O tempo realmente voa, e nesse ano “Killing Is My Business… and Business Is Good!”, o clássico disco de estreia dos estadunidenses do Megadeth, completou 31 anos. Gravado e mixado no estúdio Indigo Ranch, em Malibu, Califórnia (EUA) e lançado pelo selo da Combat Records, esse debut é cercado de curiosidades muito interessantes que enriquecem ainda mais o valor monumental dessa obra. Durante o início do longínquo ano de 1985, a banda recebeu oito mil dólares dos responsáveis pela Combat Records para gravar e produzir o seu disco de estreia. Os integrantes não acharam que o valor era suficiente e terminaram por receber mais quatro mil dólares. No entanto, o fato é que grande parte do orçamento investido foi gasto em nada mais, nada menos do que drogas, álcool e alimentos, fato que levou a banda liderada pelo vocalista/guitarrista Dave Mustaine a demitir seu produtor original e produzir o seu álbum de estreia sozinha. Mesmo com esses problemas, Mustaine e cia. conseguiram conceber um trabalho digno de aplausos e que mesmo sendo apenas o primeiro tijolo de uma longa jornada musical que continua até os dias de hoje, já demonstrava o tremendo potencial dos músicos através de composições primitivas, rápidas e cruas.

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Uma bela e melancólica introdução de piano, intercalada por passagens de guitarra, logo dá espaço para riffs afiados e um grito proferido por Mustaine, marcando o início da faixa de abertura, “Last Rites/Loved To Death”. A música, cuja letra fala sobre um homem que assassina a mulher que ama por não ter o seu amor correspondido, nos brinda com riffs cortantes e afiadíssimos, a voz rasgada de Mustaine e rápidos solos de guitarra. É muito interessante reparar como a banda evoluiu drasticamente desde o lançamento desse primeiro trabalho. É visível que o frontman Dave Mustaine ainda tentava encontrar a sua própria maneira de cantar, ainda que já tivesse apresentado o seu timbre vocal que ficou tão reconhecido. Linhas de bateria muito criativas e palhetadas certeiras introduzem a faixa-título, “Killing Is My Business… and Business Is Good!”. Impossível escutar esse som e não ficar com a voz de Mustaine repetindo o nome da música e do álbum. Como o próprio nome da composição já sugere, a letra fala sobre um assassino, tema muito recorrente no Thrash Metal, diga-se de passagem.

Contando com uma introdução marcante, “The Skull Beneath The Skin” é a genial terceira faixa do álbum. A letra fala sobre a criação da mascote icônica e carismática da banda, Vic Rattlehead e conta com belos e rápidos solos de guitarra, o vocal sempre característico de Mustaine, além de uma pulsante marcação de baixo e levadas criativas e insanas de bateria, tudo executado com maestria e feeling, fazendo dessa canção um dos grandes destaques da obra. A faixa que dá continuidade ao álbum é o cover de Nancy Sinatra, “These Boots”. A versão imaginada e praticada pela banda é simplesmente sensacional. Repleta de entusiasmo e energia, é mais um destaque do disco. Também é importante mencionar que algumas prensagens do álbum lançadas naquela ocasião não possuem essa faixa.

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Riffs devastadores, uma cozinha de baixo e bateria fora de sério e solos de guitarra enlouquecidos podem ser conferidos a exaustão na veloz e avassaladora quinta faixa do álbum, “Rattlehead”. Sua letra retrata, em poucas palavras, como é uma apresentação da banda. Sem perder tempo e a euforia, emendam com “Chosen Ones”, uma composição mais cadenciada, mas nem por isso menos interessante. Muito pelo contrário! Aqui nós temos um Speed/Thrash de cair o queixo, onde todos os músicos se destacam individualmente e o resultado final é um primor indescritível.

Uma ótima e progressiva introdução se inicia, apresentando harmonias de baixo e guitarra hipnotizantes. É a vez da magnífica “Looking Down The Cross”. A canção descreve o momento em que Jesus Cristo foi crucificado no Monte Calvário e novamente brinda os ouvintes com um desempenho instrumental soberbo, além de alterações geniais de andamento. Mais um excelente destaque desse petardo. Impossível ficar indiferente a esse som. Para encerrar esse trabalho de estreia, a façanha se dá por meio de “Mechanix”, a versão original da música “The Four Horsemen”, presente no álbum de estreia do Metallica, o histórico “Kill ‘Em All” (1983). A composição disserta a respeito de um homem que imagina fazer sexo com uma mulher em uma oficina em troca de um serviço. Esse último ataque sonoro é um legítimo clássico e possui novamente um ritmo frenético e alucinante que não desaponta e encerra o debut de maneira mais que satisfatória.

MEGADETH - KILLING IS MY BUSINESS... AND BUSINESS IS GOOD! (ALTERNATE COVER)

Outro detalhe importante de ser mencionado sobre o álbum é a sua capa. O disco possui duas versões, uma desenvolvida pela Combat Records, para a época de lançamento do registro e a outra foi para a edição de relançamento, com uma arte inspirada em rascunhos elaborados por Dave Mustaine. Mesmo possuindo uma produção consideravelmente pobre, “Killing Is My Business… and Business Is Good!” é um registro fenomenal e já mostrava o poder de fogo que a banda tinha e certamente influenciou e ainda influencia uma geração de bandas de Thrash e Speed Metal, tornando-se um verdadeiro marco para a história do Metal como um todo, tendo vendido, inclusive, mais de 200 mil cópias. Nada mau para um álbum lançado por uma gravadora independente, não é mesmo?

https://www.youtube.com/watch?v=mG90Ylz7Xx0

Formação:
Dave Mustaine (vocal, guitarra e piano);
Chris Poland (guitarra);
David Ellefson (baixo);
Gar Samuelson (bateria) (R.I.P. 1999).

Faixas:
01 – Last Rites/Loved to Death
02 – Killing Is My Business… and Business Is Good!
03 – The Skull Beneath The Skin
04 – These Boots (Nancy Sinatra Cover)
05 – Rattlehead
06 – Chosen Ones
07 – Looking Down The Cross
08 – Mechanix