E assim começam os anos 90!

Aquele momento em que acontece uma reviravolta. Uma mudança de década, uma mudança para o estilo e, antes de qualquer outra coisa, uma mudança para a banda.

A história do Pantera sempre foi curiosa e já é bastante conhecida. A fase Glam gerou bons discos, mas que não decolaram pela ausência de uma personalidade própria para a banda. O ponto de conexão entre os dois “Panteras” foi o álbum “Power Metal”, de 1988, que marcou a entrada de Phil Anselmo. De logo, uma mudança já foi percebida, mas o ponto ideal de fervura ainda não havia sido alcançado.

A ruptura ocorreu de fato com “Cowboys From Hell”. Um novo logo, um novo visual, mais despojado, e um novo direcionamento musical, com traços de Thrash Metal, mas com foque maior no peso do que na velocidade, priorizando afinações mais baixas que valorizavam os andamentos sincopados e que estabeleceriam a associação com uma palavra que findou por batizar um novo subestilo: o Groove Metal.

O Pantera deu a partida para um tipo de sonoridade que estendeu seus tentáculos para bandas como Prong, White Zombie, Machine Head e até o nosso Sepultura. Como parceiro, nessa criação, foi fundamental também a figura do produtor Terry Date, que já havia assinado trabalhos com Overkill, Sanctuary, Soundgarden, Dream Theater e os três primeiros álbuns do Metal Church.

Tudo era tão novo, a partir desse momento, que somos levados a compreender os motivos que fizeram com que a banda resetasse a sua própria história. As músicas dos discos anteriores foram limadas do setlist e esses trabalhos sequer são mencionados na discografia constante no site oficial. Era como se o Pantera estivesse surgindo como uma nova criatura, nascida sobre as cinzas de sua encarnação anterior.

Criar algo diferenciado, porém, é algo que não depende apenas de boas intenções. Necessita talento, para pôr em prática as ideias, e os texanos possuíam bala na agulha para tanto. O baterista Vinnie Paul e o baixista Rex Brown já interagiam desde 1982 na criação de bases. Phil Anselmo surge como uma grande revelação. Um vocalista que entendeu que precisava descolar-se de sua principal influência – Rob Halford, do Judas Priest – para desenvolver suas próprias características que, hoje, fazem com que ele seja a influência para tantos e tantos novos aspirantes ao estrelato. Phil, em “Cowboys From Hell”, ainda utiliza bastante os tons altos, que são contraponto ao seu timbre predominante, caracterizados por drives graves. Certamente, um dos fatores que fizeram com que a banda estourasse, mas o diferencial absoluto do Pantera estava na figura de seu guitarrista de 24 anos: Dimebag Darrell.

Dimebag desenvolveu seu estilo tendo Ace Frehley, Eddie Van Halen, Tony Iommi e Randy Rhoads como mentores. Tal qual este último, partiu cedo demais, mas ainda teve tempo de deixar uma obra que o coloca, hoje, como um dos grandes da guitarra de todos os tempos. Seus riffs e seus solos ficarão como objeto de estudo e estender-se-ão ao infinito tal qual aquela última nota em “Cemetery Gates”.

“Cowboys From Hell” mudou o percurso da história do Metal. Havia ainda mais por vir, através de uma demonstração vulgar de força, mas a cartografia do Heavy Metal estava sendo atualizada e o Texas tornou-se o epicentro da vez.

Cowboys From Hell – Pantera
Data de Lançamento: 24/07/1990
Gravadora: Atco

Tracklist:
01 Cowboys from Hell
02 Primal Concrete Sledge
03 Psycho Holiday
04 Heresy
05 Cemetery Gates
06 Domination
07 Shattered
08 Clash with Reality
09 Medicine Man
10 Message in Blood
11 The Sleep
12 The Art of Shredding 

Formação:
Vinnie Paul – Bateria
Phil Anselmo – Vocal
Dimebag Darrell – Guitarra
Rex Brown – Baixo