Em 25 de fevereiro de 1992, era lançado um álbum que se tornaria indispensável na coleção de qualquer headbanger dos anos 1990 e que também ajudaria a mudar a vida deste redator que vos escreve: sim, caro leitor, “Vulgar Display of Power” foi um dos meus primeiros contatos com o Heavy Metal e eu me sinto privilegiado de ser apresentado a esse discão, com quem eu tenho uma relação até os dias atuais.
Após a entrada de Phil Anselmo no já longínquo ano de 1986, a banda foi progressivamente moldando seu som e “Cowboys From Hell“, de 1990, é considerado por muitos o melhor álbum da banda, porém, o som ainda estava em processo de desenvolvimento para o que podemos chamar de Groove Metal ou, como eu prefiro, Thrash Metal noventista.
E foi com a responsabilidade de fazer um som ainda mais poderoso que em “Cowboys” que a banda entrou no “Pantego Sound Studio“, no Texas, acompanhada do produtor Terry Date e saiu de lá com esse discão. Vamos então destrinchar faixa por faixa deste discaço.
“Mouth for War” é a música que abre e é um senhor petardo. Tudo aqui nela é perfeito, desde a introdução, o groove nas estrofes e a parte final, virando um “thrashão” para ninguém colocar defeito.
“A New Level” chega com sua intro mais arrastadona e do nada ela vira outro Thrash maravilhoso, com os caras quebrando tudo. A música é tão sensacional que até Madonna já fez um cover dela ao vivo.
“Walk” chega com seu groove, peso e o refrão grudento: Não tem como você escutar essa música e não sair cantarolando “Re-spect/walk/what did you say?/Re-spect/walk/are you talking to me?”
“Fucking Hostile” chega curta e grossa, bem rápida e agressiva. Impressionante como uma banda consegue fazer um disco em que a atenção do ouvinte fica ali presa, pois é uma música melhor do que a outra.
Ai os caras resolvem dar um tempo aos nossos pescoços, com “This Love“. Não podemos chamá-la de balada, mas é uma música, digamos, mais calma, pelo menos até o seu refrão. E o que dizer do riff da parte final? Um dos pontos altos da carreira de Dimebag Darrell. Destaque também para a participação de Anselmo nesta faixa, alternando vocais limpos e guturais.
“Rise” chega como a faixa mais rápida do disco, porém, com breves mudanças no seu andamento durante as estrofes. Estamos na música número seis e até agora o PANTERA está com 100% de aproveitamento.
“No Good (Attack the Radical)” chega mais grooveada, pesada, sombria. Não é ruim, mas entre todas é a que eu curto menos, mas não sou herege a ponto de pular esta faixa.
“Living in a Hole” é linda, do início ao fim, desde o seu riff cavernoso na intro, passando por suas mudanças de andamento, com Anselmo mudando suas linhas vocais, tal como fizera em “This Love“. Por algum tempo, esta música foi o toque do meu celular.
“Regular People (Conceit)” é outro hino deste disco. Sua intro mais demorada nos faz imaginar que será uma faixa instrumental, mas ela cresce e desafia o pescoço já abalado depois de tantos petardos. A pegada groove de Vinnie Paul é simplesmente fantástica por aqui.
“By Demons, Be Driven” chega também de forma pomposa: pesada, sombria, arrebatadora, com Anselmo gritando o título da música no refrão. Lembro me de que quando assisti a um show do SEPULTURA em 1996, o roadie passou o som da guitarra tocando o riff da introdução, que não é nada mais que estupendo.
Daí você pensa que “Hollow” vai ser apenas uma musiquinha bonitinha que encerrará um disco que foi agressivo do início ao fim, só que o engano é geral: na parte final, os caras resolvem colocar peso e agressividade e essa bipolaridade na música caiu muito bem. E assim, “Vulgar Display of Power” termina do mesmo jeito que começou: poderoso, pesado, um verdadeiro petardo.
O título do álbum foi retirado de uma frase do filme “O Exorcista“, quando o padre Damien sugere que Regan MacNell rompa suas amarras usando sua força maligna, no que é respondido por Regan: “That’s much too vulgar display of power”. Há também a história da capa de que um morador de rua teria sido contratado para levar murros em troca de dez dólares, porém, o fotógrafo da capa, Brad Guice, disse ao site “Loudwire” que um modelo foi contratado e o soco foi uma simulação. Mas a foto é perfeita e mostra bem o que o som dos caras nos faz sentir, como se tivéssemos levado diversos socos.
Sobre a minha relação com este disco, foi um dos marcos na minha entrada no Metal. O primeiro disco do estilo que eu escutei foi o “Chaos A.D.“, do SEPULTURA. E lembro que em 1995, quando eu estava no 7º ano do ensino fundamental, eu conheci um brother, e em um dia que não tivemos aula, ele juntou uma turma e levou todos no seu apartamento, onde “Vulgar Display” foi a trilha sonora. Pedi aquele disco emprestado e nunca mais o devolvi, pois o rapaz se mudou, trocou de escola e eu acabei ganhando, indiretamente, um presentaço.
Enfim, um disco que beira a perfeição. A única ressalva que eu faço sobre ele é na questão da mixagem, onde o som poderia ter ficado mais robusto. E eles consertariam isso no disco posterior, “Far Beyond Driven“. Mas isso não é nada que tire o brilho do álbum que se aproxima de seus 30 anos e nos deixa com muitas saudades. Sempre que coloco essa bolacha para rolar, eu me lembro dos tempos de escola, da “falta de responsabilidade”, passa um filme na minha cabeça. E saudosista de carteirinha que sou, adoro colocar essa bolacha para rodar e relembrar o passado, pois o dito popular já diz que “recordar é viver”.
Vulgar Display of Power – Pantera
Data de lançamento: 25/02/1992
Gravadora: Atco Records
Tracklisting:
01 – Mouth for War
02 – A New Level
03 – Walk
04 – Fucking Hostile
05 – This Love
06 – Rise
07 – No Good (Attack the Radical)
08 – Living in a Hole
09 – Regular People (Conceit)
10 – By Demons, Be Driven
11 – Hollow
Lineup:
Phil Anselmo – Vocal
Dimebag Darrell – Guitarra
Rex Brown – Baixo
Vinnie Paul – Bateria