Velho conhecido dos headbangers, o Death Metal é um estilo absolutamente consolidado no cenário – tão consolidado que há um bom tempo é difícil trazer novidades e surpresas. Costumo dizer que, no caso desse pesado estilo, para uma banda se destacar em um espaço tão congestionado, a receita é simples de falar, mas difícil de executar: basta que as músicas sejam realmente boas e bem produzidas.

É por isso que o Death Chaos vem colhendo elogios resenha após resenha que se vê por aí. Formada em Curitiba (PR) no ano de 2014, a ainda jovem banda vem angariando admiradores com relativa facilidade devido ao quão bom soa seu som, calcado no Death Metal. Simplesmente convence, especialmente pelas referências sentidas no decorrer dos acordes, acompanhando de perto os rastros dos gigantes suecos do Amon Amarth.

Mesmo com pouco tempo de atividade, o quarteto composto por Denir Deathdealer (vocal e baixo), Julio Bona (guitarra), David Oliver (guitarra) e Ueda (bateria) já preparou material suficiente para lançar, em 2016, seu primeiro trabalho, materializado na forma de um EP de meia hora de duração, intitulado “Prologue In Death & Chaos”. Esse prólogo da proposta dos rapazes é composto por fortes cinco faixas que, apesar da duração estendida para algo desse calibre (média de 6 minutos de duração por canção), são fluidas, bem compostas e de muita qualidade.

Os chamativos contornos das boas músicas são aguçados pela excelente produção, realizada no D.O.D. Studio, na capital paranaense mesmo, onde o disco foi gravado, mixado e masterizado.

death-chaos

O brilho de uma produção de qualidade já é meio passo para que as músicas e a proposta sejam melhor compreendidas – e a outra metade do caminho a banda trilhou com êxito. Trata-se de uma sonoridade, como já supracitado, calcada no Death Metal, mas somente esse rótulo não diz muito sobre o que é executado aqui. Não vemos uma musicalidade de tempo mais veloz, com correria, peso e total agressividade, como se espera tradicionalmente do estilo. O Death Chaos, aproveitando-se de influências do Amon Amarth, toca o estilo de maneira mais contida, cadenciada e reflexiva. Logo, temos músicas de riffs mais estendidos, além de melódicos, como manda a cartilha dos suecos. Na prática, os momentos de insanidade original do Death Metal acontecem apenas pontual e brevemente, e logo se convertem em passagens que, mesmo que melódicas, conservam o peso e o esmagamento das distorções. Por vezes, a sonoridade se aproxima bastante do Doom Metal, tornando-se quase excessivamente arrastada – ritmo seguido pelos guturais de Denir, absolutamente cavernosos e fechados. Faz até lembrar um pouco bandas de Funeral Doom Metal, como o Ahab.

Por vezes, solos de guitarra aparecem, geralmente de maneira ascendente, começando num ritmo mais lento, preparando o terreno, até que desembocam na velocidade, mas nada extremamente técnico ou desafiador. Um bom exemplo está em “Death Division”. É muito bom ouvi-los, especialmente pelo reverb aplicado, deixando os solos mais pairantes e distantes. Realmente lindo.

“Prologue In Death & Chaos” é uma convincente primeira tentativa brasileira. Menos tradicional e mais moderno e cadenciado, o Death Chaos demonstra ouvidos apurados, cabeça aberta e pode ser um sopro de ar fresco no Death Metal brasileiro, que embora seja bom, está, de certa forma, estagnado.

Olho neles.

 

Formação:
Denir Deathdealer (vocal e baixo);
Julio Bona (guitarra);
David Oliver (guitarra);
Ueda (bateria).

Faixas:
01 – You Die I Smile
02 – Death Division
03 – House of Madness
04 – Erased Sky
05 – You Are Not You