Resenha: Torture Squad – Far Beyond Existence (2017)

O Torture Squad lançou o seu primeiro disco em 1998 e, em pouco tempo, alcançou o status de ser uma das principais forças do Death/Thrash Metal brasileiro. No decorrer desses quase vinte anos, o desafio maior que a banda enfrentou, foi o de ter que equilibrar o merecido sucesso artístico com as constantes mudanças de formação, que começaram a se fazer sentir desde o disco “Pandemonium”, de 2003, e não deram mais pausa.

Durante todo esse período, permaneceram firmes o baixista Castor e o baterista Amilcar Christófaro. Sem nunca perder o ímpeto, mantiveram a banda sempre em atividade, até que, em 2016, integraram a vocalista Mayara “Undead” Puertas e o guitarrista Rene Simionato ao time e lançaram o EP “Return Of Evil”. O disco que o sucedeu, lançado agora em 2017, demonstra não só o acerto da nova formação, como também insinua um entrosamento que deve – e assim esperamos – nos entregar mais trabalhos dessa qualidade no futuro. “Return Of Evil” foram as preliminaries; “Far Beyond Existence” é o jogo principal.

E o álbum inicia sem perder tempo com introduções! “Don´t Cross My Path” abre logo com o riff escancarado de guitarra e prossegue em uma faixa que consegue, sem abrir mão da brutalidade, inserir inúmeras quebradas e variações de andamento. Christófaro faz aqui algumas viradas rapidíssimas, mas que ainda seriam extrapoladas pelos blast beats da próxima, “No Fate”.

A cítara que introduz “Blood Sacrifice” é, certamente, o momento mais tranquilo do disco e essa se torna, desde já, uma das melhores músicas do catálogo da banda, com seu tema sobre a deusa Kali, do hinduísmo, e Mayara extrapolando na agressividade. “Steady Hands” inicia com um riff mais aproximado ao Metal tradicional e é uma canção de mais cadência que as que lhe precederam, mas, se esse é um disco que celebra o bom momento do Torture Squad, não caberia realizer uma celebração sem a presença de convidados! “Far Beyond Existence” está repleto deles e as normas de etiqueta dizem que devemos receber, primeiramente, os visitantes mais longínquos. Dave Ingram, que já colocou os seus urros a serviço de Benediction e Bolt Thrower, surge para participar de “Hate” e a insanidade desta faixa não deixa nada a dever ao seu currículo, podendo se sentir em casa na divisão das vozes com Mayara.

Ao longo de todo o álbum, vemos que todos os integrantes participaram do processo de composição em maior ou menor grau, mas “Hero For The Ages” tem algo especial. Sua letra foi feita com trechos de declarações e ensinamentos do ícone Bruce Lee, compilados e organizados por Christófaro. No final desta, nós podemos apreciar melhor o timbre do baixo de Castor, fazendo rápidas variações sobre o riff principal.

Por falar em riff, Rene exerce um peso absoluto no começo da faixa título, que também integra o melhor da produção da banda, com todos se destacando em um ritmo de compassos fortes. Na sua sequência vem a excelente “Cursed By Disease”, com um refrão de densidade absoluta, onde o gutural de Mayara disputa, com a timbragem dos instrumentos, a predominânica das frequências graves. Edu Lane, do Nervochaos participa desta, fazendo uma narração, e cede espaço para a entrada do próximo convidado, Luiz Louzada, do Vulcano, em “You Must Proclaim”.

As próximas faixas, estrategicamente colocadas ao final do álbum, trazem os momentos mais inusitados, com Alex Camargo, do Krisiun, liderando uma respeitosa adaptação de “Just Got Paid”, do insuperável ZZ Top, e Marcello Schevano, do Carro Bomba, conduzindo o Hammond junto com Rene, Amilcar e Castor, na instrumental “Torture In Progress”, formatando um inimaginável Death Prog setentista absolutamente genial!

Embora tenha o nome de “Unknown Abyss (intro)”, este trecho de clima sombrio vem para encerrar o álbum, com a voz de Mayara fazendo uma revisão de todas as músicas. Iniciar uma nova fase nem sempre é simples. Por vezes, demora a pegar no tranco, mas, em outros casos, a fórmula acerta de primeira, com a interação, entre os novos elementos, gerando algo que soa novo e cheio de potencial, ao mesmo tempo que preserva todo o arcabouço em torno de seu nome já consagrado. Esse é o significado de “Far Beyond Existence” na discografia do Torture Squad.

Formação

Mayara “Undead” Puertas – vocal

Rene Simionato – guitarra

Castor – baixo

Amilcar Christófaro – bateria

Músicas

01.Don’t Cross My Path

02.No Fate

03.Blood Sacrifice

04.Steady Hands

05.Hate

06.Hero for the Ages

07.Far Beyond Existence

08.Cursed by Desease

09.You Must Proclaim

10.Just Got Paid

11.Torture in Progress

12.Unknown Abyss (intro)

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