Devido ao momento que estamos atravessando, eu, Helton Grunge, decidi criar este quadro de matérias chamado 40 de Quarentena. O quadro consiste em 40 dicas de álbuns para se ouvir durante essa crise de saúde que estamos enfrentando no mundo. Uma vez que tudo está limitado e que temos que ficar o máximo possível em casa, vou sugerir 40 álbuns muito bons para que você ouça e lhe ajude a passar por este tempo de crise.
A ideia é fugir das obviedades e falar de bandas que merecem ter seu trabalho em álbum conhecido, tal sua qualidade. Não preciso aqui “chover no molhado” e apresentar álbuns clássicos, até porque sua importância na música já é clara e certamente influenciou vários trabalhos. Os álbuns não necessariamente serão da cena underground, muitas vezes serão também de bandas que já se ouviu falar, mas não se ouviu um trabalho completo dela: vale a pena conferir a matéria e conhecer os trabalhos.
O álbum de hoje é Pearl Jam (2006), álbum homônimo da banda que é ícone do Grunge.
Este é um trabalho da banda que demorei para ir atrás e conhecer. Aliás, deixo uma dica: não é só porque algum amigo ou alguém influente no meio da música diz que um trabalho não é bom que isto realmente será verdade para você; muitas vezes a pessoa não se identifica com a obra ou a mesma não mexeu com a pessoa naquele momento, mas no futuro pode ser que a pessoa passe a gostar. Falo isto pois vivi a mesma coisa com esta banda: ao perceber que muitas pessoas relevantes para minha bagagem musical diziam que os trabalhos da banda eram fracos depois dos três primeiros discos, eu acreditei e não fui atrás. Depois de muito tempo resolvi tirar minhas próprias conclusões: hoje este álbum é meu segundo trabalho preferido da banda, ficando atrás apenas do Ten (1991).
Pearl Jam é uma banda de Grunge formada em Seattle em 1990. A banda é um dos maiores expoentes da cena underground do final do anos 80 e início dos anos 90 e segue em atividade e lançando trabalhos novos e inéditos até os dias atuais. A história do Pearl Jam só foi permitida ser escrita com o fim de algumas bandas anteriores e após uma grande tragédia ocorrida na cidade em 1990.
Tudo começa quando Jeff Ament e Stone Gossard fazem parte de uma banda de Rock Alternativo também de Seattle chamada Green River. Além dos dois citados, a banda contava com Mark Arm nos vocais, Steve Turner na guitarra e Alex Vincent na bateria. Porém Ament e Gossard não estavam satisfeitos com os rumos que a banda estava tomando, tanto na gestão carreira como na própria sonoridade. Em 1987 o clima tornou-se insustentável e a banda decidiu separar-se: Stone Gossard e Jeff Ament formaram o Mother Love Bone enquanto Mark Arm e Steve Turner formaram o Mudhoney.
O Mother Love Bone foi formado quando o vocalista e baixista Andrew Wood percebeu que a banda Green River havia encerrado suas atividades. O músico era fã do trabalho de Gossard e Ament e decidiu que iria fazer uma banda com eles. Na época, Wood era baixista e vocalista de uma banda chamada Malfunkshun, mas não quis perder a oportunidade de tocar com os dois amigos e deixou sua antiga banda para dedicar-se ao novo projeto.
A banda Mother Love Bone chegou a lançar um EP chamado Shine (1989) e estava prestes a lançar seu primeiro álbum, o Apple (1990) quando os integrantes receberam a notícia que Andrew Wood havia sofrido uma overdose de heroína e estava morto. O lançamento do trabalho foi adiado por um tempo.
Muitos diziam que seria a próxima banda a figurar entre as maiores do país, tal era seu talento, sua qualidade, entrosamento e tudo isso, principalmente, por causa da criatividade e carisma de Wood.
Wood era muito amigo de Chris Cornell, líder e vocalista do Soundgarden. Cornell decidiu criar uma super banda para gravar um disco em homenagem ao amigo que morreu: o nome do projeto era Temple of the Dog e contou com participações da banda que viria a ser o Pearl Jam junto de integrantes do Soundgarden.
Jeff Ament e Stone Gossard se juntaram a um amigo guitarrista chamado Mike McCready e começaram a compor. Eles foram percebendo que o trabalho estava ficando interessante, todavia havia faltava uma voz para o projeto. Jack Irons, baterista original do Red Hot Chili Peppers, indicou um amigo da Califórnia que poderia se encaixar no que os amigos estavam procurando. Este amigo era Eddie Vedder.
Ament, Gossard e McCready enviaram fitas com as composições instrumentais para Eddie Vedder criar letras e melodias vocais nelas. O vocalista escutou as faixas com muita atenção e foi surfar, um hobby que gostava muito. Naquele mesmo dia surgiram letras de três faixas da banda.
Assim teve início uma das mais bem sucedidas bandas de Grunge dos anos 90: o Pearl Jam. Os arranjos dos músicos somados à voz inconfundível de Eddie Vedder foram os ingredientes necessários para cativar uma legião de jovens que procuravam uma sonoridade que os representasse. Assim como outras bandas da cena como Nirvana, Soundgarden e Alice in Chains, o Pearl Jam transmitia para os jovens tudo o que os mesmos enfrentavam em seu cotidiano, fazendo com que a aceitação fosse instantânea e a banda vendesse muito já no primeiro álbum, o Ten (1991).
A banda acabou fazendo um videoclipe bem polêmico para uma faixa tão polêmica quanto já no primeiro disco: o nome da faixa é Jeremy e conta a história de um garoto de família rica que tinha conforto no lar, uma boa casa, estudava em uma boa escola, mas que sofria bullying de seus colegas e não recebia atenção dos pais em casa. Este garoto, no videoclipe, dá vários sinais de que algo estava errado, mas ninguém havia prestado atenção; um dia ele entrou na sala de aula e, diante de seus colegas, deu um tiro em si mesmo e morreu. A faixa foi baseada em fatos reais que Eddie Vedder leu em um jornal.
Mas depois deste videoclipe a banda decidiu que não iria mais fazer outros durante um tempo. Decidiram também que não lançariam singles de seus trabalhos antes dos álbuns e que iriam fazer turnês em locais menores para poderem ter controle maior do preço dos ingressos. Sendo assim, o Pearl Jam comprou briga com um cenário fonográfico e uma mídia poderosa que poderia fazer com que a banda caísse no ostracismo. Porém os discos seguiram vendendo bem e a banda seguiu fazendo shows pelo país e pelo mundo divulgando seus trabalhos.
Com o passar dos discos, a banda foi experimento sonoridades distintas e novas formas de compor. Já no Vs. (1993), o segundo disco da banda, a sonoridade apresentada já é bem diferente do primeiro trabalho. Aqui as guitarras soam mais cruas e mais diretas, sem os riffs característicos que apareceram em grandes hits do primeiro álbum. Nos trabalhos seguintes a sonoridade da banda se alterou algumas vezes, tendo nuances distintas.
Ao chegar em 2006, a banda decidiu lançar o Pearl Jam (2006), o oitavo álbum de estúdio lançado por eles. Aqui a banda contou com Matt Cameron na bateria, músico que havia tocado no Soundgarden. A parceria do baterista rendeu ótimos trabalhos para o Pearl Jam que explorou uma sonoridade com fortes influências do Hard Rock, assim como havia feito no álbum Vs. (1993) e o Vitalogy (1994)
Conheci o trabalho há pouco tempo e realmente fiquei surpreso com a qualidade das músicas e com a intensidade apresentada pela banda no trabalho. É um álbum que merece ser ouvido pelos amantes do Rock em geral, mas principalmente por aqueles que amam o Grunge, o Rock Alternativo e o Hard Rock.
Eu sou fã de Nirvana desde minha adolescência, conhecendo tudo sobre a banda e estudando mais sobre seus trabalhos desde cedo. Porém com o Pearl Jam eu me limitava a ouvir o Ten (1991); muito por falha minha de não ir atrás, porém as informações que recebi dos discos da banda e o fato de eles, segundo alguns críticos, não serem tão bons assim me ajudaram em minha equivocada decisão de não ir atrás. O Pearl Jam tem bons trabalhos e vale muito a pena serem ouvidos. Na minha opinião, aliás, este disco homônimo é o melhor desde o Ten (1991).
Confira a tracklist de Pearl Jam (2006) abaixo.
01. Life Wasted
02. World Wide Suicide
03. Comatose
04. Severed Hand
05. Marker in the Sand
06. Parachutes
07. Unemployable
08. Big Wave
09. Gone
10. Wasted Reprise
11. Army Reserve
12. Come Back
13. Inside Job
Chegou aquela hora de indicar minhas faixas preferidas do disco. É sempre bom ressaltar que em trabalhos bons como este fica difícil destacar apenas algumas, mas mesmo assim irei destacar. Minhas preferidas são Life Wasted, World Wide Suicide, Big Wave e Inside Job.
Eu sou absurdamente fã do disco Ten (1991), porém atualmente Life Wasted é minha faixa preferida da carreira do Peal Jam: um Hard Rock intenso, cru, direto, com bons arranjos de guitarra e bateria unidos a uma ótima melodia de voz cantada por Eddie Veder. Lembrando que a voz do Pearl Jam é uma das mais bonitas e mais intensas da década e, por que não, de todos os tempos.
A faixa World Wide Suicide também é muito boa, começa com uma bateria ritmada que é preenchida por um baixo bem marcante. Aliás é o baixo que marca uma base constante e que leva a música até o fim. Um trabalho com boas nuances, uma boa levada que alterna uma calmaria com intensidade.
Já Big Wave começa com um bom riff feito pela guitarra junto do baixo, riff este que leva a música. As linhas de voz de Vedder são bem intensas, mostrando seus drives em uma região vocal mais aguda do que costuma apresentar na maioria das faixas. Mas o maior destaque fica para o solo de guitarra.
A última escolha é Inside Job, a faixa que encerra o disco. Esta faixa começa bem calma e tranquila, ganhando um pouco mais de intensidade com o passar dos minutos. A voz serena de Vedder aqui transparece uma calmaria que só é quebrada no meio quando a faixa ganha esta intensidade. Mais uma vez devo destacar o solo de guitarra apresentado aqui, sendo ainda mais bem trabalhado que o de Big Wave: bem intenso e marcante para a obra.
O trabalho é muito bem elaborado, muito bem gravado e bem distribuído, apresentando ótimas faixas e apresentando as diversas faces da banda. Com certeza um dos melhores trabalhos da geração que despontou ali no início dos anos 90.
A formação da banda no album contou com Eddie Vedder nos vocais, Matt Cameron na bateria, Jeff Ament no baixo, Mike McCready e Stone Gossard nas guitarras.
Então escolha seu melhor fone, escolha sua plataforma de streaming preferida e aproveite este tempo de crise social para ouvir bons trabalhos musicais. A dica de hoje foi Pearl Jam (2006) da banda de Grunge chamada Pearl Jam, mas sempre teremos novas dicas aqui com um breve resumo e breve opinião minha sobre o trabalho. Espero que a dica seja interessante e que usem este tempo difícil a seu favor, cuidando-se e cuidando das pessoas ao redor; mas sem deixar de conhecer ótimos trabalhos musicais que talvez você não teve tempo para ouvir.
Ouviu o trabalho? Deixe seu comentário abaixo, vamos conversar sobre. Caso vá ouvir após ler a matéria, volte para dizer o que achou e se a dica valeu a pena.