Desde que iniciou as atividades, Max Cavalera mostrou que não iria rotular o som do Soulfly, e que sempre buscaria inovações e experimentos para incorporar na música de sua nova banda.

Nos primórdios, especialmente com seus primeiros 3 álbuns, “Soulfly” (1998), “Primitive” (2000) e ॐ (2002), a banda flertou com o New Metal, e continuou com sons tribais, algo que já havia feito no Sepultura com relativo sucesso.

Depois da entrada de Marc Rizzo na banda em 2003, vieram “Prophecy” (2004), “Dark Ages” (2005), “Conquer” (2008) e “Omen” (2010), e assim a banda começou a pegar mais leve nas experimentações e o Thrash/Groove Metal começaram a destoar e moldar o som do Soulfly, deixando-a com uma cara mais de Metal que anteriormente. Marc era definitivamente, o grande parceiro que Max precisava para fazer do Soulfly uma banda grande de verdade e com um nome de respeito na exigente safra de fãs que possui.

Soulfly (2012)

Mas com o petardo “Enslaved” (2012), a banda mudou de patamar e entrou de cabeça, no rol de mitos da música extrema pesada. O baixista Tony Campos e o baterista do Borknagar, David Kinkade, completaram o lineup. Kinkade em especial, trouxe essa pegada mais brutal e Death Metal ao som da banda, que unida a voz inconfundível de Max, fez de “Enslaved” algo único na carreira do Soulfly.

A intro chama-se “Resistance” que funciona como ponte para a clássica “World Scum”. Já nos primeiros segundos, o ouvinte percebe que a cozinha de Campos e Kinkade não está nem um pouco para brincadeira. A levada Thrash/Death/Groove segue firme e forte até “American Steel” que lembra mais o Groove Metal que o Soulfly abraçou durante toda sua carreira. “Treachery” é outra puramente Death Metal, com um lindo solo mais lento e melódico.

“Plata O Plomo” é possivelmente o maior clássico já composto pelo Soulfly. Com Tony Campos em dueto com Max nos vocais, a citação nominal a Pablo Escobar, o famoso chefe do Cartel de Medellin, e com Marc adicionando uma guitarra flamenca, dão a essa faixa o clima perfeito para a brutalidade não só do som, mas como a letra parcialmente cantada em português.

Ainda há “Revengeance”, composta em parceria com o irmão Igor Cavalera e seu filho Zyon Cavalera e 3 faixas bônus, algo comum nos lançamentos da banda. Em “Slave” (uma das faixas extras), há uma nova citação à Zumbi dos Palmares, ou seja, aquele ar tribal das composições apesar de mais escondido, não desapareceu completamente.

Ao menos em suas declarações, Max Cavalera sempre alegou que sua intenção era que sua imagem se desapegasse à do Sepultura, e que ele fosse devidamente reconhecido pelo seu trabalho à frente do Soulfly, que é sua banda principal. Se tivesse feito outros trabalhos com uma linha mais brutal como este aqui, talvez Max teria mais chances de sucesso nesta sua intenção. “Enslaved” é um álbum espetacular, o mais pesado feito pelo lendário frontman brasileiro. Obviamente temos outros grandes álbuns do Soulfly, mas nenhum tão impactante como este. Ouça e comprove!

Soulfly – Enslaved
Data de lançamento: 13 de março de 2012
Gravadora: Roadrunner Records

Tracklist
01 – Resistance
02 – World Scum
03 – Intervention
04 – Gladiator
05 – Legions
06 – American Steel
07 – Redemption of Man by God
08 – Treachery
09 – Plata O Plomo
10 – Chains
11 – Revengeance
12 – Slave (bônus)
13 – Bastard (bônus)
14 – Soulfly VIII (bônus)

Formação
Max Cavalera – vocal, guitarra
Marc Rizzo – guitarra
Tony Campos – baixo
David Kinkade – bateria