Nós da Roadie Metal, batemos um papo sobre música, preferências, discos marcantes e momentos únicos da carreira do baixista, A.K. da banda The Undead Manz.

A conversa divertida, busca apresentar os interesses e gostos pessoais do artista fora de sua obra já criada. Confira como foi:

01 – Fale sobre seu trabalho e como você descobriu o Rock/Metal em sua vida?

Então, vamos por partes. Sobre o meu trabalho com a música, comecei a tocar guitarra em 2006 aproximadamente, e eu deveria ter uns 16 anos, e depois fui para demais instrumentos. Na época participei de duas bandas da minha juventude (nenhuma das duas vingou, mas as primeiras bandas tem aquele gosto nostálgico quando pensamos nisso).

A posterior, entrando último ano do ensino médio fiquei sem bandas, uma delas acabou organicamente, e na outra briguei com o vocalista, e encerrando o ensino médio mudei de cidade para continuar estudando (morava na cidade de Laguna, e me mudei para Criciúma), onde fiquei cerca de 5 anos sem entrar em bandas, mas ainda sempre tive contato com artistas locais, onde fiz muitas amizades no meio da cena da cidade. Em 2015 entrei em uma banda local chamada “Motorcocks” como baixista, onde fiquei por pouco tempo, mas onde acumulei várias histórias e amizades.

Em seguida participei de bandas de menos expressão, até que fui convidado pelo Z para reviver uma antiga banda de Black Metal, mas por condições alheias a nossa vontade não foi possível reviver esse projeto, mas por conta disto tive a oportunidade de ingressar nas fileiras da “The Undead Manz”.

Quanto a segunda pergunta, como eu descobri o metal, creio que no último ano, ou no penúltimo, do ensino fundamental entrou um rapaz novo na turma da escola, e nós acabamos criando amizade, ele me deu de presente o “temple of shadows” do Angra (em um amigo secreto), e aquele CD foi libertador na primeira vez que eu escutei. Foi mergulhar de vez nesse oceano louco do metal.

Antes desta época eu não tinha me encontrado direito com a questão da música, não me sentia representado por uma espécie de “tribo” ou qualquer outra porcaria do tipo, mas eu já tinha conhecimento de bandas mais conhecidas, como o Nirvana, por exemplo.

02 – Qual banda você escutou pela primeira vez e sentiu que esse estilo serie eterno em sua vida?

Justamente o Angra, o Álbum “temple of shadows”. Os primeiros acordes da primeira música já tive a sensação de “amor a primeira audição”.

03 – Em seu instrumento, cite três músicos que você admira e tem como referência e os motivos!

Bem, primeiramente eu não gosto do termo “referência”, eu prefiro mais utilizar o termo “inspiração”, mas beleza, vamos ao cerne da pergunta:

Primeiro de tudo e antes de mais nada: Felipe Andreoli, ele é um baixista fantástico, e justamente pelo trabalho feito no “Temple of Shadows” e “Aurora Consurgens”, entre outros trabalhos que eu acompanhei dele, sempre achei o trabalho dele genial.

Em seguida vem o grande mestre do baixo: Steve Harris, a energia dele no palco (não só dele, mas de todo o Iron Maiden), e questão de técnica, as linhas do baixo bem produzidas, as composições, é um baixista incrível!

E o terceiro da lista (mas não menos importante): John Myung. É ligar a TV e colocar um DVD do Dream Theater apenas para apreciar a técnica. Isso sem falar que uma das minhas músicas favoritas do DT foi composta por ele (Trial of Tears).

04 – O que você modificaria no cenário nacional em relação ao trabalho das bandas nacionais.

Essa é uma pergunta venenosa… Tem muita coisa no cenário nacional que precisa ser modificado. Desde o próprio perfil das bandas, muitas delas não se deram conta que precisam apresentar algo novo. É muito fácil pegar no You Tube e pesquisar por uma banda do nível de Iron Maiden ou Metallica (por exemplo), e o que eu vejo é que muitos músicos tentam compor coisas que se aproximam muito de grandes artistas de 1980 ou 1990, sem se dar conta que por fazer algo similar estão utilizando uma personalidade musical de outro artista, não estão somando em absolutamente nada para o cenário.

É necessário apresentar algo novo para somar dentro das artes (aqui vou contar um segredo para vocês: música é uma forma de arte, não estamos separados das outras expressões como muita gente imagina).

Pensar dessa forma, o híbrido entre música e outras formas de expressão ampliam a complexidade e apresentam algo novo. Em outros meios artísticos já se pensa desta forma, de se consumir outras fontes para apresentar algo novo, e no meio do metal ficamos isolados, sem apresentar algo novo, apenas criando trabalhos similares com o que já foi feito a décadas atrás, e nos isolou das artes de uma maneira geral, bem como do progresso musical.

05 –Você escuta outros estilos de música? Se sim, quais e mencione artistas do gênero.

Sim, eu escuto muita coisa fora. Vou começar com o mais conhecido para entrar para o mais excêntrico: sou apaixonado por música clássica, “Ode to Joy” (parte da 9ª sinfonia) de Ludwing Van Beethoven geralmente me faz chorar, é uma peça musical que frequentemente me faz passar por catarses intensas.

Bem, na mesma linha eu tenho uma paixão por hinos e canções patrióticas. Para quem não conhece muito além do hino nacional brasileiro, recomendo o Hino nacional do Uruguay, é uma belíssima composição.

Já na linha popular eu gosto de escutar muito SKA, desde Reel Big Fish, Less Than Jake, Streetlight Manifesto, Skameleon, que são bandas estrangeiras de maior peso até O Mundo Analógico da minha cidade. Vale a pena conferir.

Não que eu escute diariamente todas elas, mas eu tenho grande curiosidade sobre música ancestral e étnica, geralmente europeus (mas não apenas estes). Por exemplo, música ancestral grega, marchas russas (Katyusha por exemplo), música galega, música celta (esta escuto com mais frequência e admito que gosto muito de música céltica), marchinhas alemãs (principalmente quando se aproxima da Oktoberfest – EIN PROSIT! Risos), canções açorianas, canções de capoeira (esta eu também escuto com frequência maior, até por praticar capoeira). Em fim, sou um grande curioso pela cultura tradicional de outras culturas.

Uma paixão que eu tenho é o Tango. Os nossos vizinhos da bacia da prata tem belas composições de tango. Para começar a se escutar tango eu sugiro os mais clássicos como “Carlos Gardel”, e “Astor Piazzola”, são os mais conhecidos compositores.

Do tango e da música folclórica eu já puxo o link para o neo-tango e neo-folk, que são dois gêneros que como o nome sugere mesclam músicas de tango e folk com batidas eletrônicas modernas.

Do neo-tango eu destaco três artistas: “Las Rositas”, que é um power trio formado por três argentinas; “Bajofondo” que é um grupo formado por artistas da Argentina e do Uruguay; e “Gotan Project” que é um projeto formado por um francês, um suíço e um argentino.

Do neo-folk destaco “Faun”, sendo que os trabalhos mais antigos se tem uma carga maior de música eletrônica, “Egil Saga” e “Tinta” são duas músicas que servem bem de exemplo desse gênero, os novos trabalhos deles também são de excelente qualidade, mas para conhecer o gênero eu sugiro essas duas músicas. Destaque também para álbum “Same Zgode…” da banda de uma mulher “Irij”, os outros trabalho desse projeto vão do dark folk ao folk rock/metal, então eu destaco esse trabalho em específico como neo-folk.

06 –  Comente sobre três discos fundamentais em sua coleção.

Iron Maiden – Brave New World.

Esse CD do Iron é possível de se escutar do início ao fim, de trás pra frente, sem pular nenhuma faixa. Todas as composições são de primeira linha.

Eluveitie – Everyrthing Remains (as it never was…).

É o tipo de CD para se ter uma descarga catarsica escutando, eu sou apaixonado por folk metal, e esse álbum do Eluveitie é genial (assim como todos os outros trabalhos risos).

O Mundo Analógico – O Nosso Mundo

Esse é o terceiro CD que é para se escutar do início ao fim sem pular uma faixa sequer. Talvez por eu ter nascido em uma cidade do litoral (e ter morado do nascimento até os 18 anos) esse CD meche muito com a minha memória afetiva, e talvez por isto eu goste tanto de escutar esse álbum. Por vezes tenho experiências sinestésicas escutando esse álbum.

07 – Cite uma banda dos anos 70, uma de 80, de 90, de 2000 e uma atual que não podem faltar na sua Playlist.

Pergunta difícil, tive que tirar muitas bandas que eu realmente gosto da lista, mas vamos lá:

1970 – Black Sabbath;

1980 – Iron Maiden (ok, fundação em 1975, mas boa parte dos principais trabalhos estão nos anos 80);

1990 – Amon Amarth;

2000 – Eluveitie;

Atual: Ghost.

08 – Você é adepto e a favor de Streaming, porque?

Não sei se conta como streaming, mas eu escuto muita coisa pelo YouTube. Boa parte do meu dia eu passo na frente de um computador, então eu uso essa plataforma para escutar música. Em casa eu dou preferência para a minha coleção de CDs. E por não ter a possibilidade de usar fones de ouvido enquanto se dirige o carro (visto que é infração de trânsito) e por (ainda) não ter aparelho de som no meu veículo, costumo não escutar nada enquanto dirijo. Por isto eu não tenho por hábito usar plataformas famosas como o Sporfy ou Deezer.

Mas apesar de eu não usar, eu acredito que é uma reação da indústria fonográfica para combater a pirataria e renovar o mercado da música. Por mais que eu tenha conversado com alguns outros artistas, e me informaram que em questão de rentabilidade não era lá essas coisas, eu sei que o Streaming é uma reinvenção da industrial, e é o caminho natural das coisas (atualizar a forma de vender, ao invés de ficar dando murro em ponto de faca), e para o consumidor final é uma ferramenta extremamente positiva.

09 – Fora da música quais são suas paixões e hobbys?

Eu sou atleta de um time de rugby na minha cidade, e religiosamente todo o sábado é dia de rugby. Hoje eu estou no “departamento médico” por conta de uma lesão no polegar direito, mas mesmo lesionado eu compareço no treino para dar um apoio para os “juvenas” e assistir o jogo-treino na parte final.

Também sou capoeirista, conforme respondi na pergunta 7, eu sou da opinião platônica que para manter uma mente ativa é necessário ter um corpo ativo, por isto gosto muito de praticar esportes. A capoeira em especial trabalha além da questão do corpo (pois é uma atividade física de certa intensidade) também a questão musical e energética (visto que uma “roda” de capoeira é a energia de todos os presentes: músicos, lutadores e quem se encontra em stand by cantando e batendo palmas).

Eu também costumo estudar muito, estou no segundo curso de graduação (bacharelado em artes visuais) o que ocupa muito tempo produtivo de maneira positiva.

Por estudar artes dentro da academia, eu acabo me envolvendo muito com a arte e cultura na nossa cidade. Participo de exposições (tanto como artista, tanto como es/expectador, conheço pessoas envolvidas, oficinas, e isso reflete também na minha produção de arte dentro e fora da música.

Fora dessa loucurada de esportes, artes e tudo mais, gosto muito de parar para tomar uma cerveja com meus amigos, uma boa conversa para escutar algumas mentiras deles (risos) ou mesmo assistir um filme em casa com minha namorada em casa, sempre acompanhado do meu cachimbo.

10 – Complete a frase: Minha alma sem a música seria…

Não sou adepto do pensamento de Frederich Nietzche, mas concordo com ele que seria um erro…

Formação:

Z – Vocals/Guitarra

Arduinnah – Guitarra

A.K.– Baixo

Reactor – Bateria

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