Rob Halford não tem a alcunha de Metal God à toa! Tem uma carreira impecável e uma influência ímpar, não se limitando a repousar sobre os louros de ser um dos criadores e formatadores do estilo Heavy Metal, mas prosseguindo na exploração de outras vertentes do gênero, arriscando-se fora de sua zona de conforto. Sim, teve o momento da banda 2wo, junto com Trent Reznor, que, de fato, não foi muito bem-sucedido, mas mesmo ali estava presente aquilo que mais importa: a voz! Aquela voz!
Quando se apartou do Judas Priest, e chocou todo o meio musical no processo, imediatamente engatou um novo projeto, com uma nova banda, uma nova musicalidade e até mesmo uma nova postura de palco. Halford juntou alguns novatos extremamente competentes, reforçados pela presença de Scott Travis na bateria – enquanto o restante do Judas Priest refletia sobre os rumos a tomar – e formou o Fight, aproximando-se muito do que o Pantera estava fazendo na época, ou seja, Metal com groove.
Halford nunca escondeu o quanto admirava a banda texana, além de constantemente expressar a sua paixão por coisas bem pesadas, como Slayer e até grupos de Black Metal. Fazer o Fight soar da forma que soou foi a decisão acertada, afinal, é a velha história: para que iniciar um novo projeto repetindo a mesma coisa que fazia na banda anterior?
A capa, preta com caracteres brancos, já chamava a atenção pelo fato de ser bem fora do padrão do modelo mais tradicional de capas de discos de Metal. O conteúdo, por outro lado, não se alienava do estilo, mas, como já foi dito, soava bastante moderno, apresentando de imediato, duas grandes faixas, “Into the Pit” e “Nailed to the Gun”, com Rob praticando tons altíssimos. Passadas essas músicas exordiais, o jogo já está ganho e pode-se diminuir um pouco o andamento, com uma canção mais climática, mais soturna, como “Life in Black”. Mantendo-se nessa alternância entre canções mais rápidas ou cadenciadas, o que permanece constante é a força do trabalho como um todo, mostrando como o cantor, que compôs sozinho o disco inteiro, é um artista versátil. As faixas “Immortal Sin”, “Vicious”, “Kill It”, “Laid to Rest”, “For All Eternity”, “Contortion” e “Reality A New Beginning” são os outros destaques do álbum, que apesar de ter sido muito bem-sucedido, não deu fôlego ao conjunto para manter o pique no segundo disco, tendo esse ficado meio esquecido e gerado o final prematuro da banda. O baixista Jay Jay e o guitarrista Brian Tilse ainda passaram um curto período de tempo no Halford, projeto autointitulado do cantor mais tendente para a sonoridade clássica do Judas Priest, e o outro guitarrista, Russ Parrish, segue hoje atuando no Hard Rock do Steel Panther.
O Fight teve uma carreira curta, mas significativa, deixando esse grande disco para a posteridade. Mesmo que o Judas Priest encerre atividades, não creio que Halford reinicie o grupo e é melhor assim. O Fight foi a aposta certa, na hora certa, e hoje os tempos são outros. A única certeza que eu tenho é a de que o vocalista sempre virá com algo interessante para apresentar, afinal, ele é o Metal God!
Tracklist:
01 Into the Pit
02 Nailed to the Gun
03 Life in Black
04 Immortal Sin
05 War of Words
06 Laid to Rest
07 For All Eternity
08 Little Crazy
09 Contortion
10 Kill It
11 Vicious
12 Reality, a New Beginning
Formação:
Rob Halford – vocal
Brian Tilse – guitarra
Russ Parrish – guitarra
Jay Jay – baixo
Scott Travis – bateria