Definisse como Metal Extremo, a música executada pelo Napalm Death (METAL EXTREMO, 1987). Essa certamente seria a definição para o termo, se tivéssemos em mãos um dicionário específico para o Heavy Metal. Podemos dizer sem medo que desde o lançamento de Scum (1987), Napalm Death e metal extremo se tornaram sinônimos. Um dos pioneiros do Grindcore e do Death Metal, o grupo originário de Birmingham estabeleceu uma carreira sólida e recheada de ótimos trabalhos, que sempre fizeram a alegria de quem aprecia um som insano, brutal e pesado.
Desde seu surgimento, em 1981, já se vão quase 4 décadas de bons serviços prestados, e uma inquietude de quem sempre procuro não se estagnar musicalmente. Do início focado no Punk/Hardcore, ao Grindcore que os consagrou, passando pelo Death Metal e até mesmo por momentos mais “experimentais”, como foram Fear, Emptiness, Despair (94) e Diatribes (96), o Napalm Death sempre primou por fazer o que teve vontade, sem se dobrar a pressões do mercado ou mesmo dos fãs. Isso pode ter rendido críticas em certos momentos, mas nunca afetou de forma profunda a qualidade de seus trabalhos.
Vindo de uma fase onde sua sonoridade abria cada vez mais espaço para os elementos de Death Metal, não soa exagero dizer que The Code Is Red… Long Live the Code foi uma agradável surpresa aos fãs da banda. Aquele espírito do início se faz presente, o que significa que o Grindcore dá as caras durante todo o trabalho, ocupando um espaço que lhe vinha sendo cada vez mais negado nos álbuns que lhe antecederam. Insano e caótico, com vocais estrondosos de Mark “Barney” Greenway, guitarras selvagens e distorcidas de Mitch Harris, baixo estrondoso a cargo de Shane Embury, e a bateria simplesmente avassaladora de Danny Herrera, The Code Is Red possui um ar um tanto nostálgico, e se não fosse a produção mais atual e moderna, poderíamos encaixar ele sem medo entre From Enslavement to Obliteration (88) e Harmony Corruption (90).
Já de cara temos a acelerada e insana “Silence Is Deafening”, que é seguida pelo atropelo em forma de música intitulado “Right You Are”. A brutal “Diplomatic Immunity” nos mostra o bom e velho Napalm Death de sempre, sendo seguida pela ótima “The Code Is Red… Long Live the Code”, onde as partes mais cadenciadas surgem com muito destaque. Aliás, vale dizer que o Napalm não aposta pura e simplesmente na velocidade em 100% do tempo, o que acaba trazendo mais diversidade as canções. “Climate Controllers” tem aqueles toques de Hardcore que são imprescindíveis em um álbum da banda; “Instruments of Persuasion” soa explosiva e pesada, e conta com vocais de Jamey Jasta (Hatebreed); “The Great and the Good” tem participação mais do que especial de Jello Biafra, e “Sold Short” é um massacre em forma de Grindcore, sendo outra a contar com Jasta dividindo os vocais com Mark “Barney” Greenway. A forte “All Hail the Grey Dawn” tem um ótimo trabalho de baixo e guitarra; “Vegetative State” é impiedosa com os tímpanos mais delicados, e “Pay for the Privilege of Breathing” é intensa, enérgica e avassaladora. “Pledge Yourself to You”, com participação de ninguém menos que Jeff Walker, do Carcass, é simplesmente insana e se destaca pelos ótimos trabalhos de guitarra e bateria, enquanto “Striding Purposefully Backwards” é outro atropelo. Encerrando, temos a “diferentona” “Morale”, lenta e com um clima pesado e assustador, e a instrumental “Our Pain Is Their Power”, uma espécie de extensão da canção anterior.
Brutal e desagradável, no melhor sentido que tal afirmação pode ter, com The Code Is Red… Long Live the Code, o Napalm Death comprovou não ser apenas uma banda, mas uma verdadeira força da natureza, um cataclismo em forma de música. Um álbum mais do que obrigatório para qualquer fã de música extrema.
Tracklist:
01. Silence Is Deafening
02. Right You Are
03. Diplomatic Immunity
04. The Code Is Red… Long Live the Code
05. Climate Controllers
06. Instruments of Persuasion
07. The Great and the Good
08. Sold Short
09. All Hail the Grey Dawn
10. Vegetative State
11. Pay for the Privilege of Breathing
12. Pledge Yourself to You
13. Striding Purposefully Backwards
14. Morale
15. Our Pain Is Their Power
Formação:
Mark “Barney” Greenway (vocal)
Mitch Harris (guitarra)
Shane Embury (baixo)
Danny Herrera (bateria)
Participações especiais:
Jamey Jasta (vocais nas faixas 6 e 8)
Jello Biafra (vocais na faixa 7)
Jeff Walker (vocais na faixa 12)