Como ávido leitor de H.P. Lovecraft, recebi com bastante expectativa o EP “From The Depths Ov Mind” da banda catarinense Viletale.

O grupo foi formado em 2016 e esse presente EP já é o seu segundo registro, o que demonstra que Bruno Jankauskas (vocal/guitarra), Alan Ricardo (guitarra), Filipe Oliveira (baixo) e Matheus Lunge (bateria) são músicos bastante focados e atuantes, do tipo que não perdem tempo esperando que as coisas ocorram ao seu redor.

Antes de começar a audição do disco, uma olhada no encarte é recomendável. As letras, inspiradas nos contos do escritor americano, que incorporou sua Providence natal, estão absurdamente fantásticas. Uma adaptação impecável da obra lovecraftiana, onde alguns versos emulam perfeitamente seu estilo. Gostaria de parabenizar o membro da banda responsável por esse feito, mas aí surge uma falha lamentável do disco que é a absoluta falta de créditos ou quaisquer outras informações. O encarte contém as letras e só. Não consta nada sobre quando e onde foi gravado, quem produziu, ou mesmo quem são os integrantes da banda. Algo a ser revisto, certamente, mas o CD começa a rodar e surge a intro “Innsmouth”, bem tensa e climática, preparando-nos para o começo da primeira faixa “Shattered Existance”.

A música executada pelo Viletale surge como um Death Metal extremamente violento e bem executado, com muitos elementos de Black Metal e vocais versáteis e animalescos de Bruno Jankauskas, mas o problema é que uma boa parte de nossa percepção sobre essa performance tem que ser presumida, pois a produção não contribui para o resultado do trabalho. O próprio começo de “Shattered Existance”, que ao surgir colado com o final da intro, deveria iniciar impactante como uma explosão, parece sofrer uma diminuição de seu volume, reduzindo o efeito que poderia obter.

Sei que esse estilo tem suas peculiaridades, e a sujeira é necessária para reforçar a aura maléfica que as músicas possuem, mas uma gravação melhor, com um som mais forte de guitarra e bateria, deixaria esse EP devastador, pois é fácil perceber, apesar da produção, que a banda é realmente devastadora.

De suas cinco faixas, “Tentacle God” se destaca pela sua qualidade, mas “Chant Of The Mountain” e “Arise, O Guardian” são pérolas de extremismo, tanto em seus arranjos quanto em suas linhas vocais, mostrando que o Viletale é certamente um nome que deve ser acompanhado, pois já acumula potencial e qualidade evidentes no seu pouco tempo de existência, devendo ainda ter muito a oferecer no futuro breve. Resta apenas que, após transpor as encostas elevadas das montanhas da loucura, a banda atente para a forma como sua música chega ao produto finalizado. Feito isso, nem mesmo o próprio Nyarlathotep, o Caos Rastejante, poderá pará-la.

Formação

Bruno Jankauskas – vocal/guitarra

Alan Ricardo – guitarra

Filipe Oliveira – baixo

Matheus Lunge – bateria