Em meio ao clima junino que todo o estado de Pernambuco se encontrava entre os dias 21 e 24 de junho, também houve espaço para os eventos das bandas undergrounds locais. No dia 21 (sexta-feira) em específico, ocorreu no Donovans Irish Pub, localizado no bairro de Casa Forte, zona norte do Recife, a 4ª edição do “Som Daqui”.

O festival, que tem ocorrido mensalmente, tem como objetivo de divulgar as bandas autorais locais, trazendo-as para a zona norte da cidade, em uma casa que não costuma abrir espaço para as mesmas, que é a coisa mais legal desse evento, ele abrir uma porta importante para essas bandas.

Na edição em questão, fizeram parte do cast do evento o cantor Fernandes, e as bandas Coxas D’Amelia e Cospefogo. Outro detalhe também foi o fato do evento ter recebido o apoio da empresa Dura Mais.

Por se tratar do primeiro dia do feriadão de São João, eu sinceramente não esperava ver um grande público no Donovans naquele dia, o que acabou se concretizando. O espaço da casa por si só não chega a ser grande, mas ainda assim o público estava pequeno mesmo em comparação a capacidade do local.

As apresentações estavam marcadas para se iniciarem às 22h, mas acabou atrasando por volta de uma hora, tendo Fernandes, primeira atração do dia, subido ao palco apenas por volta das 23h.

Das três atrações que tocaram no dia, Fernandes foi a mais diferenciada de todas. Na ocasião, o jovem cantor trazia ao Donovans sua apresentação referente ao seu novo disco intitulado “Bonanza”, onde ele fez o formato chamado por ele de “Loop Session”.

O que seria esse “Loop Session”? Seria no caso, um formato mais simples, estando no palco apenas ele, a guitarra, e um jogo de pedais com alguns efeitos pré-gravados.

O som do Fernandes e algo mais puxado pro alternativo, e que nessa apresentação específica ganhou um ar mais psicodélico (principalmente por conta dos inúmeros efeitos de delay tanto na guitarra, quanto na voz) e uma pitada de progressivo por conta da instrumentalidade extensa nas músicas.

O show também contou com as participações especiais dos cantores Rafa Emery, Carol Ribeiro e Cássio Oli.

Posso não ser muito chegado no tipo de som que Fernandes faz, mas devo admitir que ele é um excelente guitarrista, e com o show desse formato ele provou o quão desenrolado ele é com o instrumento, e também o quão técnico ele é.

Mas, o formato “Loop Session” dele é algo que só cativa realmente aqueles que são chegados nesse tipo de som, para mim o mesmo acabou sendo chato e até mesmo sonolento. Já vi uma apresentação dele em uma outra ocasião onde ele estava no palco com a banda completa, e aquele formato consegue me cativar muito mais, mesmo eu não curtindo o som por si só.

Após quase uma hora de show, Fernandes encerra a abertura do evento, e passa o palco para a banda Coxas D’Amelia.

Das três atrações do dia, o Coxas D’Amelia era aquela eu simplesmente não sabia o que esperar, principalmente por nunca ter ouvido falar no grupo. Em conversas com os integrantes antes do início do evento, os mesmos me falaram que o som deles é uma mistura de vários estilos, e que é difícil coloca-los em algum “rótulo”.

Ao vê-los tocar, confirmei exatamente isso tudo que eles me disseram. No som do trio você encontra de tudo um pouco, elementos de música regional, punk, psicodelia, progressivo, blues, rock n roll tradicional, e por ai vai, uma verdadeira salada mista de estilos.

No show, a banda tocou músicas referentes ao seu primeiro disco “Fulminante”, lançado no ano passado.

Certamente, em comparação a atração anterior, a apresentação do Coxas D’Amelia teve bem mais pegada, e muito mais peso. Mas mesmo assim, isso não foi o suficiente para levantar o ânimo do pouco público que havia no local, que preferiu curtir sentados em suas mesas tomando uma.

Mas de qualquer forma, o Coxas D’Amelia não deixou de ser uma ótima surpresa.

Eram quase duas da manhã quando a Cospefogo subiu ao palco do Donovans para encerrar o “Som Daqui” com chave de ouro. No momento, sobravam no estabelecimento apenas os “sobreviventes” da noite.

Essa foi a terceira vez em que vi a Cospefogo ao vivo só esse ano, e a terceira que resenho também, então certamente eu sabia o que esperar da apresentação deles, um rock n roll clássico com muito peso e qualidade sonora.

Se o show do Coxas D’Amelia já tinha dado um “up” na vibe do local, a Cospefogo intensificou ainda mais com a energia de seus integrantes e de suas músicas. Nem mesmo o pouco espaço tirou a presença de palco da banda, principalmente em relação ao guitarrista Therly Lemos e ao vocalista Mau Victorino (que no fim da apresentação chegou até em subir em uma das cadeiras da casa).

O show não deixou nada a dever para ninguém, mas infelizmente, a plateia deixou. Certamente, os que ainda estavam presentes no Donovans naquele momento já demonstravam cansaço por conta da hora tardia, ai se antes eles já não estavam interagindo tanto, agora com esse fator que eles não iriam interagir mesmo.

Em grande estilo, a Cospefogo encerrou sua apresentação, já próximo das três da manhã, fechando assim mais uma edição do “Som Daqui” no Donovans Irish Pub.

Como disse anteriormente, a ideia de trazer um evento desse tipo para uma casa no o Donovans é ótima, principalmente pelo local ser do tipo que abre apenas para bandas covers, então ideias como essa é um ótimo início para quebrar essa barreira que existe na maioria dos pubs por ai.

Mas claro, há pontos a melhorar, como por exemplo, seria legal tirar as mesas que ficam de frente para o palco, como forma de incentivar o pessoal a interagir mais com as bandas, porque senão vai ficar aquela coisa de todo mundo sentado em suas cadeiras tomando uma enquanto ao grupo faz seu som.

Outro ponto também é a produção prezar pela pontualidade, pois o atraso de uma hora do evento resultado no término tardio do mesmo, fazendo com que muitos ficassem cansados a ponto ou de irem embora antes do fim, ou se acompanharem a última apresentação sem muita vontade.

No mais, fiquemos na expectativa para o próximo “Som Daqui”.