Em 13 de dezembro de 2001, o mundo do Metal extremo ficaria órfão de uma de suas figuras mais icônicas: Chuck Schuldiner, o fundador do DEATH, também chamado por muitos como o pai do Death Metal.
Ele, que travava uma luta intensa contra um câncer no cérebro, cuja primeira cirurgia havia sido um sucesso e o tumor retirado naquela ocasião. Porém, algum tempo depois, o tumor voltou e nosso homenageado acabou vencido por uma pneumonia, enquanto fazia tratamento e acabou não resistindo.
Charles Michael Schuldiner nasceu em 13 de maio de 1967, em Long Island. Filho caçula, tinha dois irmãos e a família se mudou para a Flórida, que hoje é um celeiro das bandas de Death Metal dos Estados Unidos. Seu irmão Frank sofreu um acidente fatal quando tinha 16 anos e os pais presentearam Chuck com um violão como forma de confortar o garoto e o colocaram para fazer aulas de violão clássico. Ele não gostou muito e desistiu do instrumento. Então os pais lhe deram uma guitarra e um amplificador, mudando a história da vida do jovem Chuck.
Ele bebeu na fonte da NWOBHM, além de ser fã de bandas como KISS, SLAYER, POSSESSED e METALLICA, influências que ele adicionou em sua banda, que seria formada em 1983. Ainda com o nome de MANTAS, e posteriormente seria alterada para DEATH, antes mesmo do lançamento do debut, “Scream Bloody Gore“, de 1987.
Conhecido por ser um cara linha dura e perfeccionista, abriu mão de ter uma banda fixa a partir do terceiro álbum, “Spiritual Healing“. A partir de então, ele trabalharia com músicos contratados.
Dono de uma técnica absurda nas seis cordas, ele além de ser considerado o pioneiro no Death Metal, certamente é também pioneiro em acrescentar em suas composições elementos técnicos, fazendo com que sua música fosse extremamente complexa, com riffs intrincados.
Com o DEATH, lançou sete álbuns de estúdio, todos eles bem acima da média, capazes de agradar tanto ao fã mais old-school quanto o fã de música mais trabalhada. Em 1996, durante uma turnê conjunta com o NEVERMORE, Chuck ficou amigo de uma outra figura que também morreria neste 13 de dezembro, só que 16 anos depois: Warrel Dane. Os caras ficaram tão amigos, que Chuck convidou Dane para gravar os vocais de seu novo projeto, o CONTROL DENIED, no ano de 1999. Porém, na ocasião, o NEVERMORE estava crescendo bastante na cena e seu frontman precisou declinar do convite. Uma pena. Pois se o único álbum do CONTROL DENIED é fantástico, imagine você, caro leitor, como ficaria ainda mais letal se tivesse Warrel Dane cantando ali. Seria o CONTROL DENIED o último registro oficial do mestre Chuck.
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Eu conheci o trabalho do nosso homenageado quando fui apresentado ao último disco do DEATH, “The Sound of Perseverance“. Me impressionei com os riffs da faixa de abertura, “Scavenger of Human Sorrow” e a partir daí eu fui buscar material da banda. Confesso que sou fã mediano do DEATH, e assim tenho o maior respeito pela banda e considero Chuck como um dos melhores guitarristas de metal de todos os tempos.
Chuck era uma figura tão querida que quando precisou ser submetido a cirurgia para retirada do primeiro tumor, houve uma mobilização por parte dos fãs do mundo inteiro. E lembro-me que na ocasião, eu era leitor de revista “Rock Brigade” e esta entrou na campanha, divulgando a causa nobre.
Ele não era de família rica e sua banda não lhe deu tanto dinheiro assim. Mais uma prova do que ele fazia o que fazia por puro amor ao Heavy Metal, isso por si só é digno de aplausos. O tempo voa e parece que foi ontem que Chuck estava por aí destilando sua técnica tocando com o DEATH. Mas o câncer é uma doença maldita e não escolhe quem vai ser o afetado. Alguns conseguem se livrar e estendem suas vidas, mas nosso herói não resistiu ao segundo round e nos deixou de forma tão precoce, aos 34 anos. Tinha ainda um futuro brilhante pela frente. Hoje teria 52 e com certeza ainda muito material de altíssima qualidade para nos apresentar.
Sua mãe faz um trabalho maravilhoso, ajudando a manter vivo o legado de Chuck. E responde a todos os fãs que entram em contato. Sua irmã Bethann cuida dos discos e das gravações deixadas por ele. E seu sobrinho, Cristopher também toca guitarra, utiliza inclusive as guitarras que o tio tocava, exceção feita ao primeiro instrumento de Chuck, do qual falamos no terceiro parágrafo. O legado desta lenda está aí. Como eu costumo dizer sempre: lendas não morrem.