Devido ao momento que estamos atravessando, eu, Helton Grunge, decidi criar este quadro de matérias chamado 40 de Quarentena. O quadro consiste em 40 dicas de álbuns para se ouvir durante essa crise de saúde que estamos enfrentando no mundo. Uma vez que tudo está limitado e que temos que ficar o máximo possível em casa, vou sugerir 40 álbuns muito bons para que você ouça e lhe ajude a passar por este tempo de crise.

A ideia é fugir das obviedades e falar de bandas que merecem ter seu trabalho em álbum conhecido, tal sua qualidade. Não preciso aqui “chover no molhado” e apresentar álbuns clássicos, até porque sua importância na música já é clara e certamente influenciou vários trabalhos. Os álbuns não necessariamente serão da cena underground, muitas vezes serão também de bandas que já se ouviu falar, mas não se ouviu um trabalho completo dela: vale a pena conferir a matéria e conhecer os trabalhos.

O álbum de hoje é Facelift (1990) da banda de Grunge chamada Alice in Chains.

Alice in Chains é uma banda de Grunge formada em Seattle em 1987. Sua sonoridade é intensa, com boas linhas e arranjos de guitarra, além de ótimas melodias sendo cantadas por duas vozes que se completam: a de Layne Staley e a de Jerry Cantrell.

O álbum Facelift (1990) é o álbum completo de estreia da banda (antes haviam lançado um EP chamado We Die Young) e foi lançado antes do Grunge ser notoriamente reconhecido como estilo no mundo todo com o sucesso do Nevermind (1991) do Nirvana. O termo “grunge” foi usado pela primeira vez anos antes por Mark Arm, líder e vocalista do Green River e, em seguida, do Mudhoney; mas até então, o termo era algo mais regional e o Alice in Chains não se definia muito bem dentro de um estilo específico.

De qualquer forma, era um tipo de Rock Alternativo com fortes referências do Heavy Metal, trazendo muito peso, densidade, melancolia e melodia em suas músicas. Já em seu trabalho de estreia a banda emplacou seu maior sucesso, a faixa Man in the Box, a segunda do álbum.

O trabalho da banda trouxe uma sonoridade intensa e angustiante desde sua primeira faixa, afinal começar um disco dizendo “nós morremos jovens” não é para qualquer banda. Na verdade, era um belo cartão de visitas que apresentava uma geração de jovens angustiados e sedentos de alguma saída para suas vidas tristes e para seus vícios. Uma saída que os jovens encontraram foi o ato de fazer música, uma vez que Seattle não oferecia tantos shows grandes para seu público por ficar distante dos grandes centros nacionais. Sem grandes referências locais e regionais, vários jovens se uniram e acabaram formando um movimento onde várias bandas cheias destes jovens angustiados usavam a música para se expressar.

O diferencial do Alice in Chains é o fato de Jerry Cantrel (guitarrista e um dos maiores compositores da banda e da geração do Grunge) ajudar muito Layne Staley nos vocais, fazendo com que a banda tenha dois vocalistas em várias faixas.

A sonoridade da banda chocava-se diretamente com o Hard Rock que estava enraizado na cena do Rock dos anos 80 com suas bandas coloridas, letras sexistas que falavam muito sobre amor. Aquela galera de Seattle falava mais sobre problemas pessoais, sobre depressão, sobre angústia, sobre abuso de drogas e melancolias.

O Alice in Chains passou por momentos turbulentos na carreira por causa do abuso de drogas e da morte de seu vocalista Layne Staley. A banda nunca anunciou que encerraria as atividades, mesmo que muitos acreditassem que não havia futuro sem seu frontman. Mas a banda provou o contrário: chamaram o vocalista e guitarrista William DuVall para fazer parte da banda e Jerry passou a cantar mais, tornando-se o vocalista mais frequente, deixando que DuVall fizesse as partes de Layne nos shows e dividisse as vozes com Jerry nos discos novos que gravaram.

A banda segue em atividade lançando ótimos trabalhos. A criatividade da banda, sua intensidade, sua melancolia e agressividade ainda são constantes nos trabalhos e seguem até os dias atuais: vale a pena conferir.

Confira abaixo a tracklist de Facelift (1990) da banda Alice in Chains.

01. We Die Young
02. Man in the Box
03. Sea of Sorrow
04. Bleed the Freak
05. I Can’t Remember
06. Love, Hate, Love
07. It Ain’t Like That
08. Sunshine
09. Put You Down
10. Confusion
11. I Know Somethin’
12. Real Thing

Apesar de muitos indicarem seu segundo trabalho, o Dirt (1992), como o melhor da banda, eu ainda prefiro o disco de estreia, o Facelift (1990). Aqui a banda soa como undergorund, uma sonoridade bem crua e intensa, indo direto ao assunto e usando suas guitarras distorcidas e suas vozes rasgadas e meio psicodélicas para chamar a atenção e mostrar que tinha um novo trabalho muito bom na área.

Chegou, então, aquele momento onde eu falo sobre as minhas faixas favoritas no trabalho. Este é aquele disco que eu gostaria de ter conhecido antes para ter ouvido por mais tempo, mas que quando ouço hoje em dia, me sinto aquele adolescente pronto para enfrentar os medos do mundo e ter força para todas as guerras da vida jovem. Para mim, o trabalho é irretocável num todo, mas selecionarei apenas quatro faixas que considero mais intensas e que conversam diretamente comigo: We Die Young, Man in the Box, Bleed the Freak e It Ain’t Like That.

Layne Staley sofria de depressão e seus últimos anos foram reclusos, a banda já não fazia shows porque seu vocalista mal saía de casa. Ele era jovem, mas seu constante abuso de drogas e sua completa desilusão para com a vida (principalmente após a morte de sua namorada) eram difíceis de lidar. Sabendo que ele morreu jovem, fica mais fácil entender o sentido da letra da faixa de estreia We Die Young: era como se ele já soubesse, como se até quisesse que isto acontecesse devido à sua profunda angústia e desilusão, além de seu abuso desenfreado de seu corpo. De qualquer forma, a faixa que abre o disco é simplesmente sensacional, intensa, pesada e com uma melodia sensacional: o cartão de visitas perfeito para mostrar ao público o que estava por vir.

Em seguida, a banda já apresentou seu maior sucesso: Man in the Box. Uma introdução marcante que leva praticamente toda a música, um peso intenso junto da combinação das vozes de Layne e Jerry Cantrell faz com que a música seja até hoje lembrada pelos fãs e tocada pelos bares e Pubs de todo o mundo. A letra parece falar da luta de alguém preso dentro de seus próprios problemas, principalmente pelos problemas causados pelas drogas.

A próxima faixa que falarei sobre é Bleed The Freak, talvez minha preferida no disco: começa com um dedilhado tranquilo e vozes melódicas e psicodélicas seguidas de um refrão intenso e rasgado, mostrando a verdadeira face da banda. A letra da música é bem forte e intensa, trazendo à tona questões como sacrifícios a deuses e o fato de sangrar animais para conseguir absolvição, ritual constantemente citado na bíblia. A melodia da música é muito bem trabalhada e cativante e sua mudança repentina de intensidade mostra o que a banda tinha de melhor.

A última faixa que destaquei do álbum foi It Ain’t Like That e é uma faixa bem intensa e marcante também, principalmente pelo seu riff de guitarra da introdução, que acompanha toda a música. A letra aqui soa bem pessoal, como imagens aleatórias que aconteciam na vida de quem narra, chegando a uma situação aguardada. Mais uma vez as vozes de Layne e Jerry se destacam dentro de ótimas melodias.

O disco é um dos meus preferidos na vida e gosto da intensidade de todas as faixas. Para todos que pretendem conhecer mais o trabalho da banda, começar com o Facelift (1990) é uma ótima ideia, assim mostra o quanto a banda já se apresentava madura em seu trabalho de estreia e como seu som era visceral desde o início.

A verdade é que uma banda que possui um guitarrista bem competente e criativo como Jerry junto de uma voz bem intensa como de Layne dificilmente não apresentaria bons trabalhos. As melodias do disco são muito bem trabalhadas e marcantes, sendo muito intensas em todas as faixas. As letras perturbadas da banda no álbum trazem cenas bem diretas e imagens complexas sobre os problemas psicológicos que jovens podem sofrer, buscando uma solução para tudo isso.

A formação do Alice in Chains no disco Facelift (1990) contou com: Layne Staley nos vocais, Jerry Cantrell na guitarra e nos vocais, Mike Starr no baixo e Sean Kinney na bateria.

Então escolha seu melhor fone, escolha sua plataforma de streaming preferida e aproveite este tempo de crise social para ouvir bons trabalhos musicais. A dica de hoje foi Facelift (1990) da banda de Grunge chamada Alice in Chains, mas sempre teremos novas dicas aqui com um breve resumo e breve opinião minha sobre o trabalho. Espero que a dica seja interessante e que usem este tempo difícil a seu favor, cuidando-se e cuidando das pessoas ao redor; mas sem deixar de conhecer ótimos trabalhos musicais que talvez você não teve tempo para ouvir.

Ouviu o trabalho? Deixe seu comentário abaixo, vamos conversar sobre. Caso vá ouvir após ler a matéria, volte para dizer o que achou e se a dica valeu a pena.

Fique ligado porque em breve tem mais! Sucesso e se cuidem, porque tempos melhores virão!

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