Podem dizer que estou chovendo no molhado em dizer que Opeth – especialmente com o disco Pale Comunnion – é por demais um autêntico Rock Progressivo, e não uma banda de Death Metal escandinava… Mas claro: Se algum dia se propôs a ser Metal, tornou-se gradativamente Rock Progressivo. A história de determina-los como Death Metal Progressivo, para mim soa estranho, porque não é bem uma banda em transição para outro estilo, é bem mais assumir que se tornou algo bem diferente, pois não vejo intercessão entre esses dois estilos.

Mas eles foram capazes disso, e a proposta linda do som progressivo moderno é um sinal de que lindos acordes de guitarras harmônicas, construções jazzísticas e virtuosismos instrumentais ainda são possíveis no universo criativo. Os lindos metais e pedais duplos que configuram a beleza de um estilo musical rico de notas e cadências misturadas, casa como deleite com a voz de Mikael Åkerfeldt.

Eu tenho que destacar que neste álbum (simplesmente sensacional), você viaja ao estilo oriundo dos anos 70, mas perfeitamente executado em plenos anos 2014 e faz com que a música ainda possa nos conduzir à novidades e surpresas.

Não há como não destacar que em trabalhos do passado, uma das bandas inspiradoras pros caras era o Iron Maiden, e esta é uma banda que respeita e destrincha o bom Heavy Metal com o Progressive, mas na linha do Death… Não sei não. Não há fusão. Há mudança de perfil, comportamento e linha de trabalho. Ouve-se Rush em vários momentos deste álbum, mas isso é só minha opinião.

Conheça Pale Communion:

Vamos começar pela bateria e os teclados de “Eternal Rains Will Come”. Até o mesmo silêncio absurdamente introduzido logo ao início nos conduz à um lugar que só eles sabem onde é. Mas é bom estar ali…Uma melodia para dormir em paz.

Cusp of Eternity é uma viagem sem volta para a voz e as letras do vocalista, um coro é introduzido em sua temática mas o que mais impressiona nessa canção é o instrumental riquíssimo das guitarras.

Moon Above, Sun Below – Agora as coisas já estão menos óbivias e mas a enorme canção finalmente leva para elementos sonoros tão difusos que sim. É uma grande leitura do  moderna do Progressivo.

Elysian Woes é agradável e leve, mas foge de tudo que a banda é de verdade. Uma poesia cantada…

Goblin – Lindissima jogadinha entre teclado e bateria e  uma pitada de boas cordas. Uma riqueza instrumental!

River – As guitarras salvam a música que começa meio entediada mas finaliza com o ponto que mais identifica de longe, bem de longe algo de metal.

Voice of Treason – Aquilo que você não espera torna essa canção à trilha de filme. Longa e acompanharia bem um “007”.

Faith in Others – Me faz acreditar que esses caras são realmente uns “fodas”. Fechar o disco com uma delicadeza daquelas, depois de tantas variantes instrumentais…

Eu recomendo que se tenha esse disco no carro, e se prepararem para a mente ir longe. Uma boa viagem pro campo e pra praia… E principalmente entender, que música progressiva é música para ouvidos atentos, para quem gosta de partituras e harmonias cheias de nuances variadas. Assim como o Jazz, o Flamenco, por exemplo, as canções virtuosas e longas, à 12 compassos, levam-nos à verdadeira criação acadêmica. Mas espera aí! É uma banda de Death Metal?… Melódico, Progressivo? Não!

É um único e exclusivamente: OPETH.

Pale Communion:

Lançamento: 25 de agosto de 2014/Roadrunner Records.

Formação:

Mikael Åkerfeldt (vocal, guitarra – composição, direção de arte, engenharia);

Fredrik Åkesson (guitarra, backing vocals);

Martín Méndez (baixo);

Joakim Svalberg (teclado, piano e backing vocals);

Martin Axenrot (bateria e percussão)

Ficha Técnica:

Dave Stewart (arranjo de cordas)

Tom Dalgety (engenharia e produção)

Janne Hansson (engenharia)

Steven Wilson (mixagem e backing vocals)

Paschal Byrne (masterização)

Travis Smith (arte gráfica)

Colin Bradburne (gravação – bonus tracks)

João Paulo Costa Dias (gravação – bonus tracks)