De toda aquela geração do New Wave of American Heavy Metal surgida no início dos anos 2000, o Lamb of God, ao lado do Mastodon, foi a banda que mais ganhou destaque. O ponto de virada nessa história, certamente foi Sacrament, seu 4º álbum de estúdio, lançado no ano de 2006. Não que New American Gospel (00), As the Places Burn (03) e Ashes of the Wake (04) não fossem bons trabalhos, ao contrário, mas foi com esse trabalho que conseguiram pela primeira vez entrar no Top 10 da Billboard, e conquistar sua primeira indicação para o Grammy, com a música “Redneck”. Perderam a premiação para o Slayer, mas convenhamos, isso não é demérito algum.
Mas o que fez de Sacrament, o álbum responsável por esse salto de popularidade? Bem, que conhece a discografia do Lamb of God, sabe que desde o debut, foram trabalhando e amadurecendo sua sonoridade. No início, sua música possuía muitas qualidades, mas era sem sombra alguma de dúvida, mais bruta e intrincada. Sempre foram uma banda bem técnica, mas isso em alguns momentos atrapalhava, já que era difícil encontrar uma canção que realmente grudasse na sua cabeça, que fosse memorável ao ponto de você sempre se recordar da mesma. Sacramente meio que corrige isso. Sem abrir mão da sua ferocidade, lapidaram um pouco mais suas características, soando mais grandiosa, com riffs que, mesmo não sendo um primor de originalidade, cativam o ouvinte por soarem fortes e honestos. Some-se a isso uma maior coesão musical e mais variedade, tanto instrumental quanto no que tange os vocais, e você começa a entender a repercussão alcançada pelo álbum.
Randy Blythe tem seu melhor desempenho até aqui, e sua voz soa mais variada, chegando inclusive, em alguns momentos, remeter a de Phil Anselmo. A dupla de guitarristas formada por Mark Morton e Willie Adler se mostra afiadíssima, despejando riffs de qualidade e entregando alguns solos bem interessantes. A parte rítmica também se destaca, com o baixista John Campbell, por mais que seu instrumento esteja um pouco inaudível em alguns momentos, e o fantástico Chris Adler. Abusando da técnica e com ótimas mudanças de tempo, o baterista mostra porque pode ser considerado um fenômeno do instrumento. Das 11 canções aqui presentes, os destaques ficam por conta de “Walk with Me in Hell”, com bom groove e melodias, a truculenta “Again We Rise”, “redneck”, com bons riffs, refrão forte e toda uma cara de Pantera, as um pouco mais cadenciadas e intensas “Descending” e “Blacken the Cursed Sun”, e “Beating on Death’s Door”, uma verdadeira pedrada, e sem dúvida, a melhor canção de todo álbum.
Com Sacrament, o Lamb of God deu o passo que faltava para entrar entre os grandes do cenário mundial. Com uma música forte e amadurecida, mas sem deixar as características que o marcavam, conseguiram um ótimo álbum, com canções memoráveis que faltavam no passado. O passo seguinte, Wrath (09), pode ser contestado por alguns, mas isso já é outra história.
Formação:
– Randy Blythe (vocal);
– Mark Morton (guitarra);
– Willie Adler (guitarra);
– John Campbell (baixo);
– Chris Adler (bateria).
Faixas:
01. Walk with Me in Hell
02. Again We Rise
03. Redneck
04. Pathetic
05. Foot to the Throat
06. Descending
07. Blacken the Cursed Sun
08. Forgotten (Lost Angels)
09. Requiem
10. More Time to Kill
11. Beating on Death’s Door
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8.4/10