A princípio chamado de ‘Honest Alice’, mas rapidamente re-intitulado como ‘Love It to Death’, o terceiro álbum da banda Alice Cooper se tornou um clássico. A partir daí, as performances teatrais dos shows ficaram mais evidentes, com cobras, cadeira elétrica, entre outros aparatos visuais. O jornalista Mike Jahn, em matéria publicada à época no New York Times com a manchete “O andrógino Alice oferece um show excêntrico”, se mostrou entusiasmado ao escrever sobre uma apresentação da banda: “No palco, o vocalista de uma banda de Rock, um jovem rapaz chamado Alice Cooper, despiu seu macacão prateado revelando um collant preto e meia-calça. Agora ele tem uma jiboia viva e está enrolando-a em seus braços…”. A jiboia se chamava Kachina e pertencia ao baterista Neal Smith. Ela foi inserida na performance da faixa “Is It My Body”.
“Love It to Death” foi produzido pelo hoje renomado Bob Ezrin, que já trabalhou com bandas como Kiss e Pink Floyd. Em um primeiro momento, Ezrin não estava nem um pouco interessado em produzir a banda. Ele odiara o trabalho anterior do grupo: ‘Easy Action’, mas foi conferir uma apresentação do Alice Cooper no Max em Kansas City. Bob Ezrin amou o que viu. Mas não foi a habilidade dos músicos que impressionou o produtor. Foi a presença de palco. Como ele diria posteriormente ao biógrafo Dave Thompson, “Não era uma questão de ‘ser bom’. Era uma questão de ‘ser’. Era a integração completa do ponto de vista e da personalidade com a apresentação. As músicas, as brincadeiras, a teatralidade, tudo isso era Alice Cooper. Em um mundo de camisetas, barbas e jeans, eles eram muito inovadores e estimulantes”.
A banda precisava de um single de sucesso, pois os dois primeiros discos não conseguiram levar o Alice Cooper ao estrelato. O single escolhido foi “I’m Eighteen”, música que chegou a posição de número 21 nos Estados Unidos. Não era uma posição avassaladora, mas já mostrava a força da banda. Mas essa não era a melhor música presente em ‘Love it to Death’. Uma das maiores criações do Alice Cooper estava presente nesse disco e atendia pelo nome de “Ballad of Dwight Fry”. A canção foi inspirada no ator Dwight Frye (a banda escreveu seu nome de maneira errada e manteve Fry), ator de consagrados filmes de terror, como, por exemplo, “Drácula”, de 1931, no qual interpretou o personagem Renfield.
Posteriormente, o próprio Alice comentaria sobre sua conexão com o ator: “Então, havia uma estranha e linda conexão. Ele sempre foi para mim o mais psicótico de todos os personagens de todos aqueles filmes de terror. Ele era um cara tenebroso, quer dizer, tudo que ele dizia fazia você sentir arrepios na coluna. Mesmo algumas vozes que eu uso, algumas vozes de Alice, como em ‘Steven’ e ‘The Awakening’, foram copiadas das vozes de Dwight Frye, até aquela risada dele ‘heeee-heeeee-heeee’. Eu sempre achei que era das mais assustadoras e mais dementes”.
A música que leva o nome do ator é um épico. Ela foi gravada como o produtor Bob Ezrin queria, ou seja, com Alice Cooper deitado no chão do estúdio e cercado por cadeiras de metal, como se em uma jaula, o que ajudou, naturalmente, o vocalista a soltar os gritos “I wanna get out of here” presentes na faixa. Ao vivo, a canção ganhava tons teatrais quando uma enfermeira surgia no palco trazendo Alice em uma camisa de força. O baterista Neal Smith diria que, “se ‘I’m Eighteen’ era o lado mais comercial de Alice Cooper, então ‘Ballad of Dwight Fry’ era o mais obscuro e teatral”.
O disco, lançado em 8 de março de 1971, chegou na posição 33, e o segundo single, a faixa de abertura “Caught in a Dream”, atingiu apenas o número 94, mas nos shows o Alice Cooper angariava mais e mais fãs. Todos os lugares por onde tocavam ficavam completamente lotados. Eles dividiram o palco com bandas como Black Sabbath e Led Zeppelin. A turnê do disco começou em Pittsburgh no final de março de 1971 e foi até o final de agosto, quando a banda iniciou os trabalhos em estúdio para seu próximo disco, o também clássico ‘Killer’.
Faixas:
01. Caught in a Dream
02. I’m Eighteen
03. Long Way to Go
04. Black Juju
05. Is It My Body
06. Hallowed Be My Name
07. Second Coming
08. Ballad of Dwight Fry
09. Sun Arise
Formação:
Alice Cooper (vocal);
Glen Buxton (guitarra solo);
Michael Bruce (guitarra base e piano);
Dennis Dunaway (baixo);
Neal Smith (bateria)