Sim, as coletâneas ainda têm um importante papel na propagação da música, especialmente no meio do Heavy Metal e do Rock! Mesmo com as inúmeras facilidades proporcionadas pela internet, por que abrir mão dessa divulgação coletiva e material, se todos podemos ser beneficiados com os dois lado dessa moeda? Assim sendo, o apresentador do programa de (web)rádio Roadie Metal, A Voz do Rock, e criador do site e acessória de imprensa  de mesmo nome, Gleison Júnior, buscou nessa tradicional alternativa, apoiar e propagar a cena metálica brasileira, dando espaço para novas bandas, outras nem tão novas assim e também para aquelas com seu nome já consolidado. O trabalho deu tão certo, que rapidamente chegou na sua oitava edição, em 2016, apresentando um material profissional, em formato digipack/duplo, interessante arte gráfica de Marcelo Nespoli, encarte contendo algumas informações sobre os participantes e nada menos do que 33 bandas, de várias vertentes da música pesada nacional. Ah, e um detalhe importante: as coletâneas não são comercializadas, mas sim distribuídas à imprensa especializada, parceiros e também são sorteadas no programa!

O primeiro CD, começa com muito Death/Thrash Metal, com as conhecidas bandas Claustrofobia e Torture Squad – que surpreende com “Return of Evil”, mas é de se ressaltar que é uma faixa demasiadamente longa, com sete minutos, e que careceu de uma melhor edição final – e Necrofobia. O Death Metal dá as caras com um dos grandes destaques do volume, a banda paranaense Death Chaos, bem como o Thrash afiado do Jailor (cuja faixa conta com um interessante solo de baixo). Praticando uma sonoridade mais trabalhada , o Hunger, de Indaiatuba/SP, também representou o Thrash, moderno e com diferentes nuances, tais quais alguns arranjos de violino e violoncelo!

Dando seqüência, temos músicas com uma produção abafada, que contrastaram com as anteriores, mas musicalmente, não decepcionam… É o caso de Stoned Bulls, Burnkill e Terrorsphere. Unindo diferentes elementos do Prog, do Death e algo mais, o Crookhead, que com um maior cuidado, tem tudo para chamar mais a atenção em trabalhos vindouros. Apostando no Heavy/Doom, o Fallen Idol é uma das bandas que já contam com álbum lançado e um dos destaques imediatos. Com mais velocidade e aura malévola, o Tormentor Bestial apresenta seu Heavy/Thrash, até que chega o Dying Suffocation unindo Death e Doom. Calcado entre o Thrash/Death/Black, o Voiden aos poucos nos conduz ao final desta primeira parte, que ainda conta com os cariocas do Quintessente (ótima música, mas a produção…) e o profundo Haumette.

https://www.youtube.com/watch?v=VSRl27nO0-Q

Se o ouvinte se surpreender com esse disco 01, então que se prepare para o 02! E não é pra menos, pois novamente o início já segue em alta, com a Black Triad remetendo discretamente ao imortal Motörhead e a especial homenagem à Roadie Metal, por conta dos promissores mineiros da Apple Sin. O Heavy Metal segue firme com o Rising, em “Roadie to Metal, com os riffs cortantes dos maranhenses do Brutallian e as nuances trabalhadas do Heaven´s Guardian, de Goiânia/GO. Em seguida surge o Super Over, cantando em português e mais voltado ao Rock’n’Roll pesado. Variedade é algo que nunca pode falar na música, principalmente em uma compilação, então o DarkShip além de manter o ritmo eclético da proposta, apresenta seu trabalhado Metal com diferentes influências em “Prison of Desire”.

Rapidamente, chegamos a metade do CD, com a interessantíssima “Giant”, da banda paraense Soledad – facilmente outra dos destaques da edição. Voltando ao Rock em português temos o Moby Jam, que pula para o Heavy dos paulistas Sickymind e chega à sonoridade atual e carregada do Oni. Aliás, Ariel/Kaliban com “À Morte”, as melodias e vocais femininos da Blancato, também são em nossa língua pátria.

Neogenese, com “Oceans of Time”, também representou o Heavy Metal em uma composição muito boa, mas é mais um caso de que careceu daquele toque final extra. Vindo da cidade de São Paulo, o solitário músico Robert Guimarães, não se prendeu especificamente em algum estilo, mas transitou entre o Heavy e o Rock com o High Moonlight. Finalizando a audição, Brvto Amor e The Walkins são um pouco mais voltados ao Rock nacional, e podem agradar quem curte a vertente.

Em suma: O ótimo trabalho da Coletânea Roadie Metal – tanto este Volume 8, quanto qualquer outro já lançado – merece ser ouvido e apreciado. E por isso, fica aí a dica: apoie você também, o Metal feito em nosso país!

https://www.youtube.com/watch?v=5I_YC3J-58A

CD 01 – Bandas/Faixas:
01. Claustrofobia – Metal Maloka
02. Torture Squad – Returno of Evil
03. Necrofobia – Membership
04. Death Chaos – From the Dead They Will Rise
05. Jailor – Stats of Tragedy
06. Hunger – Demons in White
07. Stoned Bulls – Good for Shit
08. Burnkill – Guerra e Destruição
09. Terrorsphere – Assassinos
10. Crookhead – Via Crucis
11. Fallen Idol – The Boy and the Sea
12. Tormentor Bestial – Demon of Pervertion
13. Dying Suffocation – Deathbed
14. Voiden – Antares
15. Quintessente – Towards Eternity
16. Haumette – Changed Heart

CD 02 – Bandas/Músicas:
01. Black Triad – R.I.P.
02. Apple Sin – Roadie Metal
03. Rising – Road to Metal
04. Brutallian – Blow on the Eye
05. Heaven’s Guardian – Dream
06. Super Over – Esquema
07. DarkShip – Prison of Dreams
08. Soledad – Giant
09. Moby jam – Homem de Gelo
10. Sickymind – Question of Honor
11. Oni – Pedaços
12. Ariel/Kaliban – À Morte
13. Blancato – Laís
14. Neogenese – Oceans of Time
15. High Moonlight – Inovaya
16. Brvto Amor – Vidas
17. The Walkins – O Sinal.