Em se tratando de música, a esplendorosa Grécia sempre me fará lembrar de três nomes distintos: Yanni, Septic Flesh e Rotting Christ. Este último, será tema do nosso texto de hoje, que abordará brevemente o seu terceiro álbum ‘Triarchy of the Lost Lovers’, de 1996.
Lançado em abril daquele ano, o álbum foi o primeiro a sair pelas mãos da Century Media Records, o que certamente ajudou a impulsionar ainda mais essa tempestade grega mundo afora. Com nove faixas, ‘Triarchy of the Lost Lovers’, foi composto e executado pelo então trio Sakis “Necromayhem” Tolis (vocal e guitarras), Dimitris “Mutilator/Jim” Patsouris (baixo) e Themis “Necrosavron” Tolis (bateria e percussão).
Apesar de conhecer a banda desde 2007, com a audição o ótimo ‘Sanctus Diavolos’ (2004), ao longo desses anos mantive um olhar distante sobre os gregos, mas finalmente surge a oportunidade de dar a devida atenção a um material dos seus primórdios.
Se a banda se destacou por sua sonoridade rica, obscura e por demais trabalhada, é claro que isso veio gradativamente, ao longo dos seus lançamentos. Bendita experiência! Com o auge de estilos como Black e Death Metal, a banda se equilibrou entre esses dois, e claro, trazendo o “algo a mais” que sempre fez diferença em sua carreira.
Se a capa foi um primor da tosqueira, com um ritmo arrastado e quase narrativo “King of a Stellar War” abre a audição do álbum, felizmente apresentando uma boa captação sonora, nos proporcionando o prazer de apreciar boa música, com uma boa gravação. Claro que pra começar bem, não poderia ficar apenas na faixa de abertura, mas a vontade em permanecer ouvindo ‘Triarchy of the Lost Lovers’ se consolida de vez com “A Dynasty from the Ice“ (o título até parece obra do diabo… Quer dizer, Immortal) tem uma pegada firme, com um trabalhado conjunto de riffs, porém ainda sem soltar a mão na velocidade e agressividade. Porém, como num passe de mágica (magia negra, só se for), “Archon” prontamente supre essa necessidade, ainda que à sua maneira, verdade seja dita. Apesar de uma bateria por vezes afobada, por vezes mais solta, não espere por rompantes de agressividade aqui.
Voltamos a programação regular com “Snowing Still”, que além de ser uma das ótimas composições do trabalho, também sugere aquele cuidado caprichado com as melodias de guitarra, que é uma das marcas registradas dos gregos. Mudanças de andamentos são sentidas em “Shadows Follow”, que continua apostando com afinco no destaque referido à faixa anterior.
Há quem ainda se surpreenda com a sonoridade que uma formação reduzida pode fazer. Exemplos não faltam, mas como o esquema aqui é o Rotting Christ dessa época, não há o que questionar. Seguimos em frente com “One With the Forest”, onde paramos para refletir que enquadrar a banda nesse ou naquele estilo não dá certo, pois se utilizam de vários elementos para criar o seu próprio som. “Diastric Alchemy” se permite uma contida inclusão de teclados – mesmo assim, dando a impressão de “mais porque a faixa pediu, não porque a banda quis”.
Finalizamos a audição com “The Opposite Bank” (uma som bem típico da época, sem mais surpresas apesar da inegável qualidade) e “The First Field of the Battle” (a técnica instrumental estava sendo cada vez mais trabalhada, é só reparar nas nuances e sincronias).
Mais uma grata surpresa (ainda que tardia), de uma banda que sempre nos surpreende!
Faixas:
01. King of a Stellar War
02. A Dynasty from the Ice
03. Archon
04. Snowing Still
05. Shadows Follow
06. One with the Forest
07. Diastric Alchemy
08. The Opposite Bank
09. The First Field of the Battle.