Roadie Metal Cronologia: Judas Priest – Defenders of The Faith (1984)

Muitas vezes não incluem o Judas Priest como uma das bandas que surfaram na Nova Onda do Heavy Metal Britânico simplesmente porque as bandas do movimento geralmente começaram a lançar álbuns a partir dos anos 80, enquanto o Judas lançou seu primeiro álbum, “Rocka Rolla”, em 1974. No entanto, particularmente eu não observo apenas esse aspecto como determinante e vejo um Judas Priest que pode não ter inaugurado o movimento, mas certamente embarcou nele e de alguma forma fez música ao caráter exigido – e “Defenders of The Faith” é um exemplo disso.

Lançado em 1984, o álbum é o nono da discografia da banda e sucede bem-sucedidos clássicos como “British Steel” (1980) e “Screaming For Vengeance” (1982). Ele preserva ainda uma praticamente inquebrável formação, composta por Rob Halford (vocal), K. K. Downing (guitarra), Glenn Tipton (guitarra), Ian Hill (baixo) e David Holland (bateria) – a exata formação que vinha produzindo eternos clássicos para o Heavy Metal.

Judas Priest 1

Imprevistos tiveram de ser superados para que esse disco se materializasse. Nos tempos anteriores à sua composição, a banda estava em Ibiza, na Espanha, para compôr novas canções para um eventual álbum no Ibiza Studios. Porém, o estabelecimento passava por dificuldades econômicas, técnicos não recebiam salário e alguns deles haviam inclusive “confiscado” equipamentos do estúdio como pagamento. A solução da situação se deu num acordo entre a Columbia Records (selo do Judas Priest à época), o proprietário do estúdio e os técnicos, que usaram dinheiro emprestado pelo selo para que a banda gravasse o disco. Houve atraso devido a esses problemas, mas não o impedimento.

Não bastasse isso, o guitarrista K. K. Downing havia sofrido um acidente na cidade espanhola quando ia a uma boate com o engenheiro de som Mark Dodson. Downing havia sido atropelado por um táxi, e a pancada foi feia, gerando fraturas graves que quase tiraram sua vida. Após semanas de recuperação, pôde gravar o disco.

Superados os problemas, “Defenders of The Faith” chegou às prateleiras das principais lojas em 1984 trazendo consigo uma aura de esplendor. A crescente da banda e da performance de Rob Halford continuavam. Foram tecidas músicas que carregavam Speed Metal característico do NWOBHM em sua essência (além de certo ainda inseparável Hard Rock), mas havia também harmonia junto do peso e da velocidade. Por isso as canções tinham dinamismo e não eram apenas vigor. Passagens mais cadenciadas também marcam presença, como em “Love Bites” ou na dobradinha “Heavy Duty” e “Defenders of The Faith”, que encerram o álbum com cadência em ritmo de hino.

A performance de K. K. Downing segue satisfatória como sempre foi. Além de produzir ótimos riffs, o guitarrista encontra seu ápice sempre em técnicos solos que puxam o ouvinte a bangear junto das músicas. Sem falar em Rob Halford, que abusava cada vez mais de sua técnica vocal, com estridentes drives oriundos de uma clara influência do Hard Rock e magistralmente aplicados no Heavy Metal. Claro, os demais membros também são peças importantes do trabalho, mas o destaque vai, com justiça, para a mencionada dupla.

Judas Priest 2

“Defenders of The Faith” é um ótimo álbum em sua totalidade, e seu clima oitentista confere um nostálgico flashback àquela década e aos vinis. É um exemplar de Heavy Metal “de verdade” (embora eu não goste do termo, pois é arbitrário demais, além de que… o que seria Heavy Metal de mentira?). “Freewheel Burning”, “Love Bites” (as duas receberam videoclipes), “Rock Hard Ride Free” e “Eat Me Alive” são alguns dos destaques do trabalho. Inclusive, essa última foi incluída na terceira posição da lista “As Quinze Sujas”, elaborada pela Parents Music Resource Center, uma organização conservadora que enchia a porra do saco para que os pais não deixassem os filhos ouvir determinadas músicas sob temor de influências negativas. Segundo eles, “Eat Me Alive” falava sobre sexo oral com uma pistola. A polêmica sempre acompanhou o Heavy Metal – injustamente, na grande maioria das vezes -, e de alguma forma isso é um tempero ao mesmo tempo cômico e revoltante que dá mais sabor a clássicos como esse.

Formação:
Rob Halford (vocal);
K. K. Downing (guitarra);
Glenn Tipton (guitarra);
Ian Hill (baixo);
David Holland (bateria).

Faixas:
01 – Freewheel Burning
02 – Jawbreaker
03 – Rock Hard Ride Free
04 – The Sentinel
05 – Love Bites
06 – Eat Me Alive
07 – Some Heads Are Gonna Roll
08 – Night Comes Down
09 – Heavy Duty
10 – Defenders of The Faith

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