Uma viagem ao mesmo tempo etérea e assustadora. Lento, pesado e assombroso. Fantasmagórico. Faltam adjetivos para se descrever o debut do Cathedral, Forest Of Equilibrium, considerado um clássico-mor do Doom Metal.
Depois de ser um membro bastante atuante da cena Punk Rock britânica e de integrar a banda Napalm Death, Lee Dorian se viu cansado da cena Punk e também desgostoso com o rumo que a sonoridade dos pioneiros do Grindcore estava tomando. Lee conhecera o músico Mark Griffiths, que no fim dos anos 80 trabalhava como roadie para o Carcass, e de repente os dois encontraram uma atração em comum: a sonoridade lenta e densa de bandas como Pentagram, Saint Vitus, Black Sabbath e Candlemass. Logo, decidiram fundar uma banda nos mesmos moldes. Nascia então o Cathedral, em 1989. Com a adição dos membros Adam Lehan (guitarras), Gaz Jennings (guitarras) e Mike Smail (bateria), a formação completada por Lee Dorian (vocais) e Mark Griffiths (baixo) registrou e lançou em 1991 Forest Of Equilibrium, via Earache Records.

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Eis que toda a aura sorumbática do Doom Metal que já existia se potencializou com a habilidade de Lee Dorian em criar efeitos perturbadores nas músicas, além de seus vocais graves que mais parecem agouros demoníacos. As afinações baixas da seção de cordas e os riffs lentos e agonizantes ajudam a emular a atmosfera macabra. Sem contar o ritmo bastante lento quase que o tempo todo imposto pela bateria, onde o intervalo entre as batidas na caixa mais parece sem fim. A intenção do álbum é mesmo levar o ouvinte para dentro de uma floresta, daquelas escuras e densas, onde o que menos se espera é equilíbrio.
Musicalmente falando, Forest Of Equilibrium já começa entregando uma influência que seria trabalhada mais fortemente em álbuns seguintes: a do Rock Progressivo. Uma bela melodia de violão engana quem pensa que virá uma bela peça, quando entra um riff Doom daqueles de tremer a terra. É assim que começa Picture of Beauty & Innocence (Intro) / Comiserating the Celebration, onze minutos do mais pesado Doom Metal, cheio de movimentos, e que também entrega influências setentistas.

Aquelas puxadas nas cordas das guitarras, típicas em riffs de Doom, aparecem fortemente em Ebony Tears, que é seguida pela viajante Serpent Eve. O Paradise Lost já havia feito algo similar em seu debut de 1990, mas a estreia do Cathedral mostra um som mais bem produzido, mas não menos sujo e impactante. A velocidade e os rastros de um Heavy mais tradicional aparecem em Soul Sacrifice. A Funeral Request representa musicalmente o que seu título sugere em mais de nove minutos. A viagem perturbadora continua em Equilibrium e se encerra com Reaching Happiness, Touching Pain, que apresenta um trabalho de flautas que mais parece coisa do King Crimson, mas que também apresenta uma atmosfera mortal que termina de vez de sacrificar a sanidade mental do concentrado ouvinte.

A alucinante viagem é pavimentada pela arte de capa, que se completa ao se abrir o encarte, exibindo um contraste entre luz e trevas. Segundo o artista Dave Patchett, a arte mostra um herói assexuado nas duas matizes do contraste, em meio a figuras melancólicas.

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Atmosferas tais as que foram sentidas neste trabalho apareceram durante os anos 90 em peças de Type O Negative, My Dying Bride e depois de Woods Of Ypres, dentre outros grupos de Gótico, Doom ou Stoner. Forest Of Equilibrium, devido ao avanço que deu no desenvolvimento do Doom Metal, é um álbum da maior importância dentro do Rock pesado.
Melancolia, por assim dizer, é o que Forest Of Equilibrium transborda. Difícil de ser digerido para iniciados ou para quem não curte as peculiaridades do Doom. Mas este álbum é inebriante e formidável para quem gosta de entrar em negras e obscuras florestas.

Forest Of Equilibrium – Cathedral (Earache Records, 1991)

Tracklist:

01. Picture of Beauty & Innocence (Intro) / Comiserating the Celebration

02. Ebony Tears

03. Serpent Eve

04. Soul Sacrifice

05. A Funeral Request

06. Equilibrium

07. Reaching Happiness, Touching Pain

Line-up:

Lee Dorian – vocais, efeitos

Gaz Jennings – guitarras

Adam Lehan – guitarras, violão

Mark Griffiths – baixo

Mike Smail – bateria

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