Um trauma pode existir de duas formas, sendo uma delas física e outra psicológica. Podemos entender como traumas físicos lesões e feridas que atingem diretamente ao organismo a nível somático. Já os traumas psicológicos são produzidos a partir de experiências dolorosas e angustiantes, como por exemplo, sofrer algum tipo de abuso ou presenciar a morte de um ente querido.

O caos e traumas no mundo contemporâneo atingem vários tipos de pensamentos e correntes filosóficas, servindo de tema para debates e expressões artísticas que vão desde livros até filmes, um exemplo é a película “Trauma” de 1993.  Claro que o mundo da música não fica de fora deste roteiro, um exemplo reside aqui em terras tupiniquins, mais especificamente no Rio de Janeiro, através da banda No Trauma.

Formado em 2011, o grupo tem uma sonoridade única que mescla Metalcore, Hardcore, Djent e Groove Metal. Com um nome muito criativo e dual, que num primeiro momento, e lendo o nome em português, “No Trauma” expressa uma atitude firme, aquele dedo que cutuca a ferida e vai direto no problema, direto no trauma. Por outro lado, e lendo o nome em inglês, “No Trauma” expressa o oposto, ansiando algo mais ameno, “sem trauma”. Esse nome caiu como uma luva ao tipo de som que os cariocas  fazem, e podemos perceber essa característica logo na primeira faixa do disco de estreia do grupo, “Viva Forte Até O Seu Leito de Morte”, lançado neste ano.

 O disco traz um trabalho técnico digno de atenção, visto que a banda despeja de forma criativa, contratempos, dissonâncias e ritmos variados e sincopados, fora os vocais repletos de agressividade que mescla com respeito guturais e linhas limpas características do Rap.

 As letras são destiladas de forma firme e crítica, expondo acidamente problemas sociais e interpessoais. Gostei muito das representações usadas nos textos como “acorrentado nas interrogações” por exemplo. Todas as doze faixas de “Viva Forte Até O Seu Leito de Morte” são caprichadas e dispõem de muito bom gosto na produção (que aliás foi feita pela própria banda), lhe impossibilitando pular alguma faixa.

É admirável a entrega expressiva dos músicos que mostram muito talento e cuidado na execução, já que podemos notar sem dificuldades que cada trecho instrumental, como riffs e interlúdios, são cuidadosamente encaixados e tocados com bastante feeling, servindo de trilha perfeita para a ideia cantada na letra, tanto que num todo o disco merece uma análise temática detalhada que farei em breve.

Esse é um disco muito bem feito e a prova que albuns de alto nível podem sim ser feitos com uma mescla diferente de estilos, e principalmente cantados em português.

 Altamente recomendado!

Formação:
Hosmany Bandeira (vocal);
Tuninho Silva (guitarra);
João de Paula (baixo);
Marvin Freitas (bateria).

Faixas:
01 – Fuga
02 – Quimera
03 – M.M.A.
04 – Massa de Manobra
05 – O Chamado
06 – Forca
07 – Sedativo
08 – Demoniocracia
09 – Igualdade
10 – Algemas do Medo
11 – Viva Forte
12 – Sawabona Shikoba