Pale Folklore (1999) é o álbum de estreia da banda norte americana de Folk Metal chamada Agalloch. O álbum foi lançado dia 06 de julho de 1999 pela gravadora The End. A sonoridade do álbum apresenta uma mistura eclética do Folk Metal junto de bandas escandinavas do Black Metal, trazendo alternância entre suavidade e agressividade, vocais limpos e rasgados, em uma atmosfera muito densa, própria do Black Metal.
É justamente esta alternância de nuances distintas que traz ao trabalho um teor sombrio e intenso. Para intensificar ainda mais, as letras tratam sobre depressão, natureza, o folclore e, principalmente, o sobrenatural. Além do Folk Metal e do Black Metal, a sonoridade da banda flerta muitas vezes com o Post Rock, sendo uma característica bem adotada pela banda em trabalhos futuros.
A produção do trabalho ficou por conta de Ronn Chick, John Haughm e Shane Breyer; a arte contou com Dennis Gerasimenko e Sergey Makhotkin e a fotografia da banda ficou por conta de Aaron Sholes.
A sonoridade do álbum traz consigo uma melancolia muito presente, uma beleza sombria bem característica do estilo adotado pela banda.
O álbum foi bem recebido pelo público e pela crítica, principalmente por seus conceitos sombrios e folclóricos, conseguindo aliar estilos diferentes do Metal em sua sonoridade, apresentando um trabalho distinto que trazia nuances bem distintas e extremas: ora era suave e melancólico, focando no dedilhado de uma guitarra com um drive leve e uma base de teclados bem calma, ora com muito peso e intensidade nos instrumentos e com uma voz bem rasgada e agressiva.
Por ser um álbum de estreia, é notável que a produção e captação dos instrumentos deixa a desejar, deixando o som sem muita nitidez, com pouco brilho e sem a intensidade que a banda certamente já conseguia expressar ao vivo. Mas, mesmo com uma mixagem e uma produção que não ajudavam muito, é possível ver a característica essencial do projeto já neste trabalho de estreia. Diferente de outras bandas que necessitam de um bom tempo para amadurecer sua sonoridade, Agalloch já traz seu cartão de visitas no primeiro trabalho, apresentando-se de uma forma madura e bem próxima do que a banda viria a produzir posteriormente. O trabalho se mostra bem criativo.
Para começar seus trabalhos, a banda iniciou o disco com She Paited Fire Across the Skyline, uma música dividida em três partes que consegue trazer consigo todas as nuances distintas que se apresentarão no álbum: desde sua calmaria melancólica e depressiva, até sua agressividade. Para ter noção do que a banda é capaz de produzir e para ter um resumo de sua obra e forma de compor, basta escutar as três partes desta música. A faixa traz consigo uma mistura de destruição, folclore, fantasia e morte.
As técnicas das cordas deixam um pouco a desejar, principalmente das guitarras e dos violões, com solos bem simples e que, muitas vezes, poderiam soar melhor. A base de guitarra e dos violões poderia ser mais bem trabalhada em algumas faixas, pois soou um pouco “mecânico demais”. Porém, as diferentes nuances exprimidas pelas faixas junto de sua criatividade e variações faz com que tudo isso seja compensado de forma positiva.
A bateria trabalha de forma simples, fazendo o básico e sendo bem honesta dentro do que a proposta apresentada pela banda pede. A mixagem compromete um pouco na audição do baixo com uma boa clareza, fazendo com que se note apenas uma marcação mais básica do instrumento, acompanhando a simplicidade da bateria.
O teclado, apesar de peça-chave para as nuances melancólicas e sombrias do álbum, trabalha muito mais em cima da criatividade (principalmente por colocar as notas e os timbres que casam perfeitamente com a música) do que necessariamente apresenta uma técnica avançada. Com isso, o teclado soa muito bem como um complemento e uma base sonora, não sendo muito evidente na maior parte do álbum. Mas ele aparece bem no final da faixa de encerramento, com um som de piano, soando melancólico e com um tom de despedida.
Com toda esta observação, nota-se que a ousadia do trabalho e sua criatividade foram muito além do que a técnica apresentada pela banda aqui poderia apresentar. Com um conhecimento técnico limitado, foram capazes de não apresentar um trabalho monótono, soando criativo do início ao fim.
Alguns exageros instrumentais são percebidos em algumas partes, principalmente quando se aproxima do fim do álbum. Uma vez que a técnica instrumental não é das mais avançadas, quando se deixa para a guitarra soar como instrumento solo principal, o trabalho perde um pouco de seu encanto, não apresentando algo muito condizente com a sonoridade que a banda tende a explorar. O mesmo problema não vemos quando a guitarra cria bases mais intensas e agressivas para a música, aproveitando para encaixar os vocais agressivos e rasgados. Sendo assim, creio que o álbum poderia explorar mais as linhas pesadas tendo a guitarra base como instrumento principal do que explorá-la com riffs e solos.
Outra característica marcante do álbum são suas faixas longas e extensas. Prova disso é termos um álbum que conta com apenas 8 faixas, mas que apresenta mais de 62 minutos de duração. Para ficar claro, temos apenas a She Painted Fire Across The Skyline II na casa dos três minutos, todas as outras tendo cinco minutos como o mínimo de sua duração. Mas nada se compara com a faixa de encerramento The Melancholy Spirit, com seus mais de 12 minutos de duração, flertando muito com o Metal Progressivo.
Com seus tamanhos alongados, a banda explorou muito as diferentes nuances dentro de cada música, podendo, assim, explorar o que tinha de melhor em sua característica dentro de cada uma destas músicas.
Tracklist
01. She Painted Fire Across the Skyline I
02. She Painted Fire Across the Skyline II
03. She Painted Fire Across the Skyline III
04. The Misshapen Steed
05. Hallways of Enchanted Ebony
06. Dead Winter Days
07. As Embers Dress the Sky
08. The Melancholy Spirit
Formação
Don Anderson (Guitarra)
John Haughm (Vocais, Guitarra e Bateria)
Jason William Walton (Baixo)
Shane Breyer (Teclados)