Neste sabadão de quarentena temos um álbum da mãe das mães de todas as bandas de Metal se tornando um quarentão: estamos falando de “Heaven and Hell”, o nono álbum do BLACK SABBATH.
É o primeiro disco sem Ozzy Osbourne, que saiu depois de “Never Say Die” e foi explorar sua carreira solo que seria muito bem sucedida. E o substituto era um certo Ronnie James Dio, considerado por muitos bangers como o maior de todos os vocalistas da história. E o baixinho era bom mesmo, tinha comprovado isso no seu trampo com o RAINBOW, a banda formada pelo guitarrista Richie Blackmore, quando este saiu do DEEP PURPLE.
As coisas estavam meio confusas no BLACK SABBATH, pois além da saída de Ozzy, o baixista Geezer Buttler também havia saído. Tony Iommi recrutou para o seu lugar, o baixista Geoff Nicholls e ele trabalhou em algumas composições, sendo inclusive, creditado por escrever sozinho, suas linhas de baixo na música que daria o título ao álbum, “Heaven and Hell”. Buttler trabalhou apenas na música “Neon knights”, que foi a última que foi gravada.
Outra mudança ocorrida neste álbum foi que Dio passou a assumir a responsabilidade na composição das letras, que outrora era primordialmente escrita por Buttler. E aqui o baixinho colocou os temas sobre dragões, castelos, mágica e misticismo, que eram suas marcas registradas.
Desta feita a banda não era um quarteto, e sim um quinteto, pois havia um tecladista na banda, ainda que não creditado propriamente como músico: era Geoff Nicholls. A história curiosa é que Geoff fora recrutado incialmente para ser o baixista, mas como Buttler retornou à banda, ele foi deslocado para a função de tecladista.
Então o quinteto se reuniu no “Criteria Recording Studios”, em Miami e também no “Studio Ferber”, em Paris, com produção de Martin Birch e o resultado foi esse discão que iremos destrinchar faixa a faixa a partir do próximo parágrafo.
“Neon Knights”, um sonzão, abre a obra e aqui a gente vê um BLACK SABBATH bem diferente daquele de uma década atrás, que primava por aliar o Blues com o peso do recém-criado Heavy Metal. Aqui temos o Metal puro e cristalino em uma música muito boa, com ótimos solos de Iommi e o vocal do deus Dio.
“Children of the Sea” começa uma ótima melodia de violão nos dando a entender que será uma balada, mas não. Logo a música se desenvolve numa pegada que fica algo entre o Hard e o Blues, muito bem feita e muito bem estruturada, com Geezer Buttler dando com o seu baixo o peso que a música precisa.
“Lady Evil” traz a banda executando um Hard Rock pra lá de interessante, onde mais uma vez Geezer Buttler se faz presente com seu baixo preciso e um Tony Iommi como sempre inspirado (falar da inspiração do homem que criou o Heavy Metal é definitivamente chover no molhado, mas necessário).
“Heaven and Hell”, a faixa título, é uma das mais conhecidas da fase Dio no BLACK SABBATH. Ela é uma que se assemelha um pouco com o que a banda fez no passado com Ozzy. Ela tem riffs bem Stoner em sua intro, se desenvolve de maneira arrastada e na parte final ela cresce, com os caras aumentando seu andamento. Perfeita.
“Wishing Well” tem uma estrutura bem interessante: Iommi faz as bases bem retas, enquanto a quebradeira fica por parte de Geezer Buttler, que mais uma vez fez um excelente trabalho. Mas Iommi trata de elaborar um solo muito bom aqui. A música é calcada no Rock setentista.
“Die Young” é enérgica e traz de volta o Heavy Metal para ser o centro das atenções. Ela só tem uma parte no meio que ficou meio sem sentido, uma parada brusca com inclusão dos teclados, que viria a ser a tendência daqueles anos 1970, mas logo as coisas se ajeitam e a música termina forte como começou.
“Walk Away” tem mesclas de elementos Hard e também de Progressivo e ela se desenvolve em um andamento médio, mas parece que se esqueceram de avisar isso para Bill Ward. O cara espanca seu kit de bateria sem dó e muitas vezes com viradas sensacionais.
“Lonely is the Word” fecha muito bem o play com seu clima bem bluesy e ficou impressionante o timbre que Iommi achou nesta música, além do solo viajante que encerra a música. Muito boa.
Em exatos 40 minutos temos um disco muito bom, que envelhece muito bem, obrigado e mostra que o BLACK SABBATH estava conseguindo se reinventar muito bem depois da saída de seu vocalista original. Sem querer acirrar a rivalidade entre os dois, mas Dio realmente deu um up e os dois têm o seus valores.
“Heaven and Hell” ficou em 9º lugar nas paradas britânicas e chegou ao 28º posto na “Billboard 200”. É considerado por muitos fãs como um dos melhores discos da carreira do BLACK SABBATH e eu faço côro, é realmente um discaço, O disco foi eleito o 37º melhor álbum de Metal de todos os tempos pela revista “Rolling Stone” no ano de 2017 e a faixa título foi eleita a 81ª posição na lista das “100 Maiores Canções de Hard Rock”, do canal VH1.
Então hoje é dia de exaltar esse discaço da maior banda de Heavy Metal de todos os tempos. Uma sugestão para audição nesta data tão importante no estilo que optamos em abraçar e levar como estilo de vida. E não se esqueça de seguir as recomendações da OMS e fique em casa.
Heaven and Hell – Black Sabbath
Data de lançamento: 25/04/1980
Gravadora: Warner Bros
Tracklisting:
01 – Neon Knights
02 – Children of the Sea
03 – Lady Evil
04 – Heaven and Hell
05 – Wishing Well
06 – Die Young
07 – Walk Away
08 – Lonely is the Word
Lineup:
Tony Iommi – Guitarra/Violão
Ronnie James Dio – Vocal
Geezer Buttler – Baixo
Bill Ward – bateria
Special Guest:
Geoff Nichols – Teclado