O Iron Maiden fez sua estreia no país com o Rock in Rio de 1985. Foi a primeira vez que a banda pisou em solo brasileiro e saiu daqui, claro, com no mínimo o dobro de fãs. Já na terceira música, Bruce se acidentou. O vocalista cortou o supercílio com a guitarra. E assim ele canta Revelations até o final literalmente com sangue nos olhos, escorrendo pelo rosto. Bruce conta que não estava satisfeito com o som e ao tocar “Revelations”.

“Minha raiva se intensificava com as tentativas de comunicação com o técnico na beirada do palco. Nervoso e ansioso, impulsionei o braço da guitarra por cima de minha cabeça e abri um corte na testa. Minha cabeça sangrava em profusão quando me aproximei da área da mesa de som.”, escreveu ele em sua autobiografia. Ai, meu Deus, corram para as colinas? Não. O ocorrido em nada atrapalhou o restante do show, e o vocalista disse que não se esqueceu tão cedo da energia do público. “A plateia do Rio foi a maior para que me apresentei até então, e provavelmente será para sempre. Dava a impressão de se estender além do horizonte, além dos clarões difusos de cor e luz, escuridão adentro.”.

A verdade é que naquela época não tinha internet e o Brasil não era lá muito conhecido. Apesar de chegar no país sem nem saber direito o que era, Bruce reconheceu, em seu livro, a importância desse evento na carreira do Iron Maiden. “O Rock in Rio, o primeiro de todos, era nota 10 – em qualquer escala de 1 a 10 que se pense. Talvez eu possa achar o que reclamar da banda, ou da minha performance, mas a verdade é que essa não é a questão. Foi um show que abriu as portas de um continente inteiro para o Iron Maiden, da noite para o dia.”, escreveu o músico.

Mas para quem já era fã, esse show foi uma realização de sonho inacreditável. “E então veio o Maiden. O show épico da tour do Powerslave com a banda tocando até Rime of the Ancient Mariner. Uma introdução matadora das 2 primeiras músicas do álbum que a gente já venerava (Aces High e Two Minutes). E naquela época, o Bruce entrava com uma terceira guitarra em Revelations.”, contou Décio.

E como todo mundo tem uma história marcante, ele lembra a de Ricardo Pacheco, um amigo que foi ao festival porque protestar contra o Ozzy ter deixado o Black Sabbath. “Mas ele acabou comparecendo no 1º dia do festival, e depois de ver o Maiden sua vida mudou. O Pacheco se apaixonou pela banda e passou uns 20 anos trabalhando para então se aposentar e começar a seguir o Maiden para todos os cantos. Ele faleceu em 2018 reconhecido pela banda como um dos grandes fãs do Maiden, com vídeo do Nicko em falando dele e homenagem do Cart & Horses (um pub onde o Maiden começou).”, contou o publicitário.

https://www.youtube.com/watch?v=wvjULPJcyH0

Setlist:
Intro – Churchill’s Speech”, “Aces High”, “2 Minutes to Midnight”, “The Trooper”, “Revelations”, “Flight of Icarus”, “Rime of the Ancient Mariner”, “Powerslave”, Guitar Solo (Dave Murray) + Nicko McBrain, “The Number of the Beast”, “Hallowed Be Thy Name”, “Iron Maiden”. Bônus: “Run to the Hills”, “Running Free”, “Sanctuary”.

(Saiba como foram os shows do Whitesnake e do Queen no Rock in Rio 1985.)