Na história do Heavy Metal existem álbuns que são únicos, não só pela sua qualidade, mas também por definirem um estilo. Com Gothic, o Paradise Lost lançou as bases do Gothic Metal como ele viria a ser, e com os álbuns seguintes, Shades of God e, principalmente, Icon, começou a solidificar sua proposta. Mas foi com Draconian Times, lançado em 12 de julho de 1995, que consolidaram de vez o estilo e deram uma cara definitiva ao mesmo. Além disso, vendeu mais de 1 milhão de cópias, catapultando a banda do underground para o mainstream, possibilitando inclusive que assinassem na sequência um contrato com uma major, a EMI.
Draconian Times é marcante por diversos motivos. Musicalmente, apresenta uma sonoridade mais acessível, onde ficam evidentes influências de nomes dispares como The Sisters of Mercy e Metallica, sendo que essa última fica mais evidente nos vocais limpos de Nick Holmes. As guitarras, mesmo soando mais leves, conseguem passar uma sensação esmagadora de peso, dada a atmosfera sombria e melancólica que criam. Por falar nisso, aqui Gregor Mackintosh se mostra um músico ímpar, pois seus riffs emotivos e sua sonoridade única tornam o trabalho de guitarras de Draconian Times inimitável. Ninguém até hoje conseguiu soar parecido com o que escutamos aqui. O trabalho de bateria, apesar de pouco falado, é primoroso, e não soa apenas como um simples complemento, mas sim como um elemento enriquecedor na sonoridade. É sem dúvida o melhor trabalho de Lee Morris durante todo o período que permaneceu no Paradise Lost.
Não se deixe enganar com o piano suave e melancólico na introdução de “Enchantment”, pois logo as guitarras surgem com riffs marcantes. Nick se destaca pela variação vocal, os teclados criam atmosferas sombrias e a bateria também assume uma posição de destaque. A clássica “Hallowed Land” vem na sequência com suas ótimas melodias e um dos melhores solos do álbum, enquanto “The Last Time” soa como uma mescla de The Sisters of Mercy, Depeche Mode e Metallica, mas com aquele DNA único do Paradise Lost. “Forever Failure” começa com um pequeno trecho narrado por Charles Manson, retirado do documentário The Man Who Killed the 60s. É um doomzão arrastado, sombrio, e com os vocais de Nick soando muito altamente emocionais. “Once Solemn” é uma canção rápida, forte, e foge um pouco do padrão até então, por passar mais uma aura de otimismo do que de melancolia. A primeira metade do álbum se encerra com “Shadowkings” e seus bons riffs e atmosfera escura.
Na segunda metade temos de cara a ótima “Elusive Cure”, faixa pouco lembrada, mas que está entre as melhores da carreira da banda. Profunda e sombria, possui uma beleza difícil de se explicar, e melodias de guitarras que criam uma atmosfera obscura. “Yearn for Change” tem um ótimo trabalho de baixo, refrão marcante e riffs fortes, enquanto “Shades of God” carrega em sua uma aura de escuridão. “Hands of Reason” é lenta, pesada e opressiva, e traz a bateria de Lee Morris em uma posição de destaque. A sequência final é composta pela sombria “I See Your Face”, e pela excelente “Jaded”, uma música que transborda tristeza por todos os poros. O encerramento perfeito para um álbum moldado para despertar emoções fortes em quem ouve.
Draconian Times é a pedra angular do que veio a se tornar o Gothic Metal nos anos posteriores ao seu lançamento, sendo o que de mais perfeito foi feito até hoje no estilo. De sonoridade única, é o auge criativo de uma banda que nunca deixou de esbanjar criatividade em seus mais de 30 anos de carreira, o que o torna ainda mais significativo. Um álbum sombrio, melancólico, escuro, mas acima de tudo, poético.

Data de lançamento: 12 de junho de 1995
Gravadora: Music for Nations
Tracklist:
01. Enchantment
02. Hallowed Land
03. The Last Time
04. Forever Failure
05. Once Solemn
06. Shadowkings
07. Elusive Cure
08. Yearn for Change
09. Shades of God
10. Hands of Reason
11. I See Your Face
12. Jaded
Formação:
Nick Holmes (vocal)
Gregor Mackintosh (guitarra)
Aaron Aedy (guitarra)
Steve Edmondson (baixo)
Lee Morris (bateria)