Devido ao momento que estamos atravessando, eu, Helton Grunge, decidi criar este quadro de matérias chamado 40 de Quarentena. O quadro consiste em 40 dicas de álbuns para se ouvir durante essa crise de saúde que estamos enfrentando no mundo. Uma vez que tudo está limitado e que temos que ficar o máximo possível em casa, vou sugerir 40 álbuns muito bons para que você ouça e lhe ajude a passar por este tempo de crise.
A ideia é fugir das obviedades e falar de bandas que merecem ter seu trabalho em álbum conhecidas, tal sua qualidade. Não preciso aqui “chover no molhado” e apresentar álbuns clássicos, até porque sua importância na música já é clara e certamente influenciou vários trabalhos. Os álbuns não necessariamente serão da cena underground, muitas vezes serão também de bandas que já se ouviu falar, mas não se ouviu um trabalho completo dela: vale a pena conferir a matéria e conhecer os trabalhos.
O álbum de hoje, para estrear o quadro, é Freak Show (1997) da banda de Post Grunge/Rock Alternativo australiana chamada Silverchair.
Silverchair foi uma banda formada em 1992 por 3 garotos australianos que amavam a cena Grunge de Seattle. O sucesso da banda foi repentino, ganharam notoriedade ao vencerem um festival local com a faixa Tomorrow, seu primeiro grande sucesso, lançada em 1994 como single e, em seguida, fez parte do primeiro álbum lançado pela banda, o Frogstomp (1995). A banda anunciou uma pausa nos trabalhos em 2011, porém, após isso, aparentemente os trabalhos não mais retornarão.
A formação da banda contou com Daniel Johns na guitarra e nos vocais, Chris Joannou no baixo e Ben Gillies na bateria.
O auge de sucesso e reconhecimento da banda foi com o terceiro álbum, o Neon Ballroom (1999), onde a banda emplacou sucessos como Ana’s Song e Miss You Love. Esta segunda, talvez a mais conhecida da banda, é o que fez o grande público saber quem era o SIlverchair, porém não traduz o projeto da banda num todo. É mais um daqueles casos onde a música “diferente” acaba fazendo maior sucesso e, talvez por isso, não chame muito a atenção dos amantes do Rock Alternativo por ser uma balada sentimental.
Digo isso porque o trabalho do SIlverchair, em regra, é agressivo e intenso, tendo sua carga emocional apresentada de uma forma pesada. Em Neon Ballroom (1999) a banda já estava tomando novos rumos, flertando um pouco com uma sonoridade eletrônica que adotaria em trabalhos seguintes, mas os dois primeiros álbuns são obras-primas para quem ama o Grunge, o Post Grunge e o Rock Alternativo em geral.
O primeiro álbum da banda foi lançado quando eles ainda eram adolescentes que frequentavam a escola. Apesar de trazer uma sonoridade intensa e algumas letras de revolta com mensagens mais adultas, ainda havia temáticas mais simples como problemas que eles enfrentavam em seu cotidiano escolar. Já em Freak Show (1997), a banda já apresentava uma maturidade melhor, tanto nas temáticas das músicas como em seu arranjo instrumental, sendo este, para mim, o melhor trabalho da banda.
Daniel Johns era loiro, franzino, tocava guitarra, cantava e sofria perseguição na adolescência por não se encaixar nos padrões da época. Isto lembra alguém? Sim, era como se o legado de Kurt Cobain seguisse mesmo após sua morte. Mas, independente das semelhanças com o líder do Nirvana, o fato de Daniel Johns ser muito magro e sofrer de anorexia fez com que não se parecesse com outros garotos da mesma idade, sendo chamado de “aberração”. Como forma de “exorcizar estes demônios internos”, acabou compondo faixas intensas e de desabafo que acabaram fazendo parte, principalmente, dos dois primeiros álbuns. O próprio nome do álbum não foi escolhido à toa (Freak é aberração em inglês).
O álbum Freak Show (1997) é pesado, denso e intenso, traz à tona pensamentos de alguém que precisa desabafar sobre seus sentimentos obscuros provocados por suas revoltas. Confira abaixo a tracklist do trabalho.
Silverchair – Frak Show (1997)
01. Slave
02. Freak
03. Abuse Me
04. Lie to Me
05. No Association
06. Cemetery
07. The Door
08. Pop Song for Us Rejects
09. Learn to Hate
10. Petrol & Chlorine
11. Roses
12. Nobody Came
13. The Closing
As duas faixas que abrem o álbum já chegam com tudo para dizer sobre o que o trabalho irá falar e como será o recado. As faixas Slave e Freak são bem intensas, pesadas e com bons riff’s de guitarra guiando as nuances das músicas.
Sem dúvidas, caso você ame o Rock Alternativo, você precisa conhecer o álbum Freak Show (1997) com suas intensidades e desabafos, procurando um alívio e um refúgio nessa luta cotidiana que todos enfrentamos.
Depois dos anos 80 com seus glamoures falsos, o Rock Alternativo deu as cartas no início dos anos 90 com o Grunge falando de seus problemas psicológicos, de solidão, de depressão, angústia, drogas e tristeza. O Post Grunge pegou carona nesta ideia e seguiu usando o mesmo estilo e desabafo, colocando angústia e verdade em cada verso.
Depois disso, outros estilos acabaram dominando o mainstream e muitas bandas colocaram angústias falsas porque viram sua fórmula dando certo rumo ao sucesso. Várias destas bandas que fizeram grande sucesso nos anos 2000 mal são lembradas hoje em dia, talvez por esse sentimento plastificado que não levava verdade e não era intenso o suficiente para tal.
Silverchair já é diferente: muitos conhecem a banda pelas suas baladas e não foram a fundo em sua essência para captar tudo o que a banda tinha a dizer. Caso goste de um trabalho criativo e intenso, ouça este álbum porque a banda poderá surpreendê-lo.
Todas as faixas do álbum são boas, mas destacarei minhas preferidas: Slave, Freak, Lie to Me e No Association.
Então escolha seu melhor fone, escolha sua plataforma de streaming preferida e aproveite este tempo de crise social para ouvir bons trabalhos musicais. A dica de hoje foi Freak Show (1997), mas todo dia teremos novas dicas aqui com um breve resumo e breve opinião minha sobre o trabalho. Espero que a dica seja interessante e que usem este tempo difícil a seu favor, cuidando-se e cuidando das pessoas ao redor; mas sem deixar de conhecer ótimos trabalhos musicais que talvez você não teve tempo para ouvir.
Ouviu o trabalho? Deixe seu comentário abaixo, vamos conversar sobre. Caso vá ouvir após ler a matéria, volte para dizer o que achou e se a dica valeu a pena.
Fique ligado porque em breve tem mais! Sucesso e se cuidem, porque tempos melhores virão!