Comentar a respeito de um disco do Opeth é sempre um desafio interessante e ao mesmo tempo complicado. Mas uma coisa é certa, vale a pena pois se trata de uma grande banda.
Vale a pena frisar algumas particularidades a respeito do muito bom “Ghost Reveries”:
– Foi o primeiro álbum com a gravadora Roadrunner Records.
– Foi o primeiro álbum do Opeth a incluir Per Wiberg como um membro permanente.
– E também foi o último álbum da banda a ter a participação do guitarrista Peter Lindgren e do baterista Martin Lopez.
O Opeth não é apenas uma das melhores bandas suecas dos últimos anos – status difícil de alcançar, eu sei – mas também uma das mais importantes bandas de Rock pesado da atualidade, sem nunca ter lançado um álbum ruim.
Seu oitavo disco, “Ghost Reveries”, é uma celebração de oito faixas em pouco mais 66 minutos de muita ambição, levando o Black Metal a limites inimagináveis.
Aqui o Opeth tenta fundir seu som com outro gênero completamente distinto, o Rock Progressivo dos anos 1970, com muitas influências de grandes nomes da época, como Pink Floyd e Led Zeppelin.
Mikael Åkerfeldt é um grande vocalista, sabe bem misturar um vocal limpo com grunhidos guturais e comentários macabros. O habitual conteúdo lírico escandinavo em sua voz sempre soa como algo novo.
Com a entrada de Per Wilberg, ex-Spiritual Beggars, o Opeth ganhou uma ressonância maior com órgãos e teclados, engrossando o peso em som em proporções relevantes.
Densidade essa muito encontrada na faixa “Beneath The Mire”, onde Wilberg mostra seu cartão de visitas, estando completamente integrado ao Opeth. Sem dúvidas um dos melhores momentos do álbum. De fato, escolher os melhores momentos nesse trabalho se torna fácil e ao mesmo tempo impossível, tamanha a qualidade das composições.
A resplandecente faixa de abertura, “Ghost Of Perdition”, com seus quase dez minutos e meio, apresenta um início feroz com numerosos e demorados colapsos, e quando você chega pela metade parece que uma nova música começou. É impressionante.
Esse exemplo é apenas uma chamada para o que vem no decorrer do CD. Uma infindável montanha russa de esplendor entre o Black Metal e o Progressivo.
Agora vamos falar de perfeição. “The Baying Of The Hounds” é uma demonstração das características bombásticas e sombrias que esses grandes músicos têm, com solos de guitarra excepcionais e uma avalanche esmagadora de vocais emotivos. Uma instrumentação cuidadosamente colocada para quebrar a cabeça de quem se atrever a reconstruir a melodia. Detalhes por todos os lados. Um verdadeiro desafio para qualquer músico. Como já disse, a perfeição foi aparentemente encontrada aqui.
A capacidade técnica da banda com sua destreza orquestral encontrava – até aquele momento – ao seu ápice e, consequentemente, “Ghost Reveries” é definitivamente um dos grandes álbuns do Opeth.
Além disso, este é possivelmente um registro que colocou limites além da capacidade de muitas bandas do mesmo gênero. Apostar com o Opeth se tornava algo muito complicado, pois o repertório dos suecos parecia não ter fim.
Uma edição especial do álbum foi lançada pela Roadrunner Records em 31 de outubro de 2006. A versão digipak contém um CD e um DVD com uma nova arte de capa e um livreto apresentando uma arte extra do álbum e uma carta de Mikael Åkerfeldt. O CD contém as faixas originais do álbum bem como uma cover bônus de “Soldier of Fortune” do Deep Purple.
Formação:
Mikael Åkerfeldt – vocal, guitarra
Peter Lindgren – guitarra
Martin Mendez – baixo
Per Wiberg – teclado
Martin Lopez – bateria, percussão
Martin “Axe” Axenrot – bateria em “Soldier of Fortune”
Faixas:
01. Ghost of Perdition
02. The Baying of the Hounds
03. Beneath the Mire
04. Atonement
05. Reverie/Harlequin Forest
06. Hours of Wealth
07. The Grand Conjuration
08. Isolation Years
09. Soldier of Fortune (bônus)
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9/10