Em certos momentos da vida é difícil não ter o sentimento de que o fim se aproxima, seja em uma relação de amizade, amor, trabalho ou arte. Aquele sentimento de que algo está ruim, mesmo estando bom, é quando o sentimento de outrora se esvai. Nos anos 90 aconteceu muito isso, com bandas mudando seu som e perdendo sua atmosfera, mas eram álbuns ruins? A maioria não, mas eram estéreos, como foi o caso de “Negatron” lançado em 1995.

Em “The Outer Limits” (1993), a banda produziu um excelente disco, enquanto lidava com a partida do membro fundador e do baixista de longa data Jean-Yves Theriault (também conhecido como Blacky).  A partida de Dennis Belanger (Snake) da banda após o lançamento do último disco, solidificou ainda mais a convicção acima mencionada, pois os seus notórios vocais e letras apocalípticas / sci-fi eram uma parte significativa da identidade de Voivod, mas que aos poucos iam se perdendo. Em qualquer caso, os membros restantes, Away e Piggy, não ficaram com os braços cruzados e logo após a conclusão da turnê de “The Outer Limits”, começaram a trabalhar em algo novo. Quando Eric Forrest veio para ocupar tanto o baixo como o vocal, a banda tirou o melhor, desse momento conturbado, para lançar seu novo álbum, intitulado “Negatron”.

Forrest tem um bom vocal, mas para o Death Metal ou Hard Core. As novas canções, ao que parecem, foram feitas para se ajustar aos vocais, a guitarra e o baixo estão pesados e distorcidos, isso gerou a perda do seu punk metal de vanguarda para dar lugar ao Groove-Doom-Industrial, que produz boas músicas como “Insect”, “Project X” e “Nanoman”, ambas com uma pegada “Panteresca”.

https://www.youtube.com/watch?v=6zB0AnMcQZQ

Os elementos industriais, que residia como um vírus adormecido dentro do corpo da banda, aparecem em “D.N.A. (Don’t No Anything) e nas distorções no vocal de Forrest  aqui e ali durante todo o registro.

O Voivod é uma banda que mesmo gozando de uma boa reputação no underground, não conseguiu mais destaque do que já obteve, mas  possui um estilo único e difícil de se copiar. “Negratron” prova a força e persistência da banda. Em vista da mudança da formação, com Snake deixando a banda, o Voivod teve que se adaptar e surpreender os fãs com um potencial desconhecido.

Curiosidade: O álbum possui duas versões, além da oficial, uma da Pony Canyon com dois bônus: “Vortex”,”Erosion “, lançado no Japão e uma da Mausoleum Records com a inclusão de “Drift”, como 11ª faixa.

Formação:
Eric Forrest (Vocal, Baixo);
Denis D’Amour – Piggy (R.I.P. 2005) (Guitarras, Efeitos);
Michel Langevin – Away (Bateria).

Faixas:
1. Insect
2. Project X
3. Nanoman
4. Reality?
5. Negatron
6. Planet Hell
7. Meteor
8. Cosmic Conspiracy
9. Bio-TV
10. D.N.A. (Don’t No Anything)