O Mindflow é um banda paulistana, conhecida por ter feito um ProgMetal de altíssimo nível no início dos anos 2.000.

Os caras já começaram com um nível de profissionalismo fora do comum para uma iniciante banda de metal do Brasil. As composições, arranjos e produção sempre primorosas, ao ponto de questionarmos de qual país eram, pois, não pareciam ser brasileiros.

Em 2003 com seu debut álbum Just The Two of us… me and Them, eles mostraram extrema técnica e virtuosismo em um trabalho que os marcou como Progmetal pra sempre.

Já em seu segundo registro de estúdio o Mind Over Body de 2005, eles deixaram o “espiríto Prog” dominar totalmente e criaram uma obra prima do estilo, inclusive com músicas extremamente longas, bem na “pegada do Dream Teather”.

Em 2011 lançaram o derradeiro With Bare Hands, que na realidade é junção de dois outros álbuns anteriores, o Destructive Device de 2009 e o 365 de 2010. A fusão destes dois álbuns e lançamento teve como foco o mercado internacional.

E o resultado dessa mistura é o tema desta resenha.

Mindflow em 2011

Nesses dois álbuns encontramos um Mindflow mais enxuto e maduro. Os anos de estrada fizeram muito bem ao grupo, pois eles puderam incorporar outros elementos do rock ao som deles e o resultado é espetacular. Apesar de ser menos ProgMetal que os anteriores, o que escutamos em With Bare Hands é de cair o queixo.

Para se ter uma idéia, eles chamaram para produzir esses álbuns dois feras do rock mundial.

Em Destructive Device o produtor foi Ben Grosse que tem nas “costas” a responsabilidade pela produção de Marilyn Manson, Disturbed, Slipknot e Megadeth, no 365 o escolhido para “polir” o som foi Ted Jensen, que trabalhou com AC/DC, Metallica, Dream Teather, Theory Of a Deadman e dezenas de outros medalhões da indústria fonográfica mundial.

Ao conhecer na íntegra With Bare Hands, nota-se a intenção de entregar um álbum coeso, sem muitas experimentações bizarras e samples (fatores presentes nos anteriores). Com certeza eles escolheram as faixas mais diretas destes dois álbuns e transformaram essa fusão em um álbum perfeito, daqueles de ouvir do começo ao fim sem pular uma faixa sequer. Parece que todas as músicas foram compostas no mesmo período e lançadas em momentos distintos (como Load e Reload do Metallica).

No geral, essa obra entrega através das faixas escolhidas, um metal moderno, com alguns efeitos “eletrônicos”,com muita melodia vocal, letras “cortantes” e refrões certeiros.
Óbvio que pela versatilidade e virtuosismo dos músicos, você percebe os requintes de uma banda de Progmetal (bandas deste estilo são necessariamente de músicos virtuosos) porém, sintetizaram tudo em algo mais direto, sem firulas (que são características de um bom Progmetal também).

Fique atento aos Timbres:

Nas faixas de With Bare Hands, os timbres da guitarra do Rodrigo parecem estar com a afinação mais baixa (característica de bandas de New Metal) e isso dá um ar muito mais moderno e diferente para a banda, além dos solos mais curtos e diretos.

Enquanto isso, o baixo do Ricardo contrasta com a guitarra e tem muito destaque, lembrando algo de Alice In Chains e Staind, você consegue ouvir e sentir os graves muito bem executados nas notas e escalas, contribuindo para uma sonoridade ainda mais sofisticada.

No caso da bateria do Rafael, além dos timbres dos pratos, caixa e bumbos, o que chama a atenção é o groove que leva as músicas nas partes mais pesadas e cadenciadas, tudo muito bem preciso e planejado na “cozinha”da banda.

Quanto aos vocais, a mesma voz afinada e competente de sempre do Danilo, mostrando ainda mais versatilidade como vocais guturais rasgados em momentos pontuais de algumas faixas. Colocando aquela “pitada” de agressividade que sempre gostamos de ver em uma banda de metal, seja lá, qual for a sua vertente.

Com certeza os produtores direcionaram os músicos para algo mais moderno e livre do que apenas um Progmetal tradicional, e conseguiram extrair muita coisa boa sem descaracterizar o som da banda. A mudança mais drástica provavelmente foi o tamanho das faixas que diminuiu bastante no geral, não passando dos 5 ou 6 minutos.

Apesar de todo esse talento e direcionamento certeiro, a banda parou de fazer shows e aparentemente deu uma pausa indeterminada na carreira, apenas em 2016 fizeram um show único no Manifesto Bar em São Paulo.

Procurei notícias sobre o paradeiro do músicos e só obtive do batera Rafael Pensado, que tem rede social ativa que ainda está no meio da música e vive fora do Brasil.

O Mindflow é daquelas bandas que estavam “á frente de seu tempo” e que apesar de ser reconhecida e ter alcançado certa notoriedade (inlcusive com tour fora do Braisl), mereciam mais! Creio que o grande público ainda não estava preparado para seu estilo de som, e a banda acabou não tendo o reconhecimento merecido no Brasil.

Sem medo de errar, eu coloco essa banda no mesmo time de nomes como Angra, Krisium, Nervosa e Sepultura nos dias hoje dentro do metal nacional.

Seria muito bem vindo um retorno da banda após 10 anos de pausa. Fica a dica.

Então, sugiro você ouvir esse álbum com um bom fone ouvido para entender o que nós fãs brasileiros de metal em geral perdemos.

Destaque para as faixas Break Me Out, Reset The Future, Breaktrough, Under An Alias e Trust Into This Game.

No caso de você não conhecer ainda o Mindflow, mas se curte Angra (da época do André Matos) e também curte Disturbed, tem muita chance de você adorar essa banda.

Por causa da fusão destes dois álbuns citados, é importante deixar claro quem produziu cada faixa, como podemos verificar no tracklist de With Bare Hands logo abaixo.

Mindflow – With Bare Hands
Data de lançamento: 15 de fevereiro de 2011
Gravadora – Nightmare Records

01 – Breake Me Out (do álbum 365)
02 – Reset The Future ((do álbum 365)
03 – Breaktrought (do álbum Destructive Device)
04 – Walking Tall (do álbum 365)
05 – With Bare Hands (do álbum 365)
06 – Corrupted (do álbum 365)
07 – Under An Alias (do álbum Destructive Device)
08 – Shuffle Up And Deal (do álbum 365)
09 – Lethal (do álbum Destructive Device)
10 – Trust Into This Game (do álbum 365)
11 – The Ride (do álbum 365)
12 – Destructive Device (do álbum Destructive Device)
13 – Instinct (do álbum 365)
14 – Fragile State Of Peace (do álbum Destructive Device)

Line Up:
Danilo Herbert – Vocais
Rafael Pensado – Bateria, Backing Vocals
Ricardo Winandy – Contra baixo, Backing Vocals
Rodrigo Hidalgo – Guitarra, Violão, Backing Vocals
Miguel Spada – Teclados (ex-membro)