Aquele senhor que está completando 70 anos neste mês de junho e que foi considerado o maior do mundo por tanto tempo, guarda muitas histórias épicas, muito além do futebol. Você já deve ter percebido de que estamos falando do estádio do Maracanã. Em se tratando de Rock, lá no começo dos anos 80, daria pra se contar nos dedos quantos nomes haviam se apresentado no Brasil, como Alice Cooper (1974), Queen (1981) e Van Halen (1983), mas, foi justamente em 1983, há 37 anos, que um capítulo histórico seria escrito por 4 mascarados, de Nova York, o KISS. A banda estava encerrando a “Creatures of the Night Tour”, do álbum homônimo, lançado no ano anterior e chegava ao Brasil pela primeira vez. Paul Stanley (Starchild – guitarra base), Gene Simmons (The Demon – baixo), Vinnie Vincent (Ankh Warrior – guitarra solo) e Eric Carr (The Fox – bateria), cuja música “I love it loud” estourava nas rádios, e que ainda preservavam suas verdadeiras identidades, desembarcaram em nossas terras para 3 shows, o primeiro, em 18 de junho, no Maracanã, depois viria Mineirão, em Belo Horizonte (23/06) e Morumbi, São Paulo (25/06). Ao final destas apresentações, a banda voltaria para os EUA para gravar seu álbum seguinte, “Lick it up”, lançado ainda em 1983 e que marcou o início da fase sem máscaras da banda. E por que foi uma passagem marcante, épica e histórica?
Sobre essa passagem pelo Brasil, Paul Stanley disse em seu livro biográfico:
“Em junho de 1983, fomos de avião para o Brasil e tocamos para 180 mil fãs gritando no Estádio do Maracanã no Rio. Era a maior plateia para a qual tínhamos nos apresentado. Ao subir ao palco dos estádios de futebol da América do Sul, eu me dei conta de que os estádios que consideramos grandes nos EUA eram minúsculos em comparação. Pequenos.
Quando você entra em um estádio como o Maracanã, você se sente como se estivesse no fundo de um barril de petróleo.
Outra diferença é a segurança. Durante a tarde, quando estávamos fazendo os ajustes, uma divisão armada circulava com cães.
Não há como descrever o tamanho da energia que um público daquele tamanho emana. E toda a energia era direcionada a nós no palco. Você pode dizer que o ar estava eletrificado ou que havia um sentimento coletivo de ansiedade, histeria, chame do que quiser. Mas quando ele é todo direcionado a você, é como uma enorme onda que pode te consumir. A quantidade de força te empurrando é incrível. Pode quase que te derrubar“.
Fontes seguras declaram que, na verdade, havia umas 250 mil pessoas no Maracanã e não só foi, até hoje, o maior público do KISS, mas foi o maior de um artista solo, desde então.
A minha história com o KISS, minha banda preferida, começa exatamente neste ponto, com o lançamento do álbum “Creatures of the Night”, em 1982. Foi um amor que me arrebatou. Aquela capa com os olhos reluzentes trouxe uma impressão indelével. Infelizmente, por ser ainda muito jovem, não pude ir ao show do Maracanã. Só realizei este sonho muitos anos depois, em 2012, na Arena HSBC, no Parque Olímpico. Tudo estava lá, as músicas arrepiantes, que se canta à plenos pulmões, as explosões e efeitos pirotécnicos, tudo, o teatro dos horrores em sua melhor definição.
Voltando a 1983, o show foi aberto pela banda Herva Doce e muitos protestos foram montados ao redor do estádio, liderados por aqueles que achavam que a banda era satânica, como se KISS fosse uma sigla que definia os Cavaleiros de Satã e que pisavam em pintinhos no palco, como sacrifício. A bem da verdade, essas calúnias só serviram para tornar a banda ainda mais popular, sem dúvida nenhuma.
https://www.youtube.com/watch?v=Ei-3_t0WAGE
Setlist da Creatures of the Night Tour:
- “Creatures Of The Night”
- “Detroit Rock City”
- “Cold Gin”
- “Calling Dr. Love”
- “Firehouse”
- “Solo de Guitarra de Paul Stanley”
- “I Want You”
- “Solo de Guitarra de Vinnie Vincent”
- “I Love It Loud”
- “Solo de Bateria de Eric Carr”
- “War Machine”
- “Love Gun”
- “Solo de Baixo de Gene Simmons”
- “God Of Thunder”
- “I Still Love You”
- “Shout It Out Loud”
- “Black Diamond”
- “Strutter”
- “Rock And Roll All Nite“
“Keep Me Comin'” foi tocada durante a turnê.
No Brasil, o set-list não contou com as músicas “Shout It Out Loud” e “Strutter”.
“I love it loud” tocou duas vezes em São Paulo.