Falar no nome do DEATH é falar no pai verdadeiro do Death Metal.

Sim, vocês leram certo: o PAI verdadeiro do Death Metal é a figura carismática e simpática de Chuck Schuldiner, talvez um dos 5 músicos mais criativos de toda história do Heavy Metal. A história de Chuck fala por si, pois nunca renegou suas origens ou o que fez musicalmente. E tinha a mentalidade de evoluir musicalmente sempre. Pode se dizer que da mente dele, tudo que se conhece em termos de Death Metal nasceu, pois a constante evolução musical do DEATH deixou traçada caminhos para todos os subgêneros de Death Metal que conhecemos. Da sujeira e esporreira simples de “Scream Bloody Gore” e “Leprosy”, passando pela pegada um pouco mais técnica de “Spiritual Healing” e “Human”, e pela técnica melodiosa e jazzística de “Individual Thought Patterns”, vemos que mesmo as letras foram evoluindo com o passar do tempo. E um disco como “Symbolic”, sexto full da banda, é maravilhoso, é ter acesso à compreensão musical de Chuck.

Musicalmente falando, “Symbolic” é um pouco mais brutal e ríspido que “Individual Thought Patterns”. Mesmo porque da formação anterior, só sobraram Chuck nas guitarras e vocais, e Gene Hoglan na bateria. Os novos comparsas de banda eram os então desconhecidos (que tinha tocado no AZRAEL, e hoje está no EXPEDITION DELTA) nas guitarras, e Kelly Conlon no baixo (sendo que o DEATH foi seu primeiro trabalho relevante, e depois, passou por MONSTROSITY, PESSIMIST, além de tocar ao vivo com o VITAL REMAINS). Mas mesmo assim, a noção melodiosa intensa continua presente nos solos e muitas passagens (inclusive existem belos duetos de guitarra em muitos momentos, como em “Empty Words”). Ou seja, o quarteto mostra sinais de que havia rebuscado um pouco mais de seu passado, mas sem negar o que haviam feito até ali. E por isso “Symbolic” é um disco de primeira!

A produção é do próprio Chuck em parceria com Jim Morris, tendo a masterização de George Marino. Sonoramente, “Symbolic” soa limpo e agressivo das devidas proporções, como seu antecessor já mostrava. E o mais importante é o DNA do DEATH, que está evidente em cada canção.

Já no lado gráfico, a capa de René Miville ficou ótima, bem antenada com a proposta musical do quarteto.

O que se houve em “Symbolic” é um DEATH renovado, inspirado e com sede de fazer boa música. E aproveitando da experiência própria e de Gene, mais a juventude de Bobby e Kelly, acertaram na mosca e criaram mais uma porrada de doer os ouvidos mais incautos e cérebro de radicais “Old School”. Ou seja, mais uma vez Chuck calou a boca de seus detratores na época, e de futuros radicais “anos 80” que nasceram após 1995…

Fazer um raio-X de “Symbolic” é desnecessário. O disco fala por si, tem seus méritos, e destacaria apenas duas faixas: a trabalhada e cheia de nuances diferenciais em “Empty Words” (onde melodia, técnica e agressividade se mesclam perfeitamente, evidenciando uma torrente de riffs de guitarra bem arranjados, solos de primeira, e vocais para lá de ótimos); e a melódica e ácida “Sacred Serenity” (como baixo e bateria estão fazendo um trabalho de alta qualidade). Ah, o resto do disco é somente foda demais, imperdível. Já deu para entender que estou falando para ouvir a porra do disco do inicio ao fim? Espero que sim, pois “Symbolic” é um puta discão!

E aproveito para deixar as palavras do mestre Chuck para as gerações mimimistas chatas da internet: “Eu não quero fazer pregações, mas gostaria de ver o Metal se tornar algo mais unido. Estou cansado de ver pessoas destruindo as coisas com categorias como Thrash Metal e Death Metal. Penso que as pessoas tendem a se apegar a uma categoria, e quero que as pessoas apoiem todos os tipos de bandas, sem importar se é o SLAYER, o QUEENSRYCHE ou o DEATH. Sinto saudades dos dias em que era aceitável ouvir de tudo, de Priest e Maiden até SLAYER e VENOM”.

Saudades de mais mentes pensantes como a de Chuck…

No mais, “Symbolic” mostra o quanto Chuck faz falta ao Metal.

Formação:
Chuck Schuldiner (vocal e guitarra);
Bobby Koelble (guitarra);
Kelly Conlon (baixo);
Gene Hoglan (bateria).

Faixas:
01 – Symbolic
02 – Zero Tolerance
03 – Empty Words
04 – Sacred Serenity
05 – 1,000 Eyes
06 – Without Judgement
07 – Crystal Mountain
08 – Misanthrope
09 – Perennial Quest