A banda de Crossover/ Thrash formada pelos jovens oriundos da cidade de Limoeiro do Norte no vale do Jaguaribe, vem desenvolvendo um som rápido e dançante desde 2013 sempre com uma ideologia forte em suas letras, acaba de lançar o CD SOCIEDADE, com captação feita no Estúdio k2 e tendo sido mixado e masterizado por Fabricio freitas. Resultado de muito trabalho, o CD conta com uma cronologia na ordem de suas musicas indo desde a “invasão” (segundo a própria banda) dos portugueses e massacre dos índios chegando até problemas encontrados nos dias de hoje, que resultam na sociedade na qual habitamos.
A introdução instrumental dita logo de cara a quê a banda veio. Abusando dos intervalos característicos ao modo lócrio, os riffs pesados e com timbre gordo e obscuro dominam o pequeno trecho, que soa como um belo tabefe nos ouvidos.
A faixa Invasão segue o mesmo clima, agora conduzida por uma bateria bem mais enérgica e aparentemente conduzida por cimbal aberto, com vocais rasgados onde o vocalista Matheus Sombra parece estar vociferando todas as suas verdades com o máximo de convicção.
O destaque na faixa Criador e Criatura fica por conta das dobras de contrabaixo com os riffs de guitarra, juntamente à bateria muito bem conduzida logo nos primeiros momentos. Os vocais permanecem na mesma linha de interpretação da faixa anterior, o que de forma alguma tira o mérito do intérprete que se mantém feroz, da forma que a intenção da letra exige.
Em O Valor da Salvação, a letra apresenta uma dura e áspera crítica à indústria da fé, seguida por uma base constante que envolve desde os primeiros momentos da audição. É o típico recado curto e grosso.
No tocante à convicção política e sociológica, a banda não faz questão de esconder sua visão e posicionamento, iniciando Massa de Manobra com um áudio contendo claramente um diálogo entre o presidenciável Jair Bolsonaro e algum par de ilustres (por mim) desconhecidos. Quanto ao contexto musical, a bateria já chega com dois socos e um chute, numa frase rápida e muito bem executada que entrega o serviço para o guitarrista Nalber Silva. A entrega à interpretação aqui é total por parte do vocalista e essa é sua performance mais direta e visceral dentro do álbum.
Com riffs que lembram (se você prestar bastante atenção) uma sonoridade remetente à música espanhola, a faixa A Culpa Também é Sua dá seus primeiros passos. Impressão esta, que é desfeita logo após, o que dá até um momentâneo clima mais progressivo ao Thrash que dominava as estruturas composicionais até então. Thrash este, que dita as cartas novamente a partir daqui.
1992 apresenta o melhor riff do álbum logo no começo. O ostinato* impera até ser colocado a segundo plano pelos vocais, que são alternados entre um membro e outro.
Com um trabalho bem interessante no cimbal, Mordaça é a primeira até aqui que conta com uma breve intervenção mais aguda da guitarra, seguindo exceto por isso, a fórmula das demais.
Riffs interessantes que assumem um ar diferente após algum tempo devido à troca de groove da bateria em Infecção, contando também com um curto solo de guitarra, que mesmo e face de sua breve duração, demonstra-se muito bem construído e colocado.
Você é o Alvo encerra a audição, mostrando-se como a mais direta e propositalmente crua composição da obra, mantendo-se fiel à proposta sonora feita desde o início do álbum, fazendo de Sociedade um dos primeiros notáveis lançamentos dentro da cena cearense nesse ano.
Membros
Mateus Sombra-Vocal
Nalber Silva – Guitarra
Reuber Tadeu – Baixo e Vocal
Marcelo Victor – Bateria
Faixas
1-Intro.
2 – Invasão
3 – Criador Criatura
4 – O Valor da Salvação
5 – Massa de Manobra
6 – A Culpa Também é Sua
7 – 1992
8 – Mordaça
9 – Infecção
10 – Você é o Alvo
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8/10