Há mais de 10 anos, o casal Marcin “Chh” Chomentowski e Marietta “Mary” Balcerzak se conheceram durante na escola onde estudavam, tendo depois em Varsóvia, capital da Polônia, iniciado ali uma parceria que perduraria não apenas no âmbito pessoal, mas também no âmbito profissional.

Hoje, ambos estão noivos e residem na cidade de Walbrzych, tendo iniciado no ano passado um novo projeto juntos chamado “Rest In Dust”, com uma proposta de apresentar um som moderno, tendo como temática em suas letras as “formas de desperdiçar a própria vida”, com o intuito de fazer o ouvinte refletir sobre essa questão.

Desde setembro de 2019 a banda lançou quatro músicas, tendo cada uma seu clipe liberado em seu canal no Youtube, tendo todas elas contado com uma produção de alto nível feita inteiramente pelos dois de forma independente.

Para falar um pouco sobre a sua história, Chh e Mary deram uma entrevista exclusiva para a Roadie Metal abordando todos esses assuntos, a qual pode ser conferida a partir de agora.

Roadie Metal: Falem um pouco da história da banda e de toda a ideia do projeto. 

Mary: Tudo começou quando nós dois nos conhecemos no colégio há mais ou menos 10 anos atrás, estávamos em projetos diferentes, mas nenhum deles eram sérios. Então nos mudamos e começamos a trabalhar no ramo da música por basicamente 7 anos e aprendemos bastante sobre a indústria por diferentes perspectivas – do palco, do backstage, como escrever música – porque vimos várias bandas no palco quando trabalhamos em clubes diferentes. Então meio que sabíamos que fizemos errado antes e como podíamos melhorar no futuro, então foi como tentamos ver se conseguíamos transformar as coisas que aprendemos no nosso projeto, na nossa música. 

Chh: Basicamente estamos tentando aprender a partir de outros erros, porque quando você trabalha no palco por 7 anos, como nós fizemos – eu sou técnico de som e ela trabalha no backstage com as bandas – e vimos muitos show e artistas, vimos de tudo. E temos uma visão diferente das outras bandas, e tentamos juntar o que é melhor e não repetir os seus erros. 

Roadie Metal: Como foi concebida com a ideia visual e temática do “Rest In Dust”? 

Chh: Começando pelo nome “Rest In Dust”. É a combinação de duas frases – “Rest In Peace” (descanse em paz) e “Bite the Dust” (morda a poeira) – e sugere que após a morte não existe paz, apenas um corpo morto enterrado, e nossas letras falam mais ou menos disso, porque passamos por muitas coisas e vimos tanto desperdício de vida, que queremos compartilhar nossas experiências para fazer as pessoas repensarem suas decisões de vida. Porque acreditamos que essa vida que temos é a única, então se desperdiçarmos não teremos outra. 

Mary: E visualmente, depende da letra da música, pensamos em cada vídeo individualmente. Vemos o que a letra diz e o que podemos mostrar no vídeo para ser direto. 

Chh: Toda música tem sua própria mensagem. “Life’s a Bitch”, nosso primeiro single, é uma introdução. Basicamente explica o pensamento por trás do nome “Rest In Dust”, e as outras músicas mostra diferentes maneiras de arruinar a sua vida. Por exemplo, “Hell That You Made” fala sobre solidão, sobre uma vida que foi substituída por tudo menos amigos e famílias, por que “o quão a vida vale se você não significa nada para ninguém”. 

Mary: E nos inspiramos na frase de Friedrich Nietzsche, do livro “Vontade do Poder”. Frase essa que inclusive aparece no início do nosso clipe para essa música. 

Chh: Basicamente qualquer outra música fala de algo como isso. “Magnum Opum” fala sobre viver a vida por alguém seja essa pessoa seu chefe, ídolo ou parceiro. E essa é a pergunta que fazemos na música – “Você quer ser um degrau na vida de alguém, ou quer viver a sua vida e conseguir o seu próprio Magnum Opus?”. 

Roadie Metal: Como vocês falaram das três primeiras músicas que vocês lançaram, falem um pouco da “Weak”, a mais recente. 

Chh: Essa é a descrição da negação. Uma vida baseada em culpar os outros pelos seus fracassos, e não fazer nada para consertar. Sobre pessoas que acham que são perfeitas e que merecem respeito só por existirem. Existem muitas pessoas assim e nós não gostamos disso. Então a música tem uma letra bem dura. 

Mary: Tivemos várias dificuldades com essa música – com a letra, com o vídeo – foi uma das mais difíceis que tivemos que lidar, e acabou demorando bastante por várias razões. Então a letra foi inspirada em Jocko Willink, e um dos seus podcast, onde ele fala sobre não ser fraco (Weak), e pensamos que essa seria uma boa base para a letra, e Marcin (Chh) começou a escrevê-la. Então começamos em como fazer o vídeo, e tivemos várias ideias, mas no fim ele está apenas treinando para lutar e eu estou passeando com um cachorro. 

Chh: Inicialmente queríamos fazer um “clube da luta”, e mostrar as pessoas lutando dentro de um círculo, sendo que veio a Covid e não pudermos fazer isso, então acabou sendo apenas três pessoas. 

Mary: Não tínhamos pessoas o suficiente para ser da forma que a gente queria, porque muitos já tinham crianças, nossos amigos não podiam sair de casa para lutar com a gente, ou para nos ajudar nas gravações, então acabou sendo apenas três pessoas, e tivemos que fazer o melhor que conseguíamos. 

Roadie Metal: Admito que é difícil colocar o som de vocês dentro de um gênero específico do metal. Na concepção de vocês, qual o gênero que a música de vocês se encaixa? 

Chh: Gosto de chamar de “Alternative Nu Metal”, porque sob esse nome pode ser qualquer coisa (risos). Nós estamos entediados de tantas bandas que tentam soar como o novo Slipknot, o novo Rammstein ou o novo Arch Enemy, e todos querem soar como alguém. Nós não gostamos disso, e queremos fazer totalmente da nossa forma, não queremos soar como outros. E a forma que a gente faz música não é “natural”, a bateria, por exemplo, não são baterias mesmo nas gravações. Me inspirei na música eletrônico e a bateria é programada digitalmente. A guitarra não foi gravada com amplificadores, e sim com amplificadores digitais, mas tocado por mim, obviamente, por isso que soa bem diferente. Nós não conhecemos muitas bandas de metal com vocais femininos. Tem a Jinjer, o Arch Enemy… 

Mary: Há algumas, mas sendo honesta, não gosto da maioria delas porque muitas são muito “lights”, e a voz não combina com a música. Então, a gente nunca faz a música e apenas põe minha voz nela, a gente tenta fazer tudo junto para minha voz não ser apenas “mais uma coisa” na música, porque as vezes soa uma música pesada com uma voz feminina “light”, eu não gosto disso. Apenas tentamos combinar nossas canções com diferentes vocais feitos para cada música específica. 

Chh: E para fazer uma mistura, faço parte dos versos para colocar um feeling “New Metal”, um estilo de vocal do “Rammstein” ou um “Rap” do Limp Bizkit para misturar um pouco e criar algo único, porque não queremos soar como os outros, queremos ser o Rest In Dust, e não um clone. 

Mary: Queremos apenas fazer música, e se gostarmos iremos publicar, e se os outros vão gostar, não nos importamos (risos). 

Chh: Se gostarem, ótimo, certamente, mas não queremos agradar ninguém. Se esse tipo de música com meus vocais, os vocais dela, e com as baterias digitais não forem para alguém, tudo bem, as pessoas decidem se vão gostar ou não. 

Roadie Metal: E realmente, muitas bandas novas acabam soando muito parecido com as bandas clássicas, e vocês tem conseguido criar essa identidade própria a música de vocês, e eu admiro isso. 

Rest In Dust: Obrigado! 

Mary: A gente meio que aprendeu após passar 7 anos nos palcos lidando com bandas, vimos o que as pessoas gostam e o que não gostam. E quantas bandas, não apenas na Polônia, são muito parecidas. É quase uma cópia uma da outra e não queremos ser cópia de ninguém, queremos ser nós mesmos. 

Chh: A parte interessante a qual tenho orgulho é que estamos fazendo uma música pesada, mas não há nenhum “blast beats” naa bateria das músicas, e o “blast beats” é praticamente a definição do metal. E como eu disse, a gente mistura tanto os estilos que nem a gente não sabe dizer qual gênero somos, então é “Alternative New Metal”, pode ser qualquer coisa. As vezes estamos soando como “New Metal”, então gostamos do estilo mais “Rap” de “Life’s a Bitch”, outro dia somos influenciados por algo mais melódico, num estilo mais “Rammstein”, como “Hell That You Made”. Depende do dia, se tivermos inspiração para a música, apenas fazemos, a gente não pensa “vamos fazer algo mais New Metal”, ou “vamos fazer algo mais do estilo do Rammstein”, apenas temos o dia, temos a ideia, nós fazemos, e simplesmente acontece. 

Roadie Metal: Quais são as suas influências? 

Chh: Eu comecei como um monte de metalheads há muitos anos atrás, mas quando comecei a trabalhar na indústria eu tive que começar a ouvir outros gêneros. Então hoje eu ouço de tudo, gosto de música eletrônico, gosto de Pop, como Lana Del Rey, gosto de Heavy Metal como Meshuggah, gosto de New Metal, como Limp Bizkit e muitas outras bandas, também gosto de outros tipos de Rock, como Guns n Roses. Mas a gente faz metal porque somos mergulhados nisso. 

Mary: Meu pai ouve metal, então eu cresci nisso, ele começou com Metallica, que foi minha primeira influência. Então também teve Marilyn Manson quando eu tinha 8 anos, que simplesmente explodiu a minha mente. Me inspiro mais pela performance do que pela música, pela forma que eles se apresentam. Adoro estar no palco e pensar como vou me vestir, como os outros vão se vestir, as luzes e como o palco deve estar visualmente, sou mais influenciada por isso porque é minha parte mais forte. E estou ansiosa para estar no palco com o Rest In Dust porque estou cheia de ideias. No mais, sou inspirada por Marilyn Manson, pelo que ele mostra nos palcos e nos clipes, porque são tão intrigantes e chocantes, que isso é mágico para mim. 

Chh: Nós dois amamos os clipes do Marilyn Manson, porque quando você ver os clipes das bandas hoje em dia, são todos iguais, cinco caras tocando, e 90% do tempo em um mesmo local. Quando você ver os vídeos do Marilyn Manson, eles são como curtas-metragens, tem grande produção, história e tudo. Claro que não temos estrutura para isso, mas estamos fazendo o nosso melhor, e fazemos tudo sozinhos – escrevemos as músicas, gravamos, fazemos os vídeos, editamos, fazemos tudo apenas nós dois. 

Mary: Para a música, me inspiro bastante em Alissa White-Gluz, que na época era do The Agonist, agora ela é do Arch Enemy. Ela foi a primeira mulher que vi fazer gutural, e para mim foi chocante por ver que uma mulher poderia fazer, e eu também quis tentar. E eu vi um programa de TV onde ela estava ensinando uma garota a como fazer gutural, mostrando toda a técnica, e isso se conectou comigo, e assim aconteceu, assim foi como aprendi a fazer gutural, e depois evoluiu para estilos diferentes, mas a principal inspiração foi Alissa White-Gluz, e o The Agonist foi uma grande parte da minha jornada para aprender e para ingressar no metal. 

Roadie Metal: Vocês pretendem lançar um álbum, ou um EP? 

Chh: Sim e não, porque pensamos que é chato quando uma banda lança um álbum, e depois desaparece por três anos, então queremos lançar uma música nova a cada, mais ou menos, três meses, para que s fãs sempre tenham algo novo para ouvir. Depois de um tempo, quando atingirmos um número de músicas – como 10 músicas, por exemplo – e acharmos que esse é o fim de uma era, poderemos lança-las de novos em um álbum. 

Mary: Mas também pensamos que essa era de lançar um álbum estar acabando, agora é tudo sobre lançar na internet, porque claro que há pessoas que ainda colecionam os CDs, mas ao mesmo tempo elas consideram os CDs mais como um presente para colecionar e deixar na prateleira, e ainda assim você continuará ouvindo as músicas no Spotify, no Youtube, ou coisas do tipo. Queremos nos focar em lançar uma música sempre com um clipe, porque pensamos que é mais divertido ouvi-lo com algo visual, é mais interessante para o público. 

Chh: E sendo sincero, quando você é o Rammstein e lança um novo álbum, todo mundo vai a loucura e vai ouvi-lo. Mas quando você é uma banda pequena, como nós, no meio da Polônia, no meio de lugar nenhum, e lançamos um álbum, ninguém irá se importar. 

Mary: Então queremos interessar as pessoas nas nossas músicas, e fazemos lançando todas as músicas com um vídeo. Talvez leve mais de três meses, mas tudo depende da situação da vida e do Covid. 

Chh: Estamos sempre fazendo nosso melhor, mas a vida é a vida e as coisas as vezes dar errado. Como quando fizemos o clipe de “Weak”, onde tudo deu errado. 

Mary: Éramos para lançar esse vídeo em agosto, e acabamos lançando em outubro. 

Roadie Metal: Observei comentários que vocês mesmo fizeram em alguns dos clipes, onde vocês disseram que foi utilizado sangue de verdade em alguns. Isso é verdade? 

Mary: Sim, mas não é o nosso sangue (risos)! 

Chh: Uma história legal, talvez não engraçada, sobre o sangue, porque não foi a primeira vez que usamos sangue real. É sobre a guitarra que eu uso no clipe “Life’s a Bitch”, porque eu quis fazer uma guitarra apenas para o visual da música, e acabei tendo a guitarra mais ridícula e absurda de todas. Então comprei as peças separadas, e no braço teria uma imagem de um coração humano e o meu apelido (“Chh”), no corpo teria a imagem de uma caveira e de uma coluna humana, e tudo isso seria coberto por sangue, o que realmente fiz. Trabalhei nessa guitarra por dois meses, por causa dos trabalhos em turnês que eu tinha, e com isso o sangue estava se decompondo, o que fez meu escritório ficar com cheiro de cadáver – agora não está mais com cheiro, certamente – e os captadores também comprei os mais ridículos que achei nas lojas. Essa guitarra não era para ser tocada ou vendida, seria apenas para a diversão do vídeo, mas após toca-la percebi que era o melhor som de guitarra que eu já tive, e eu tenho bastantes guitarras. Então todas as músicas agora são gravadas agora com essa guitarra, e também a usarei em todos os vídeos e em todos os shows que eu fizer, porque ela é uma em um milhão. 

Mary: E sobre o sangue a gente meio que tinha bastante dele, a gente tinha se mudado de cidade e trouxemos esse sangue com a gente por alguma razão, e ele (Chh) decidiu que seria perfeito para esse vídeo (N.R.: Magnum Opus). Então era como um sangue seco que tivemos que botar na água e misturar, e foi assim que o sangue foi criado – não estava fedendo quando estava seco, começou a cheirar depois que misturamos com água – nós misturamos e Chh decidiu que eu iria cobrir minhas mãos de sangue e isso seria o vídeo (risos). 

Chh: E também há uma pintura feita em sangue no final do vídeo – uma pintura da nossa logo – e essa é a principal razão do Facebook ter bloqueado esse vídeo. E por conta desse sangue real nós não podemos promover esse vídeo em lugar nenhum, então foi uma ideia legal que falhou (risos). 

Roadie Metal: Como é todo o processo de produção de uma música, desde a sua composição até a edição/mixagem? 

Chh: Eu sou responsável por toda a parte musical, e o processo é sempre o mesmo, eu começo a brinca com a guitarra, e se eu fizer um riff que soa bem eu começo a criar uma música a partir daquilo. Começo a fazer o baixo, a bateria, e quando a parte instrumental é concluída eu tento achar o clima da música, e quando eu acho, começo a escrever as letras e então gravamos os vocais. O processo por si só não é nada mágico, é apenas a gente se divertindo e fazendo. 

Mary: Depois dele fazer as letras ele me passa elas e eu vejo se as mesmas combinam com a música, como posso colocar os vocais nessas letras, fazer algumas mudanças para deixa-la mais entendível. Sou responsável pela maioria das partes vocais, não só as minhas, mas também ajudo Chh com as dele. 

Chh: A parte mais difícil é o clipe, porque a música você pode fazer a qualquer hora, já com o vídeo não funciona dessa forma, você precisa pegar a câmera e ir para um lugar que não tenha outras pessoas, você precisar ter esse lugar, ter a ideia do que vai fazer, o que vai vestir, ter um equipamento… 

Mary: O equipamento é a parte mais difícil, porque nunca tínhamos gravado nada, e compramos uma câmera profissional para fazer esses vídeos, e com isso precisamos guardar dinheiro por um bom tempo para comprar o equipamento. 

Chh: E uma dificuldade no vídeo de “Weak” foi na parte de Mary, porque fomos para um prédio antigo. Para quem está vendo o vídeo é apenas um prédio, mas para a gente é um lugar não muito seguro na cidade, e está apenas nós dois lá com equipamentos caros e sem segurança. Há vários moradores de rua e haveriam várias coisas que poderiam acontecer e teríamos que arcar com as responsabilidades. 

Mary: As ideias que temos as vezes são loucas e irresponsáveis, mas fazemos da mesma forma apenas para se divertir (risos). 

Chh: Até o mesmo o vídeo de “Hell That You Made”, que foi mais simples. Usamos fogo dentro de casa, e tudo poderia dar errado ali. Até o primeiro vídeo, que é o mais simples, com a gente tocando com um sistema de som atrás da gente, foi no armazém da empresa em que eu trabalho, mas tivemos apenas 12 horas para arrumar as coisas, gravar tudo e tirar tudo, foi tudo bem na pressa e não tivermos tempo o suficiente. 

Mary: E ainda precisamos gravar duas vezes, porque a primeira gravamos em outra câmera, já que a (câmera) que temos agora nos disseram que não iria chegar a tempo, mas acabou chegando mais tempo do que esperávamos. Aí gravamos tudo novo porque queríamos tudo na melhor qualidade. E foi até melhor porque fizemos muita coisa errada na primeira gravação, principalmente porque foi nessa primeira experiência com vídeo. 

Chh: Já tínhamos trabalhado bastante com áudios antes, mas tínhamos nenhuma experiência com vídeo. 

Roadie Metal: Alguns dizem que é perigoso trabalhar em casal porque existe o risco dos assuntos pessoais e profissionais serem misturados. Vocês já tiveram algum problema com isso? 

Mary: Na verdade não (riso). 

Chh: A gente se conhece há uma década, e como vivemos juntos a gente acaba trabalhando juntos, e gostamos de fazer tudo juntos. 

Mary: No começo éramos melhores amigos, não havia nada romântico entre a gente, apenas adorávamos sair juntos, e simplesmente aconteceu antes de irmos para a faculdade. E é como Marcin disse, fazemos tudo juntos desde o início do nosso relacionamento, fizemos a banda juntos, fomos a mesma escola, saímos depois da escola, até mesmo durante a escola, e nos mudamos para a mesma cidade, começamos a dividir o mesmo apartamento, começamos uma banda juntos, sempre fazemos tudo junto, não é como se fossemos sócios e fizéssemos parte da mesma banda, somos parceiros na vida e parceiros em tudo. 

Chh: Simplesmente nos divertimos juntos! 

Mary: Sempre fomos grandes amigos desde o início, e construímos toda a nossa vida ao redor disso, e tem funcionado! 

Roadie Metal: Como está sendo toda a situação da pandemia e do Lockdown na Polônia? 

Mary: No começo foi difícil porque a indústria da música foi a primeira a fechar por conta do Lockdown, e estávamos no meio dos shows quando o Governo decidiu fechar todos os eventos, e assim perdemos nossa renda em questões de segundos. Isso foi em março, quando toda essa situação começou. E foi até bem divertido para a gente no início, porque tínhamos boas economias e ficamos em casa com o nosso exército de animais, já que temos dois cachorros e dois gatos, então foi divertido, mas sei que o Lockdown na Polônia foi bem difícil para muitas pessoas, para muitos negócios. As coisas começaram a reabrir em julho, chegou a acontecer alguns shows, mas agora voltou a fechar por conta da segunda onda, e agora eles fecharam também os cemitérios, e ninguém pôde ir visitar as pessoas queridas que se foram. E no meio disso o Governo decidiu tornar o aborto ilegal, não em todos os casos, mas no caso em que o feto está deformado e que é certeza de morte logo após nascer. 

Chh: E agora todo o país está em protesto contra o Governo. 

Mary: No meio da pandemia! 

Roadie Metal: Vocês chegaram a realizar algum show? 

Chh: Nosso plano é lançar umas 4 ou 5 músicas para conseguir um público, e depois fazer um show. Porque quando uma banda nova anuncia um show, ninguém se importa, mas quando você é de uma banda conhecida, as pessoas vão querer ir ao show. 

Mary: Eles conhecem a sua música, te viram no Youtube, e agora querem te ver ao vivo. Mas se você é uma banda sem nome, ninguém vai se importar, então queremos publicar músicas o suficiente para ter um set completo, e então ir pro palco. 

Roadie Metal: Então não há nenhum plano para se apresentar no futuro por enquanto? 

Mary: Não planejamos fazer nada agora, principalmente porque precisamos de um baterista. Infelizmente não dá para tocar tudo ao mesmo tempo (risos). 

Chh: Temos alguns amigos bateristas e que poderiam tocar com a gente, mas ainda não combinamos nada, porque não acreditamos que os shows serão liberados tão cedo na Polônia. 

Mary: Não há sinal que em janeiro os shows serão retomados, então não estamos planejando nenhum show até ter certeza que irão poder acontecer, porque até no local onde trabalho ainda há shows que as datas mudam praticamente todo mês. Então não faz muito sentido planejar nada agora, queremos que a situação se estabilize antes. 

Chh: E também não queremos ter um baterista fixo, porque o que aprendemos com nossas experiências é que quando há muita gente na banda fica bem complicado, porque nem todos tem tempo e há muitos problemas. Por isso o plano é que a banda seja apenas nós dois, e que quando houver show, a gente chama um baterista amigo apenas para tocar com a gente ao vivo. 

Roadie Metal: Como vocês acham que vai ser o mercado musical após a pandemia? 

Chh: É uma ótima pergunta, porque os músicos são apenas uma parte dessa indústria, tem as empresas que fornecem o sistema de som, tem os técnicos de som… Na Polônia, muitas dessas empresas fecharam as portas, muitas pessoas da indústria deixaram o tamo, porque não há trabalho. 

Mary: E quando eles reabrirem a indústria não sei se haverá pessoas o suficiente para trabalhar nos shows, porque alguns meio que começaram uma nova vida com um novo trabalho, e muitos não vão querer deixar esse novo trabalho com medo de tudo fechar de novo e eles perderam o emprego novamente. 

Chh: E a terceira parte são os organizadores dos eventos, muitos também deixaram o ramo. A Live Nation da Polônia está praticamente morta. Então a indústria irá reabrir, e basicamente não haverá pessoas para trabalhar nos shows. 

Mary Apesar dessa bagunça no ponto de vista técnico, acho que quando a coisa estabilizar as pessoas estarão felizes de poder voltar ao normal. Quando os eventos puderam acontecer de novo na Polônia em agosto vimos como as pessoas estavam felizes em poder ir em shows, elas começaram a comprar ingressos e as áreas estavam sempre cheias. Então acho que todos estarão eufóricos quando os grandes eventos puderem voltar a acontecer. 

Roadie Metal: Qual música do Rest In Dust vocês escolheriam para representar 2020, e por que? 

Chh: Acho que essa música seria “Weak”, porque é uma música sobre “não ser fraco”, e sobre as dificuldades que temos que enfrentar. Então essa é a música mais “2020” do Rest In Dust. 

Roadie Metal: Há algo não mencionado nessa entrevista que vocês queiram adicionar? 

Mary: Estamos preparando uma nova música, ela se chamará “Parasite”. 

Chh: E como mencionei antes, todas as nossas músicas são sobre formas de você “desperdiçar a sua vida”. E “Parasite” falará sobre as pessoas carentes, que não conseguem viver de forma independente e precisam explorar os outros para sobreviver. 

Roadie Metal: Você já tem uma data de lançamento para essa música? 

Chh: Adoraríamos ter uma, mas a vida é a vida. Queremos lançar até dezembro, e até agora está tudo saindo como planejado, por enquanto, mas não quero dar uma data porque algo pode dar errado até lá, ninguém sabe. Todas as atualizações nós avisamos no Instagram, temos a página oficial no Facebook também, mas não gostamos muito, então para quem quiser saber as novidades o Instagram é o lugar para se estar.