Banda formada no ano de 1969, UFO lançou dois ótimos álbuns no início de sua carreira: UFO 1 (70) e UFO 2: Flying (71). Entretanto, apenas com a entrada do guitarrista Michael Schenker em 1973, é que a carreira decolou. Foi com o alemão em sua formação que os ingleses se consolidaram como um dos maiores nomes do Hard Rock dos anos 70, graças a uma sequência de 5 álbuns em 5 anos: Phenomenon (74), Force It (75), No Heavy Petting (76), Lights Out (77) e Obsession (78). Então, devido a desavenças internas, o alemão pulou fora, obrigando-os a recrutar um velho conhecido, Paul Chapman, que já havia trabalhado com o UFO em outras ocasiões.

A saída do icônico guitarrista alemão causou aos fãs uma enorme frustração, descarregada em cima do novo integrante. Era comum, nos shows, parte dos fãs vaiarem o guitarrista no momento em que ele fazia seus solos. Em estúdio as coisas também não funcionaram perfeitamente, já que No Place to Run (80) é um álbum um tanto quanto inconstante, e não teve uma repercussão tão positiva quanto os lançamentos anteriores. O resultado foi a saída do tecladista Paul Raymond que, pasmem, foi tocar com ninguém menos que Michael Schenker no MSG. O talentoso Neil Carter foi então convidado, e a banda partiu para o estúdio para a gravação de The Wild, the Willing and the Innocent.

A primeira coisa que preciso falar não tem absolutamente nada a ver com música. Sempre que me deparo com esse álbum, a primeira coisa que me surge a cabeça é o filme de Sergio Leone, The Good, the Bad and the Ugly (66) – no original em italiano, Il buono, il brutto, il cattivo, no Brasil, Três Homens em Conflito – que fecha a Trilogia dos Dólares, que ainda conta com Por um Punhado de Dólares (64) e Por uns Dólares a Mais (65). Se você gosta de faroestes com muita violência, tensão e tiroteios, mas por algum motivo absurdo não assistiu a nenhum deles, corrija essa falha em sua vida, pois são trabalhos clássicos. Posto a dica cinematográfica, vamos ao que interessa.

Lançado em 06 de Janeiro de 1981, The Wild, the Willing and the Innocent não é um álbum muito lembrado pelos fãs de Rock/Metal, até porque, convenhamos, esse foi um ano de lançamentos do porte de Diary of a Madman (Ozzy Osbourne), The Mob Rules (Black Sabbath), Welcome to Hell (Venom), Killers (Iron Maiden), Denim and Leather (Saxon), Fire Down Under (Riot), Rock Until You Drop (Raven), High and Dry (Def Leppard) e No Sleep ‘til Hammersmith (Motorhead). Entretanto, toda vez que o escuto, bate aquela sensação de injustiça, porque a verdade é que o 9º trabalho de estúdio do UFO não só é o melhor lançamento da banda pós-Schenker, como um também um dos melhores de toda a sua extensa carreira.

Equilibrando muito bem o lado Hard com o mais comercial, o quinteto formado por Phil Mogg (vocal), Paul Chapman (guitarra), Neil Carter (teclado/guitarra), Pete Way (baixo) e Andy Parker (bateria) presenteou seus fãs com canções simples, intensas, fortes e bem melodiosas. “Chains Chais” abre o álbum com ótimos riffs e um refrão incrível, sendo seguida da ótima “Lone Gone”, uma das melhores músicas de toda a carreira do UFO; “The Wild, The Willing and the Innocent” se destaca pelas boas guitarras, e a cativante “It’s Killing Me” apresenta um ótimo trabalho de baixo; “Makin’ Moves” se mostra pesada e possui bons riffs; “Lonely Heart” é uma das faixas mais controversas da banda, já que apesar das ótimas guitarras, da mescla perfeita entre Hard e Pop, possui um solo de sax que incomodou a muitos fãs. Já para mim, é uma das melhores canções de todo trabalho. Encerrando, temos a melódica “Couldn’t Get it Right” e a linda balada “Profession of Violence”.

A produção é muito boa e foi realizada pela própria banda, enquanto a capa foi mais uma vez feita pela Hipgnosis, responsável por capas icônicas não só do próprio UFO, como de nomes como Pink Floyd, Scorpions, Black Sabbath, Led Zeppelin, dentre muitas outras. Se você desconhece a fase com Paul Chapman, ou nunca deu tanta importância a mesma, talvez seja o momento de rever seus conceitos e dar uma oportunidade para The Wild, the Willing and the Innocent. Certamente não irá se arrepender.

Faixas:
01. Chains Chains
02. Long Gone
03. The Wild, The Willing and the Innocent
04. It’s Killing Me
05. Makin’ Moves
06. Lonely Heart
07. Couldn’t Get it Right
08. Profession of Violence
Formação:
Phil Mogg (vocal)
Paul Chapman (guitarra)
Neil Carter (teclado/guitarra)
Pete Way (baixo)
Andy Parker (bateria)