Blaze Bayley é um daqueles sujeitos que tem uma história de vida muito rica e complexa. No início dos anos 90, ainda não havia Internet, não havia YouTube, e, portanto, era impossível para o headbanger, conhecer todos os artistas que gostaria de conhecer.
Quando Bruce Dickinson resolveu deixar o Iron Maiden em 1993, a pergunta que não queria calar era: “Quem irá substituir o Metal God?”. De repente, Steve Harris anunciou o desconhecido, e que se encaixa no conceito acima; Blaze Bayley, então vocalista da banda britânica Wolfsbane. O tempo passou, e para uma boa parte dos fãs (no qual eu me encaixo), Blaze fez um bom trabalho, mas é claro, houve uma boa rejeição à sua escolha.
Em 1999, Blaze é dispensado e o retorno de Bruce é anunciado. Ao invés de ficar “de bode”, resolveu lançar-se em carreira solo e aproveitar a fase, já que seu nome havia ficado grande o bastante, e principalmente, levar à tona o que aprendeu e assimilou nos anos em que trabalhou na banda de Steve Harris.
Blaze assinou contrato com uma gravadora de ponta, montou uma banda de respeito, e lançou um dos mais incríveis álbuns de estreia da história do Heavy Metal. “Silicon Messiah” é fantástico do início ao fim. Hinos como “Ghost in the Machine”, a totalmente “Born as a Stranger” e “The Brave” (essa com um dos refrãos mais legais que já ouvi), são apenas uma amostra em pílulas de que Blaze Bayley não estava para brincadeira.
Lançar o sucessor de um álbum desse nível não é tarefa fácil. Felizmente, o lineup foi mantido, inclusive a produção do mestre Andy Sneap, e a banda lançou “Tenth Dimension” em 2002. Se não tem o brilhantismo do seu antecessor, ao menos não fez feio, e Blaze pôde seguir seu caminho. O álbum é conceitual e possui uma temática complexa, falando sobre as ciências conhecidas pela humanidade e a forma como se conectam entre si.

Após uma dispensável intro, “Kill and Destroy” chega com todo o peso e um riff de abertura devastador. “End Dream” é mais arrastada e a faixa título chega na sequência para colocar tudo em seus devidos lugares, e trazer o peso de volta com força total. “Leap of Faith” é a “Futureal” do trabalho, um Heavy Metal puro e direto.
Um grande destaque vai para “Meant to Be” que com uma bela interpretação emotiva de Blaze e o encerramento vem com a longa e cadenciada “Stranger to the Light”, que poderia estar, por exemplo, em um álbum do Black Sabbath. Os riffs de Wray e Slater soam como um tributo à lendária banda de Tony Iommi e cia.
Há ainda uma edição especial, que dentre outros bônus, traz a inédita “Living Someone Else’s Life”, suficiente para deixar louco, qualquer colecionador que se preze.
Uma pena que este tenha sido o último trabalho com esse lineup, e daí pra frente, a carreira solo de Blaze Bayley perdeu um pouco de sua força e impacto na cena. De qualquer forma, um registro digno de um cara com a sua representatividade. Carisma, humildade e respeito aos fãs, sempre foram uma das maiores marcas registradas do cantor. Se você, caro leitor, ainda não deu uma chance à sua carreira solo, aproveite esses tempos de quarentena e faça isso. Vale a pena, e muito!
Blaze – Tenth Dimension
Data de lançamento: 15 de janeiro de 2002
Gravadora: Steamhammer
Tracklist
01 – Forgotten Future (intro)
02 – Kill and Destroy
03 – End Dream
04 – The Tenth Dimension
05 – Nothing Will Stop Me
06 – Leap of Faith
07 – The Truth Revealed
08 – Meant to Be
09 – Land of the Blind
10 – Stealing Time
11 – Speed of Light
12 – Stranger to the Light
Formação
Blaze Bayley – vocal
John Slater – guitarra
Steve Wray – guitarra
Rob Nailor – baixo
Jeff Singer – bateria