Ontem, 24 de fevereiro, o líder do Behemoth, Adam NergalDarski, lançou oficialmente a “Ordo Blasfemia” — uma campanha que visa arrecadar fundos via GoFundMe para lutar contra as acusações de “Ofender Sentimentos Religiosos” na Polônia, seu país natal. O próprio Nergal já enfrentou a acusação várias vezes ao longo de sua carreira e, mais recentemente, foi considerado culpado por postar uma foto online de uma pessoa em pé sobre uma pintura da Virgem Maria.

No início deste mês, um tribunal de Varsóvia decidiu que Nergal era culpado da acusação mencionada e foi condenado a pagar uma multa de 15.000 zlotys com taxas legais associadas de 3.500 zlotys, o que equivale a aproximadamente R$ 27.000,00. Nergal rejeitou a confissão de culpa, porém com o caso agora agendado para ir a julgamento. Sua alegada ofensa foi levada aos tribunais pela Ordo luris, um grupo ultraconservador, e outra organização apelidada de Sociedade Patriótica.

De acordo com Nergal, sua campanha “Ordo Blasfemia” visa ajudá-lo nessa próxima luta legal, bem como outros artistas e outros que enfrentaram a acusação. Se Nergal for considerado culpado, a acusação criminal criará problemas para ele quando se trata de turnês internacionais.

Em entrevista recente ao The Irish Times, Nergal discorreu sobre suas constantes batalhas com as autoridades religiosas na Polônia:

Eu não acho que o público saiba os detalhes do nível de assédio que tenho sofrido. Está ficando monstruoso e uma maré crescente de censura e assédio. A cada semana, tenho de me apresentar na polícia, ir a diferentes audiências e gastar uma fortuna com advogados, com todos os custos dos processos judiciais.

Estou sendo o alvo perfeito. As autoridades polonesas simplesmente me perseguem. Não é segredo que um oficial de acusação me tem como seu bode expiatório favorito. Ele segue minha conta no Instagram. Você consegue imaginar isso? É insano e absolutamente sem precedentes.

Estou sendo feito um criminoso por postar uma porra de uma fotografia no Instagram. Na Irlanda, você já passou por tudo isso antes, mas agora é um Estado secular. Agora dou a Irlanda como um exemplo do que a Polônia deve seguir para evoluir.

Mais tarde, ele disse:

Estamos voltando no tempo, pensando mais para trás. É uma violação das leis humanas mais básicas. Não sou só eu. Existem diversos artistas sendo perseguidos pela polícia e por censores autoproclamados. Eles se esquecem de que a Polônia ainda é um país pluralista. Não é um estado católico ou totalitário. Somos uma democracia democrática e pluralista, o que significa que podemos dizer o que quisermos sobre outras religiões. As autoridades estão tentando nos censurar e nos colocar para baixo.

Não podemos fazer parte da União Europeia se cumprirmos padrões diferentes. Temos uma lei de blasfêmia e somos o único país da Europa que ainda mantém essa lei — e isso é uma loucura. Isso é desculpa para todas aquelas pessoas, todos aqueles oportunistas. Devo vencer, porque não podemos ver meu caso se tornando um precedente. Pessoas como eu precisam ser protegidas para se expressarem livremente.

Fonte: ThePRP