Mais um ano se inicia e, com ele, sonhos, planos e expectativas, sobretudo pela tão desejada vacina para que possamos retornar à normalidade, ou beirar a mesma. Nós da equipe Roadie Metal desejamos a todos os nossos leitores um 2021 repleto de realizações e bons momentos.

E o primeiro cronologia de 2021 destina-se a um dos mais bem sucedidos grupos da história do rock, sendo também uma grandiosa força da vertente progressiva: Kansas. A banda se originou em 1971 inicialmente com o nome White Clover, tendo como integrantes o baixista Dave Hope, o baterista Phil Ehart (estes dois integravam anteriormente um outro projeto nominado Kansas, que não durou muito), o tecladista e vocalista Steve Walsh, o violinista e vocalista Robby Steinhardt e o guitarrista Rich Williams. O nome da banda foi alterado para Kansas após a chegada do guitarrista Kerry Livgren, que havia participado com Hope e Ehart do trabalho predecessor, sendo uma homenagem ao estado natal, localizado no centro dos Estados Unidos.

A gravação do primeiro álbum se deu em 1973, com o mesmo vindo à tona no ano seguinte. Autointitulado, foi recordado pela Kirshner Records sob a produção de Wally Gold, trazendo ao todo oito faixas. Trata-se de um registro que, embora tenha sua essência no progressivo, traz influência de outros gêneros, como o country e o blues.

Os trabalhos são abertos com a enérgica “Can I Tell You”, com destaque para o duo Walsh/Steinhardt arrebentando nos vocais e o violino efervescente. Esse fascinante instrumento que eu, particularmente, aprecio por demais se faz ainda mais presente na segunda faixa, “Bringing it Back”, um cover de J.J. Cale, num ritmo dançante. Tem-se uma quebra rítimica em “Lonely Wind”, que destoa das demais pela calmaria baladeira, mas se iguala pelos belos vocais e instrumentais, com o piano sendo o norteador.

A agitação volta a ter vez em “Belexes”. Nessa faixa, o destaque fica por conta do som do órgão produzido por Livgren, com solos de guitarra, baixo fritando, violino exuberante e o poderio vocálico de Walsh, além, claro, da técnica de Ehart nas baquetas. Uma música em que todos os integrantes tem performance além das expectativas. Fantástica! O momento épico chega ao álbum por meio de “Journey from Mariabronn” e seus oito minutos de fascínio, envolvendo diversos assuntos e alternância de ambientações numa harmonia perfeita entre o progressivo e o sinfônico.

Chegando à parte derradeira do álbum, surge a contagiante “The Pilgrimage”, que traz novamente o poder do violino aliado à guitarra, com pegada dançante e que remete ao country. Sintetizadores anunciam que “Aperçu” está a iniciar, sendo esta a música mais longa do registro, com 9min37s. Uma aula de rock progressivo, com a voz de Walsh parecendo estar ainda mais apurada. Cabe à “Death of Mother Nature Suite” encerrar este primeiro e exitoso feito do Kansas, abrangendo um clima mais ameno e tendo o protagonismo de Steinhardt nos vocais nos seus oito minutos.

“Kansas” deu, em grande estilo, o pontapé inicial para que os seis músicos de Topeka pudessem alcançar postos ainda maiores não apenas no rock, mas na música em geral, mostrando grande técnica, virtuosismo e talento. Sucesso crescente, que teve uma alavancada ainda maior a partir do próximo álbum, “Song For America”, mas sobre o mesmo deixo para o próximo cronologista discorrer. Era o início de uma carreira e de uma história que neste ano completa 50 anos. Obrigado, Kansas!

Kansas – Kansas
Data de lançamento: 8 de março de 1974
Gravadora: Kirshner Records

Tracklist:
01 – Can I Tell You
02 – Bringing It Back (J.J. Cale cover)
03 – Lonely Wind
04 – Belexes
05 – Journey From Mariabronn
06 – The Pilgrimage
07 – Aperçu
08 – Death of Mother Nature Suite

Formação:
Steve Walsh – vocais, piano, órgão, vocal de apoio
Kerry Livgren – guitarra, órgão, piano, sintetizadores, vocal de apoio
Robby Steinhardt – vocais, violino, vocal de apoio
Rich Williams – guitarra
Dave Hope – baixo, vocais de apoio
Phil Ehart – bateria