Hoje faz quatro anos da realização do festival Metal Open Air na cidade de São Luis no Maranhão.
Já com ingressos e passagens para o mega evento em mãos, me deparei com o primeiro problema quando o diretor da empresa em que eu trabalhava afirmou em voz alta que não liberaria os 5 dias que eu precisava pra viajar ao festival.
Não pensei duas vezes, deixei de lado um cargo de gerente e um salário de 12 vezes o mínimo da época pra viver o sonho de um festival de Metal. Junto com vários amigos saímos da cidade de Marabá rumo á São Luiz na quinta-feira e já tivemos grandes surpresas ao encontrarmos vários ídolos no voo rumo a cidade do Metal.
Já no caminho ficamos sabendo dos primeiros cancelamentos, Shadowside, foi uma das primeiras a pular fora, lembro que na época Dani Nolden, vocalista da banda, afirmou que um dos principais motivos foi a falta de informação. Que a banda não sabia nem que horas se apresentaria. E por isso, cancelou a participação nove dias antes do evento. “Não teve pagamento nenhum. Nenhuma das bandas brasileiras tinha contrato assinado e a produção pediu para omitir isso”, afirmou.
Primeiro dia:
Chegamos cedo e depois de uma fila enorme entramos na área do festival aonde ficava claro que não havia estrutura, segurança e qualidade de local.
Os alojamentos da área de camping eram precários e principalmente sem segurança, durante o festival foi comum ouvir reclamações de pertences desaparecidos, pouco tempo antes, ainda no hotel, recebemos a noticia que o Venom teve seus vistos enviados para a África por engano, tornando impossível sua participação no festival.
Mas o primeiro dia foi muito bom, começou com muito atraso mas os shows que vieram em sequência foram de matar qualquer headbanger do coração. Exciter, Anvil, Shaman, Almah, Orphaned Land, Destruction, Exodus, Symphony X e Megadeth fizeram shows históricos pra um festival lotado.
A aréa vip até que funcionou no primeiro dia mas era na lateral dos palcos portanto apesar de pagar bem mais caro optei pela pista normal.
Segundo dia:
Chegamos mais tarde dessa vez, durante a madrugada e o inicio da manhã só se falava em cancelamento, alguns dos parceiros que estavam com a gente resolveram ir embora de ônibus, e outros abandonavam o camping em busca de melhores acomodações.
Mas foi quando entramos no local que vimos que todo o equipamento estava sendo retirado, muitos cobraram satisfação. Um membro da organização chamado Marcelo, pegou o microfone, esclareceu os cancelamentos e listou as bandas que viriam ainda tocar naquele dia. Falou de um pacto com o pessoal e que tudo iria acontecer, precisando apenas de 3 horas para colocar a o palco em ordem e iniciar os shows do dia.
Não foi o que aconteceu, com sete horas de atraso e no clima de cancelamento a banda local Ácido entrou no palco por volta das 18hs , depois foi a vez de Dark Avenger, Legion of the Damned e, aquele que ficaria marcado na minha vida, como o melhor show de Metal de todos os tempos, os veteranos do metal brasileiro do Korzus, que encerraram o evento pouco após a meia-noite e disseram estar representando todas as bandas “irmãs” que não puderam se apresentar no festival.
Ali se encerava o festival, fornecedores não foram pagos e desmontaram tudo, quem estava no camping foi abandonado, o aeroporto de São Luis virou refugio, pra quem ainda tinha que aguardar dias pra viajar. O festival virou assunto da mídia, todos os grandes canais deram cobertura.
Algumas coisa valeram a pena, amigos (como eu queria encontrar de novo esse parceiro com a camisa do Black Sabbath, na foto abaixo), cerveja gelada, contatos com as bandas, os shows. Mas fomos enganados, roubados e humilhados. Como é de praxe nessa país tudo acabou em pizza, e o pior de tudo foi voltar pra casa e encarar o fato de está desempregado, minha vida mudou muito a partir dali, demorou pra que eu conseguisse voltar a me colocar no mercado, fali, por uma decisão de ir no Metal Open Air, enfim fui, vi e sobrevivi.