Não estou aqui para pegar no pé de certas bandas, muito menos dessas que não são unanimidade dentre os Metaleiros. Porém, quando algo não fica bom, é obrigação dos críticos jogarem a real, sem parcialidade. Sou um grande fã do som do Bullet for My Valentine, desde seus primeiros álbuns acompanho a banda, que sempre conseguiu me agradar até mesmo em álbuns considerados medianos, como o caso de “Temper Temper” (2013).

Depois do excelente “Venom” (2015), a banda já mostrou na faixa “Don’t Need You” que mudanças estavam por vir, juntamente com declarações do vocalista Matt Tuck sobre a mudança de direção e adição de novos elementos no som da banda. Os primeiros singles de “Gravity” deixaram isso bem evidente, “Over It“, “Piece Of Me” e “Letting You Go” são simplistas, sem grandes riffs, gritos e solos de guitarra, além de mostrar sons eletrônicos com mais evidencia. Diferente, mas ainda contam com a identidade do Bullet.

O álbum inteiro segue a linda dos singles, com poucos momentos de destaque e menos ainda de empolgação. Faixas repetitivas e com pouca inspiração dominam a audição, salvando poucas faixas, como a de abertura “Leap Of Faith“, que usa muito bem esses elementos eletrônicos mesclados com os instrumentos plugados. Ela é o equilíbrio perfeito que as outras faixas não conseguem ter.

Over It” pode ser usada de base de como soa o álbum todo, riffs simplistas, versos calmos, com uma camada mais eletrônica no fundo, com refrões melódicos e pesados, muitas vezes bem pegajosos, algo que a banda sempre soube fazer bem. Posso descrever desse modo “Letting You Go“, “Not Dead Yet“, “Piece Of Me“, “Under Again“, enfim, 70% do álbum. E isso não quer dizer que todas são ruins, muito pelo contrário, se você ouvir com a mente aberta, pode encontrar várias coisas boas dentre as faixas.

A exceção das faixas citadas acima em questão de estrutura, são “The Very Last Time“, “Coma” e “Gravity“. A primeira podemos chamar de a balada do álbum, é bem calma durante a maior parte, com uma batida artificial que vai crescendo com o acréscimo dos instrumentos reais. A segunda citada é uma das melhores do álbum, é umas das que se aproximam mais do que a banda já fez no passado, poderia estar tranquilamente em “Temper Temper” (2013) ou em “Fever “(2010).

Já a faixa título parece ser uma faixa do Bring Me The Horizon, sem exageros. Coros no fundo e uma mixagem mais artificial não ajudam e a faixa não merece dar nome ao álbum.

O que merece destaque é a faixa de encerramento, “Breathe Underwater“. Acústica e bastante simplista, é o que a banda deveria ter explorado melhor no álbum. Se Matt não pode mais gritar com a mesma potência de ates, faixas assim poderiam funcionar melhor do que a exploração eletrônica da banda. Muito boa faixa que fecha brilhantemente o mediano álbum.

Talvez uma mixagem mais cura nas faixas deixasse o álbum com uma cara mais parecida com a da banda, o tempo todo parece que estamos escutando um álbum de qualquer outra banda, menos do Bullet. O guitarrista Padge foi pessimamente explorado no Play, o baixista Jamie Mathias, que ao vivo tem uma presença incrível, praticamente não aparece, sendo encoberto pelo artificialismo e Jason Bowld, baterista que recusou o Ghost para se firmar no Bullet, infelizmente não tem destaque algum, sendo ofuscado pela bateria eletrônica na maioria das faixas.

Além disso, o conteúdo lírico da banda não evoluiu, ainda com exceções com letras sobre momentos difíceis na vida do vocalista, como depressão, o que se sobressai são letras sobre relacionamentos sem sucesso, algo que há 13 anos, desde o lançamento do seu debut, “The Poison” (2005), é o tema principal da banda.

 Depois de “Venom” (2015), se esperava uma evolução da banda mas, infelizmente, o que vemos é regressão, o que é decepcionante diante do potencial que a banda já mostrou, sendo uma das melhores bandas da nova geração e principalmente, uma das maiores do gênero Metalcore.

Formação: 
Matt Tuck (vocal e guitarra);
Michael “Padge” Paget (guitarra e vocal de apoio);
Jason Bowld (bateria);
Jamie Mathias (baixo e vocal de apoio).

Faixas:
01. Leap of Faith
02. Over It
03. Letting Go
04. Not Dead Yet
05. The Very Last Time
06. Piece of Me
07. Under Again
08. Gravity
09. Coma
10. Don’t Need You
11. Breathe Underwater