Não tem como pensar no vocalista Dave Ingram sem logo associá-lo aos ótimos trabalhos que criou para o Death Metal quando esteve no Benediction e no Bolt Thrower, certo? Entretanto, o que talvez muitos não saibam é que o britânico continua lançando excelentes trabalhos, tanto em suas bandas atuais, Down Among The Dead Men e Echelon, como em outras pelo qual passou, como o Downlord, banda de Death Metal formada em meados de 2004, na Dinamarca.

Dizem que tudo o que é bom, dura pouco e talvez seja mesmo, pois a banda infelizmente se dissolveu poucos anos depois de seu surgimento. Porém, no período em que estava ativa, gravou quatro registros, sendo eles duas “demos”, um EP e um álbum de estúdio intitulado “Random Dictionary of The Damned”, lançado em 30 de janeiro de 2007, através do extinto selo Open Grave Records. A seguir, nos aventuraremos pelo conteúdo insano presente nesse registro.

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O disco se inicia com “Nailing You In”, uma ótima faixa de abertura recheada de quebras rítmicas bem construídas. Uma atmosférica introdução antecede a composição e já estimula bastante o ouvinte a conferir o que vem a seguir. Pouco depois, “riffs” potentes entram em cena, acompanhados por levadas insanas de bateria e os guturais peculiares e cavernosos de Dave Ingram. “Psyklotron”, a segunda faixa, já se inicia truculenta, com a voz de Ingram rasgando os alto-falantes e as guitarras convidando o ouvinte a “banguear” freneticamente. Um desempenho entrosado e criativo de guitarras marca o início de “Loathe. Scorn. Detest.”, outra composição bastante fragmentada e que conta com linhas pulsantes de baixo e uma bateria sempre certeira e violenta na medida certa.

O registro prossegue de forma intensa com “Full Scale Hatred”. A “cozinha” de baixo e bateria está ainda mais agressiva e poderosa, assim como os “riffs”, sempre sujos e cortantes. “XSV Payback” não faz feio e entrega ao ouvinte, exatamente o que ele busca ao ouvir um material como esse: pancadaria das boas! Por sua vez, “Hate Brace”, é outra faixa bem interessante, recheada de variações rítmicas invejáveis. Os músicos oscilam de trechos “grooveados” para outros frenéticos e alguns momentos até “viajantes” e com melodias bem construídas.

Linhas harmônicas de guitarra apresentam a sétima faixa, “Old World Chaos”. Provavelmente, ao terminar de ouvir esse som, o ouvinte ficará com o nome da música em sua mente, não apenas por se tratar de um título forte e imponente, contudo pela crueza com que Dave Ingram urra no microfone o título da composição. Novamente, uma ótima faixa! E por falar em urros, “Underdrive” começa com guturais devastadores. A banda jamais desaponta e não deixa o ouvinte ficar entediado, proporcionando mais um espetáculo impetuoso e vil… No melhor sentido!

https://www.youtube.com/watch?v=rNpsnGO6dAU

“Turn On, Tune In, Drop Dead” é outro grande destaque do álbum. Truculenta, visceral e perfeita! Os integrantes da banda sabem bem como construir algo realmente pesado, porém bem feito, combinando mudanças de andamento, peso e melodia na medida certa. Outra faixa que não deve deixar de ser mencionada é “Smoke & Mirrors”, que novamente aponta como os músicos possuem um entrosamento e um talento realmente admirável. A composição alterna de momentos extremamente brutais para outros mais arrastados e delirantes.

Melodias hipnóticas de guitarra dão lugar a outro ataque supersônico, “Groin of God +++Amen & Out+++”. O que temos aqui? Mais uma sequência mortal de arranjos avassaladores e variações matadoras. A composição seguinte, “Random Damnation”, traz a receita do bom e velho arroz com feijão de volta, entretanto, não deixa o ouvinte entediado jamais, pois tudo é executado com garra e puro poder de destruição. Beirando o Death/Grind, temos também “For It Was Written”, a faixa mais curta do disco. Ainda que conte com apenas um minuto e doze segundos de duração, essa décima terceira faixa permite a banda desfilar toda a sua fúria e criatividade da mesma forma que nas composições anteriores.

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Os acordes iniciais de “Wake Up & Smell The Species” são “grooveados” e pulsantes, convidando o ouvinte a “banguear” mais uma vez. Para variar, não demora nada para a pancadaria ser retomada. Novamente temos mudanças de andamento estrategicamente criadas e inseridas nos trechos apropriados, dando ainda mais brilho a composição. Uma breve introdução inicia “Sleep Forever”, a última faixa desse ótimo registro. A composição segue o mesmo molde de todas as anteriores, sempre combinando um peso destruidor com passagens climáticas arrastadas e não menos interessantes, encerrando o disco de forma bastante satisfatória.

“Random Dictionary of The Damned” é uma das incontáveis joias que quando um fã de Metal Extremo descobre, se sente extremamente gratificado por ter tido a chance de conferir tal material. A banda executa um espetáculo realmente estrondoso, agressivo e muito bem elaborado. A dupla de guitarristas Donovan Spenceley e Rene Falther esbanjam entrosamento e “feeling” a todo instante, bem como a “cozinha” de baixo e bateria, formada por Thomas Fagerlind e Rasmus Schmidt, respectivamente. Somando todo o trabalho instrumental aos vocais subversivos de Dave Ingram, o resultando não poderia deixar de ser realmente matador. É uma pena que a banda teve um fim tão precoce, contudo, ao menos proporcionaram um material que merece ser conferido por todos os apreciadores do Old School Death Metal e do Metal Extremo como um todo. Aprecie sem qualquer moderação!

Formação:
Dave Ingram (vocal);
Donovan Spenceley (guitarra);
Rene Falther (guitarra);
Thomas Fagerlind (baixo);
Rasmus Schmidt (bateria).

Lista de faixas:
01 – Nailing You In
02 – Psyclotron
03 – Loathe. Scorn. Detest.
04 – Full Scale Hatred
05 – XSV (Excessive) Payback
06 – Hate Brace
07 – Old World Chaos
08 – Underdrive
09 – Turn On, Tune In, Drop Dead
10 – Smoke & Mirrors
11 – Groin of God +++Amen & Out+++
12 – Random Damnation
13 – For It Was Written
14 – Wake Up & Smell The Species
15 – Sleep Forever