Contexto Histórico:
O dia 8 de março foi adotado como o dia internacional da mulher. Para isso, precisamos voltar no tempo: em 1917, o mundo vivia os últimos momentos da Primeira Guerra Mundial e na Rússia imperial, aconteceu uma passeata de mulheres em protesto contra o desemprego, a carestia, e a deterioração da geral das condições de vida no país. Os operários metalúrgicos se juntaram à manifestação, o que acabou culminando com a Revolução Russa.
Nos anos que se seguiram, a data passou a ser comemorada pelo movimento socialista na Rússia e em países do bloco soviético, mas somente em 1975, o 8 de março foi instituído internacionalmente pelas Nações Unidas como o dia internacional da mulher e é comemorada em mais de 100 países.
As mulheres e o Rock:
Em uma sociedade extremamente machista, se faz necessária uma bandeira que levante os direitos da mulher. No Rock e no Heavy Metal, a mulher que teve pouco espaço no passado, hoje é aceita e a presença feminina na cena, seja em cima do palco ou nos shows, é muito bem-vinda.
Nos anos 1960, tínhamos JANIS JOPLIN, mesmo que com uma curta e meteórica carreira, representou muito bem as mulheres. Nos anos 1970 tivemos o BLONDIE, o THE RUNAWAYS e o GIRLSCHOOL dando sequência a esse legado. Na década de 1980, tivemos o L7, a diva Doro Pesch, que começou sua carreira com o WARLOCK em 1982 e em 1989 partiu em voo solo, mas foi a partir dos anos 1990 que as mulheres chegaram de vez.
Na década de 1990, o boom das mulheres na cena se deu com maior intensidade. Algumas bandas sendo 100% delas, como as canadenses do KITTIE, também o HOLE (que à exceção do guitarrista, as demais integrantes eram mulheres) e outras bandas contando com uma mulher em alguma função, como a baixista D’arcy (SMASHING PUMPKINS), a vocalista Cristina Scabbia (LACUNA COIL), Beth Liebling (a ex-sra. Vedder), baixista do HOVERCRAFT, a musa Tarja Turunen, que explodiu com o NIGHTWISH, Floor Jansen (AFTER FOREVER e atual NIGHTWISH), Vibeke Stene (TRISTANIA), Anneke Van Giersbergen (THE GATHERING), entre outras.
Nos anos 2000, talvez o maior nome feminino da cena atenda pelo nome da Angela Gossow, que brilhou no ARCH ENEMY entre os anos de 2000 e 2014, saindo para se tornar a empresária da banda e dando lugar a igualmente competente Alissa White-Gluz. Podemos citar também a vocalista do JINJER, a ucraniana Tatiana Shmailyuk.
No Brasil…
Não nos esquecemos da roqueiras de nossas terras tupiniquins e por isso dedicamos um espaço exclusivo para elas. E o começo das mulheres no Rock se deu com os MUTANTES, de Rita Lee, ainda nos anos 1960. Na década de 1970, os NOVOS BAIANOS, de Baby do Brasil inseriu o Rock entre a sua salada musical.
Nos anos 1980, tivemos Marina Lima, que flertava com o Rock, além do METRÔ, banda de New Wave, que tinha em Virgine Boutand a sua vocalista. Também podemos citar o KID ABELHA, que se não era exatamente uma banda de Rock propriamente dita, tinha em Paula Toller, a imagem da mulher representada. E na vertente mais pesada, podemos citar as meninas da VOLKANA.
Nos anos 1990, acompanhando a tendência internacional, as brasileiras se arriscaram a mergulhar de cabeça no Rock e aí tivemos as brasilienses da VALHALLA, a talentosa Dani Nolden (SHADOWSIDE), a saudosa Cherry Taketani (OKOTÔ, NERVOCHAOS).
Anos 2000 e as mulheres brasileiras estão cada vez mais inseridas no Rock. e podemos citar as cariocas MELYRA e INDISCIPLINE; de Natal, chega o FAR FROM ALASKA, das meninas Emmily Barreto (que gravou uma participação no novo álbum do SEPULTURA, “Quadra“) e Cris Botarelli; as pernambucanas do VOCÍFERA, as goianienses da banda de Death Metal A MENTIRA OCULTA, a bela e talentosa Mayara “May” Undead, do TORTURE SQUAD, entre tantas.
O nome mais expoente é o das meninas da NERVOSA, que será a primeira banda inteiramente feminina a se apresentar no lendário “Wacken Open Air” deste ano. Além de praticar um som honesto, elas são politizadas e por isso um tanto quanto ridicularizadas por uma parcela dos Headbangers que insistem em desfazer do som delas por puro machismo, conservadorismo e o mais grave, a defesa das ideias autoritárias do atual presidente da república. Mas elas seguem firme, fazendo história e enchendo de orgulho aqueles que amam o som pesado.
Mas esse texto não é apenas para falar das mulheres que fizeram história em cima dos palcos. Podemos exemplificar as que atuam por trás, como as empresárias Glória Cavalera, que com seu know-how, ajudou o SEPULTURA a se tornar a maior banda brasileira de Heavy Metal ou Sharon Osbourne. Falem o que quiser dela, mas o que ela fez e faz pela carreira do marido, Ozzy é de extrema importância.
E você, cara leitora, sim, é alvo deste texto também. Você ajuda a cena, comparecendo aos shows, comprando discos, lendo nossos conteúdos na ROADIE METAL, A VOZ DO ROCK. Então, como as citadas neste texto, sinta-se também homenageada neste 8 de março. Que suas presenças fortaleçam ainda mais e que tenhamos uma sociedade mais justa, com direitos iguais. Vocês merecem nosso respeito todos os dias.