd. O álbum “Pronounced ‘Lĕh-‘nérd ‘Skin-‘nérd” foi lançado no ano anterior e a faixa “Free Bird”, que encerra o play, tornou-se imediatamente um hit, apesar de longa. No álbum, ela possui 09:08, tendo uma versão mais curta, para ser tocada no rádio com 04:41. Ao vivo, nos shows da banda, chega a ultrapassar os 14 minutos. O solo foi composto pelo guitarrista Allen Collins e é executado em dueto com Gary Rossington. Nos palcos ela recebeu a adição de mais uma guitarra, tornando-a ainda mais furiosa. Um deleite para os nossos ouvidos. Uma curiosidade é que a música seria apenas uma balada romântica, sobre um amor que se desfaz, mas a cada vez que era construída, ia ficando mais longa. Cá pra nós. Ainda bem, né. Então, vamos a ela. Senhoras e senhores “Lynyrd Skynyrd – Free Bird”:

Lynyrd Skynyrd

1976. A banda Eagles, formada em 1971, estava lançando um álbum por ano e “Hotel California”, o quinto da discografia, foi lançado no final de 1976. O guitarrista Joe Walsh fazia a sua estreia na banda. A faixa que dá nome ao disco acabou por se tornar o maior e mais conhecido sucesso do grupo e foi o segundo single a ser lançado. “Hotel California” foi composta por Don Felder, Don Henley e Glenn Frey. O baterista Don Henley  interpreta a letra, enquanto Felder e Walsh são os responsáveis pelo duo de guitarras que compõe o solo grandioso que finaliza a canção. Existem diversas interpretações sobre o significado da letra da música, um dos maiores mistérios do Rock, mas a explicação mais provável, é de que ela trata do materialismo e dos excessos relacionados com a busca pelo sucesso a qualquer preço, seria como uma espécie de autobiografia do próprio Eagles e por extensão às outras bandas lendárias que alcançaram o sucesso naquela época. Hotel California, então não seria um lugar, mas o universo de armadilhas e perdições para o viajante. As extravagâncias ao alcance das mãos impediriam qualquer hóspede de ir embora, mesmo que este tivesse que ir. Uma vez dentro, seria quase impossível sair. O lado sombrio do sonho americano. A música “Hotel California” tem 06:30.

Eagles
https://www.youtube.com/watch?v=N8mhDy73OH4

1979. O Pink Floyd, um dos expoentes do Rock Progressivo, no auge de sua carreira, lança o álbum conceitual “The Wall”, que é uma Ópera Rock, que explora o abandono e o isolamento, usando uma parede de forma metafórica. Nele consta a faixa “Confortably Numb”, a 6ª faixa do lado 3, ou seja, encerra o primeiro lado do segundo disco, já que “The Wall” foi lançado em vinil duplo, com 4 discos. A música, em si, nem é a maior da discografia da banda, tem 06:24 de duração, mas tem seu destaque em um dos mais inspirados solos de guitarra da história do Rock. Foi escrita pelo guitarrista David Gilmour e pelo baixista Roger Waters. A letra da música, que originalmente seria lançada no álbum solo de Gilmour, fala sobre o universo das drogas, da solidão e da desesperança. No filme “The Wall”, o personagem Pink é interpretado por Bob Geldoff, o idealizador dos concertos Live Aid. E foi justamente no Live 8, em 2005, que comemorou os 20 anos do Live Aid, que ocorreu a última apresentação do Pink Floyd com a formação clássica. A banda estava em litígio por diversos anos e Roger Waters se juntou a Gilmour, Nick Mason e Richard Wright à pedido de Bob Geldoff. “Confortably Numb” foi a música que encerrou a participação do Pink Floyd no evento e entrou pra história com sendo a última música a ser interpretada pelo quarteto junto, uma vez que o tecladista Rick Wright faleceu pouco depois.   

Pink Floyd

1981. Peter Frampton. “Breaking all the Rules” é o sétimo álbum do britânico Peter Frampton, ex-membro do Humble Pie.  A faixa-título, que encerra o play, com seu riff marcante foi co-escrita por Frampton e Keith Reid, o letrista do Procol Harum. O guitarrista do Toto Steve Lukather e o baterista Jeff Porcaro, também do Toto, participaram como músicos do álbum e coube a Lukather dedilhar de forma assombrosa ao lado de Frampton um dos mais sensacionais e épicos solos da história do Rock, na parte final da faixa “Breaking all the Rules”, que fez muito sucesso na época, inclusive como trilha sonora de uma famosa propaganda. O Hard Rock com veia Bluesy que virou hit instantâneo tem 07:05 de duração. Puro feeling e instinto selvagem.

Peter Frampton
https://www.youtube.com/watch?v=xTYjbB537Hw

1990. Gary Moore: “Still got the Blues”. E chegamos ao final desta pequena lista com o clássico mais recente. O álbum “Still got the Blues”, lançado pelo guitarrista irlandês Gary Moore (Thin Lizzy), em 1990, um dos expoentes do Blues Rock traz em sua faixa-título uma das mais belas baladas já compostas. Com seus 06:12 de duração, a faixa é a quarta do disco, composta pelo próprio Moore. O tecladista Don Airey, (Deep Purple) participou da gravação. Além de Airey, o álbum está cheio de convidados de peso, como Albert Collins, Bob Daisley, Brian Downey, Albert King e o ex-Beatle George Harrison. A música “Still got the Blues” fez muito sucesso aqui no Brasil, tocando nas rádios e fazendo parte da trilha sonora da novela global Mico Preto. Essa redatora que vos escreve, que na época do lançamento desta música tinha 21 anos de idade, tem uma relação especial com ela, pois o belíssimo solo de “Still got the Blues” a inspirou a fazer um desenho baseado em como o solo desta música a afetava, que consiste em um coração quebrado sendo traspassado por uma flecha, que foi convertida em uma guitarra, como se o cupido, ao invés de atirar a flecha o fez com a guitarra, machucando ainda mais aquele coração sangrando. O desenho foi transformado anos depois em minha primeira tattoo.

Gary Moore

Espero que tenham gostado da minha lista e como eu mencionei acima, você pode contribuir com esta matéria indicando algumas músicas que tem longos, grandiosos e inspirados solos de guitarra, deixando suas indicações nos comentários abaixo.

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