No mesmo ano em que lançou “Demons and Wizards”, o Uriah Heep presenteou os fãs com um novo álbum “The Magician’s Birthday”, em novembro de 1972. Mas diferente do clássico hard rock que os ouvidos estavam acostumados, a banda ingressou em elementos mais folks e progressivos.
A sonoridade é vista como uma renovação na faceta do Uriah Heep, logo após lançarem o álbum que os tornaria um dos grandes nomes do hard dos anos 70. Assim, a aposta, que contou com a formação de Mick Box (guitarra), Ken Hensley (teclados, órgão, sintetizador, guitarra e compositor principal), David Byron (vocal), Gary Thain (baixo) e o futuro músico do Ozzy, Lee Kerslake (bateria), acabou se tornando positiva.
O clima do álbum é revelado logo na primeira faixa, “Sunrise”. De forma suave, começa com um órgão de Ken Hensley, e a melodia cresce até o estopim no riff de guitarra de Mick Box, pesado e simples ao estilo Tony Iommi) acompanhado pelos gritos de David Byron, que alterna entre o vocal suave e suplicante.
“Spider Woman” já entre no clima psicodélico dos anos 70, em clima mais alegre e contagiante. Os fãs recordam logo de “Easy Livin’”, um dos maiores clássicos do Uriah Heep.
Folk puro é presente em “Blind Eye”, que inicia com violões e depois alterna para uma guitarra psicodélica. O rock acústico é contagiante. A letra é enigmática e a sonoridade da canção se torna uma obra que poderia se encaixar em uma narrativa de Tolkien.
Soando um hard mais misterioso, “Echoes in the Dark” com bastantes elementos de prog que me recordaram o clima do álbum “The Dark Side Of The Moon” do Pink Floyd. Um destaque é o teclado de Hensley, que sozinho, soa macabro como se o ouvinte estivesse em uma casa mal assombrada. O clima da música também soa fantasmagórico.
“Rain” é uma linda balada, simples mas que mostra uma perfeita harmonia entre Hensley tocando piano com Byron cantando. Não há muito o que descrever, apenas resumir que é uma das minhas canções favoritas do Uriah Heep.
Abrindo o lado B, temos “Sweet Lorraine” e mais uma vez temos um clima misterioso e sombrio, mas com bastante elementos psicodélicos e progressivos. Mais para o refrão, temos um hard bem trabalhado, com incrementos de outros ritmos, como funk, e a utilização majestosa de um sintetizados, que dá brilho à canção.
“Tales” não é uma das minhas favoritas no álbum por ser o mesmo ritmo linear o tempo todo. Encaro como se fosse uma faixa “enche linguiça”, mas não descarto seu potencial e tem sua importância.
E fechando temos a faixa título “The Magician’s Birthday” aquele progzão/hard de 10 minutos que agrada aos fãs de boa música. Particularmente falando, músicas longas que se tornam odisseias narrativas me agradam por sua riqueza de detalhes. Uma mistura louca de elementos musicais, que iniciam no hard rock e vão para soul psicodélico sessentista, jazz, além de elementos peculiares e o coro de “Happy Birthday To You”.
A partir de Às 4:15 para mim é a melhor parte da música, onde Mick Box explode com alguns solos loucos de guitarra alternando com a bateria de Lee. Um bom momento épico do Uriah Heep (apesar de Paradise – The Spell, do Magics ainda ser meu favorito).
É um clássico do Uriah Heep e possivelmente o álbum mais sombrio que eles já lançaram. Item obrigatório para os fãs pois “Magician’s Birthday” trata-se de uma verdadeira explosão criativa e bem trabalhada.
Faixas:
A1 Sunrise
A2 Spider Woman
A3 Blind Eye
A4 Echoes in the Dark
A5 Rain
B1 Sweet Lorraine
B2 Tales
B3 The Magician’s Birthday
Formação:
DAVID BYRON (vocal)
MICK BOX (guitarra, vocal)
KEN HENSLEY (teclados, guitarra acústica & slide, percussão)
LEE KERSLAKE (bateria)
GARY THAIN (baixo)
MARK CLARKE (baixo (“The Wizard”)