Resenha: Benediction – Scriptures (2020)

O Benediction ficou 12 longos anos sem um disco de estúdio novo no mercado e a espera finalmente acabou no último mês de outubro. Com 12 faixas, a lendária banda britânica de death metal, criada em Birmingham, berço do heavy metal, soltou Scriptures, seu oitavo álbum, sucessor de Killing Music, de 2008.

Scriptures também marca o retorno do vocalista Dave Ingram à banda, cargo que ocupou entre 1990 e 1998, gravando clássicos como The Grand Leveller (1991) e Transcend the Rubicon (1993). Os guitarristas Darren Brookes e Peter Rewinsky continuam liderando a banda, agora acompanhados pelo baixista Dan Bate e pelo baterista Gio Durst, ambos ingressados na banda nos últimos dois anos.

O álbum abre com “Iterations of I”, com um riff meio heavy, mas que logo descamba para a tradicional pancadaria, com destaque para a pegada do batera Gio Durst, que impõe um ritmo forte à canção fazendo levadas que ficam às vezes numa linha tênue entre o thrash e o death metal. Tem até um dueto de guitarras gêmeas na parte mais groovada da canção, um show à parte. Uma excelente abertura.

“Scriptures In Scarlet” acelera um pouco o ritmo e “The Crooked Man” e “In Our Hands, the Scars” são exemplos de como a banda está coesa: as guitarras soam bem nos riffs, grooves, solos; o baixo marca presença encorpando o som; a bateria se destaca sem querer se destacar e o vocalista cria linhas vocais perfeitas para cada trecho da canção, seja nos momentos rápidos, seja nos trechos com mais groove.

“Stormcrow” tem um riff pesadíssimo em uma canção mais cadenciada que se destaca pelas mudanças de andamento que criam um clima de empolgação. Uma das melhores do disco. Outro riff poderoso é o de “Progenitors of a New Paradigm”, que tem a participação do vocalista Kam Lee, que foi membro da primeira encarnação do Death (quando ainda se chamava Mantas) e depois do Massacre.

O primeiro single de trabalho foi “Rabid Carnality”, que de fato é um dos destaques do disco. Certeira, com pouco menos de 3 minutos de duração, mas que mostra que os caras estão afiadíssimos. Outros destaques são “Neverwhen” e “Embrace the Kill”, a primeira mais cadenciada e obscura, a segunda mais tradicional e direta.

Usando um jargão popular, posso resumir Scriptures com a expressão “diretoria é diretoria!”. Sendo o Benediction um dos maiores representantes do death metal old school, a banda lançou em 2020 um dos melhores álbuns do ano não só no gênero do qual faz parte, mas no rock pesado de uma maneira geral. O death metal é um dos gêneros que mais sofreu mutações com o passar dos anos com o surgimento de novos subgêneros, alguns muito mais rápidos e brutais, e o Benediction tá aí para provar que aquele death metal old school “de nascença” ainda pode ensinar muita gente a ser brutal.

Nota: 8,5

Benediction – Scriptures
Data de lançamento: 16/10/2020
Gravadora: Nuclear Blast Records

Tracklist:
1. Iterations of I
2. Scriptures in Scarlet
3. The Crooked Man
4. Stormcrow
5. Progenitors of a New Paradigm
6. Rabid Carnality
7. In Our Hands, the Scars
8. Tear off These Wings
9. Embrace the Kill
10. Neverwhen
11. The Blight at the End
12. We Are Legion

Formação:
Dave Ingram – Vocal
Darren Brookes – Guitarra
Peter Rewinsky – Guitarra
Dan Bate – Baixo
Gio Durst – Bateria

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