Pouco mais de 1 ano após a estreia avassaladora, com o clássico The Ultra-Violence (87), os moleques do Death Angel (sim, moleques, pois em 88 o mais velho tinha 20 anos e o mais novo, 16) trataram de enfrentar o tão temido desafio do segundo álbum. Nesse ponto, podiam ter optado pelo caminho mais simples e basicamente repetir o que haviam feito no debut – convenhamos, ninguém reclamaria disso –, mas suas mentes inquietas e a criatividade em alta não permitiu tal opção. Dessa forma, resolveram ousar e mudanças foram executadas em seu som. E antes que alguém venha a julgar tal decisão, não custa lembrar que gigantes do Thrash, como Slayer e Metallica, também mudaram sua sonoridade nesse mesmo período.
Em Frolic Through the Park, aquela fúria observada na estreia continuava presente, mas agora acompanhada de uma dose maior de técnica e complexidade. Se por um lado, isso apavorou os puristas do estilo, por outro, ajudou no surgimento daquele Thrash mais técnico, mais progressivo, que muitas bandas vieram a apresentar posteriormente. Em resumo, é um álbum que lançou tendência. Os vocais de Mark Osegueda surgem mais bem trabalhados, enquanto as guitarras de Rob Cavestany e Gus Pepa, apesar de em muitos momentos entregarem ao ouvinte aqueles riffs rápidos e violentos que remetem diretamente a The Ultra-Violence, não tem medo de desacelerar em diversas passagens. A parte rítmica, com Dennis Pepa (baixo) e Andy Galeon (bateria), abusa da técnica e do peso, e brilha com boas mudanças rítmicas, sendo responsável pela dose de complexidade maior aqui presente.
A versão em CD conta com 11 canções – a faixa “Devil’s Metal” não saiu nas versões em cassete e vinil –, onde observamos uma banda que apesar da juventude de seus integrantes, não tem medo de ousar. A sequência de abertura é ótima, com a intensa “3rd Floor”, a rápida e pesada “Road Mutants”, e “Why You Do This”, com toques de Crossover nos riffs. Nessas duas últimas, ainda é possível observarmos algo de Voi Vod aqui e ali, nas guitarras e vocais. “Bored”, que ganhou um vídeo, tem seus amantes e detratores, dado o clima mais descontraído, a boa técnica e o groove presente. A agressiva “Devil’s Metal” tem boas mudanças rítmicas, além de melodias agradáveis, sendo seguida pela arrastada “Confused” e seu ótimo trabalho de guitarras.
“Guilty of Innocence” com seus riffs fortes e intensos, vai agradar em cheio os amantes do trabalho de estreia da banda, enquanto a experimental “Open Up” vai levantar discussões, com sua mescla de Thrash, vocais puxados para o NYHC, guitarras que remetem em alguns momentos a Hendrix, e groove que pode fazer o ouvinte se recordar do Faith no More. Já a violenta “Shores of Sin”, consegue equilibrar muito bem o Thrash marcante da banda com suas influências progressivas. Encerrando, temos um cover correto para “Cold Gin”, do Kiss, e a vigorosa e técnica “Mind Rape”, com suas boas mudanças de ritmo.
Para alguns, Frolic Through the Park é uma grande decepção, para outros, um álbum criativo e ousado, de uma banda que não teve medo de ir além dos limites que eram impostos aos Thrash Metal nos anos 80. Não nego, faço parte do segundo grupo. Mesclando técnica, fúria e boas melodias, não só esbanjou criatividade, como preparou o terreno para outro trabalho clássico do Death Angel, Act III (90). Aos amantes de cinema, dois fatos curiosos: a faixa “Bored” fez parte da trilha sonora do filme Leatherface – O Massacre da Serra Elétrica 3, enquanto o título de “Why You Do This”, segundo Osegueda, foi tirado de uma fala do filme O Exorcista.

Data de lançamento: 25 de julho de 1988
Gravadora: Enigma
Tracklist:
01. 3rd Floor
02. Road Mutants
03. Why You Do This
04. Bored
05. Devil’s Metal
06. Confused
07. Guilty of Innocence
08. Open Up
09. Shores of Sin
10. Cold Gin (KISS cover)
11. Mind Rape
Formação:
– Mark Osegueda (vocal)
– Rob Cavestany (guitarra)
– Gus Pepa (guitarra)
– Dennis Pepa (baixo)
– Andy Galeon (bateria)