Resenha: Red Hot Chili Peppers – The Getaway (2016)

Após cinco anos do lançamento de “I’m With You”, o Red Hot Chili Peppers finalmente anuncia material inédito com “The Getaway”, álbum que foi produzido por Danger Mouse (Gnarls Barkley). O disco está programado para sair no dia 17 de junho, mas, como sempre, já vazou na internet e, como fã que sou, não pude deixar de matar a curiosidade.

Esse é o primeiro álbum desde “Blood Sugar Sex Magik” (1991) a não contar com Rick Rubin na produção. Também é o segundo com o guitarrista Josh Klinghoffer como membro oficial.

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“The Getaway”, primeira faixa, é bem experimental, apesar de as letras e melodias de Anthony Kieds soarem familiares, a música se direciona para um território distante do que a banda já fez.

“Dark Necesseties” foi oficialmente o primeiro single, lançada em maio. Ela é bastante melódica em seu início, com o baixo e a guitarra fazendo uma bela introdução, ela progride para um ritmo bem Funk com um refrão pegajoso. Não agrada logo de cara, é preciso de algumas audições a mais para gostar dela de vez. Da minha parte, acabou se tornando uma de minhas favoritas.

A terceira canção do disco se aproxima bastante dos antigos trabalhos da banda, “We Turn Red” tem a bateria em destaque, com versos cantados bem no estilo clássico mesmo, lembrando músicas do “Blood Sugar Sex Magic” (1991). Vai agradar os fãs mais antigos.

Em “The Longest Wave”, parece que temos uma música feita para se ouvir bem calmo em uma praia. A guitarra dá o tom com um belo dedilhado, e Kieds nos entrega belas melodias em uma letra que fala sobre relacionamentos. Um refrão memorável faz com que seja um dos pontos altos do álbum.

“Goodbye Angels” é outra canção que fala sobre relacionamentos, parece até uma continuação direta da canção anterior. Segue na mesma pegada da mesma até o refrão que é mais forte. Ao fim temos um solo de baixo do ótimo Flea que nos conduz até um solo de guitarra de Josh. Também um dos pontos altos do álbum.

A próxima faixa se chama “Sick Love”, que é bastante experimental, até porque, conta com Sir Elton John no piano. Essa parceria se encaixou perfeitamente. O refrão tem uma pagada nostálgica e sem dúvidas será uma das favoritas dos ouvintes.

“Go Robot” é a mais dançante do álbum, com clara influência do produtor Danger Mouse. Flea e Chad Smith ditam o ritmo com uma cozinha muito bem feita. A mixagem da bateria está um pouco diferente do restante do álbum, o que torna a música bem “anos 80”, alguns elementos eletrônicos lembram o Daft Punk em seus clássicos. Pra mim a mais diferente do álbum.

“Feasting On The Flowers” é outra música experimental, lembra bastante o R&B dos anos 90, essa é uma que pode passar despercebida pelos ouvintes. Parece ter influência do último álbum, pois lembra um pouco “Even You Brutus?”.

A faixa mais “Rock” do álbum sem dúvidas é “Detroid”. Essa muda o ritmo quanto todas as anteriores, claramente tem influências de bandas dos anos 90. Kieds canta com uma pequena distorção na mixagem e Flea mais uma vez se destaca no baixo. A letra obviamente fala sobre a cidade de Detroid. Sem dúvidas entrará no repertório dos próximos shows.

“This Ticonderoga” é uma música cheia de distorções, talvez a mais rápida do álbum, até que chegue seu refrão que é bastante melódico e mais lento que o restante da canção.

A próxima música é uma balada. “Encore” traz uma melodia bastante nostálgica e uma letra que faz referência aos Beatles. Vai agradar os ouvintes e nos shows vai ser uma boa para as partes mais cadenciadas.

“The Hunter” também é outra balada. Aqui temos Flea tocando piano e Josh tocando baixo. Kieds explora temas mais abstratos, algo que não é tão comum, já que suas letras em sua maioria são confessionais. Ótima faixa.

Pra fechar o álbum, temos “Dreams of a Samurai”, música que começa com uma bela introdução de piano, acompanhada de um solo vocal de Beverley Chitwood. Após isso Flea ataca com seu baixo. A música é bem psicodélica e deve ser bem aproveitada ao vivo. Foi uma boa escolha pra fechar o álbum em grande estilo.

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A mistura de Funk e Rock está presente em “The Getaway”, sem dúvidas, porém com muitos elementos de bandas Indie e do Pop, isso faz o álbum se distanciar dos clássicos e até mesmo do seu antecessor, alguns elementos são eletrônicos demais, não que isso seja ruim, mas as vezes é preciso uma coisa mais crua e menos artificial.

Josh ainda precisa se soltar mais, muitas vezes parece que só faz barulhos aleatórios com a guitarra ao invés de criar algo mais marcante. Kieds claramente escreveu a maioria das letras sobre algum relacionamento com uma mulher mais nova, com poucos momentos de diferença. Flea se destaca fortemente com seu jeito único de tocar baixo e Chad Smith é bastante sólido na bateria.

“The Getwaway” é o álbum mais desafiador do Red Hot Chili Peppers. É um álbum que precisa de mais de uma ouvida pra que seja digerido pelos fãs, principalmente os antigos e até mesmo pra quem gosta da banda em sua fase mais comercial do início dos anos 2000. Não vejo nenhuma canção com potencial imediato pra se tornar um clássico, mas vejo sim ótimas músicas que serão poderosas nos shows da banda. O Chili Peppers nos entrega algo que reinventa seu som e mostra que não teve medo de mudar.

Formação:
Anthony Kieds (vocal);
Josh Klinghoffer (guitarra, baixo em “The Hunter”).
Flea (baixo, piano em “The Hunter”);
Chad Smith (bateria).

Faixas:
01 – The Getaway
02 – Dark Necessities
03 – We Turn Red
04 – The Longest Wave
05 – Goodbye Angels
06 – Sick Love
07 – Go Robot
08 – Feasting On The Flowers
09 – Detroit
10 – This Ticonderoga
11 – Encore
12 – The Hunter
13 – Dreams of A Samurai

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