Desde que cheguei em Portugal, tive o plano de conhecer Almada: Onde hoje, alguns consideram a concentração dos headbangers do país. Como estou à morar no Porto, tive mesmo que realizar uma pequena viagem, para finalmente conhecer um dos eventos de Metal que o local oferece, o Metal Keeper, que já está em sua segunda edição.

O Metal Keeper é um evento que reúne bandas de Heavy Metal tradicional. Sim, as influências são explícitas como Iron Maiden, Motorhead, Accept, entre outras; mas, para a graça de todos e para o bem geral dos músicos e dos fãs, eles tocaram suas músicas próprias e cada qual com o sabor de seu trabalho, sempre honrando o bom e velho Heavy Metal!

Depois de umas escalas avião-metro-metro-barco-carro, finalmente chegamos (eu e minha fotógrafa) no ANOTHER PLACE, um espaço bem bacana para shows e expositores. Infelizmente, por atrasos nessa logística não pudemos chegar à tempo do show da Wanderer: https://www.facebook.com/wanderersteel/ mas a partir da segunda banda, foi possível desfrutar cada momento que viria por ali. Lamentamos de verdade!

O momento era mesmo o melhor. O encontro dos headbangers, cerveja e amigos. Uma boa reunião de Portugas, Brasucas e alguns outros estrangeiros. De caracóis a bifanas, barracas de discos e camisas à bijuterias do gênero; ali realmente tinha um pouco da universalidade do Metal, com a identidade dos portugueses que estão de parabéns na organização do evento.

https://www.facebook.com/Rock.N.Raw.estudios/

A primeira banda que assistimos, foi a dos andaluzes Witchtower (Espanha) que fez uma alenta apresentação de energia e garra, que faz uma excelente homenagem aos tempos da NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal), bem ao estilo inglês, embora sejam da terra do Flamenco. A banda está em atividade desde 2012 e já lançou um EP em 2013. Seu criador é Victor de La Chica. Com o tema frequente das “Bruxas” em seus álbuns (Lançaram um álbum em 2014 e 2016) e com uma participação em um split em 2018, bem como a proposta principal de seu trabalho, o Witchtower é o tradicional feitiço do Heavy Metal!

A banda seguinte era a conhecida e tradicional Alkateya, formada em Lisboa em meados de 1986, auge da formação de bandas do gênero em todo o mundo. Com Demos, Compilações e um LP, ficou em franca atividade até 2007. Em seguida participaram de um Split em 2016 e lançaram um Single em 2017. Mas durante o show o vocalista fala de um novo trabalho. Não há dúvida que a expressão madura do vocalista João Pinto, com seu cajado (ou bengala) era um charme à parte, ou melhor dizendo era um forma artística de demonstrar a superioridade de uma banda que rege os primórdios do estilo em Portugal.

O baixista fez um excelente solo, mostrando que a experiência conta e muito no quesito qualidade instrumental e os demais membros não deixaram à desejar. Nem mesmo o jovem Pita Iron Fist que mais nos lembra um jovem Bruce Dickinson, mas na sua versão guitarra solo.

Esses lobos do Metal nos deixaram realmente impressionados e o coro era mesmo contundente: “auuuuuuu” Salve-se a perspicácia e a experiência desses homens que regem sua história em Portugal.

Um pouco mais jovens mas não menos experientes, digamos assim, com experiências diferentes mas também com uma importante base nos arredores de Almada, surge os impressionantes Attick Demons, muito conhecidos pelo público brasileiro (como os caras que fazem cover de Iron Maiden, sem tocar Maiden) ou (O vocalista tem a voz de Bruce Dickinson) mas a verdade é que o trabalho da banda é bem original e respeita sua base também antiga no tradicional metal português, uma vez que ainda que se renovem para um novo público ( como em  Let´s Raise Hell, último disco da banda); em Atlantis (primeiro disco) firmaram de uma vez por todas, as bases do NWOBHM com ênfase nos acordes e harmonias do estilo.

Artur Almeida desvenda várias vezes durante o concerto, o respeito que têm pelos músicos de sua banda, retirando-se do palco várias vezes enquanto os guitarristas e o baixista destrincham solos graciosos. Talvez também pudesse criar um novo estilo de espetáculo, como no da música Endless Game em que surge com uma máscara e um capuz, com referências aos templários. Banda espetacular com fã clube presente e muitos amigos. Estes são os muito simpáticos Attick Demons.


Após esse momento, eis que surgem os KILLER (que coincidentemente encontramos numa estação de metro e nos entregaram um adesivo da banda). Os Killer são 3 senhores muito animados e que tocam lindamente o autêntico Heavy Metal. A origem dos caras é a Antuérpia, na Bélgica. Eles tem uma impressionante discografia que vai dos anos 80 até 2015 e uma expressiva carreira musical. No estilo e no visual que parece viajar no tempo. Foi uma apresentação para encher os olhos no quesito experiência artístico-musical.

Finalmente ao fim da noite a banda TANK https://www.tankofficial.com/, que representa a mais autêntica vertente do movimento do Heavy Metal inglês a se apresentar no Metal Keeper, e você pode sentir a mesma emoção, intensidade e ritmo que formaram o Metal tradicional, com um destaque para a harmonia das guitarras e o vocal denso do David Readman (Pink Cream 69 e carreira solo). Nos últimos anos, o Tank foi liderado por grandes vocalistas do Rock, incluindo o antigo membro do Rainbow, Doogie White, que gravou os álbuns ‘War Machine’ e ‘War Nation’, e o ex-Dragonforce e o vocalista atual da Skid Row, ZP Theart, que apareceu em Valley of Tears.

O que mais impressiona é uma produção tão bem feita que contempla em um espaço relativamente simples e isolado, numa zona calma e semi-residencial com ruínas impressionantes da velha Almada, tudo isso dentro de um armazém. Não há dúvida que o palco ideal para grandes grupos é acima de tudo, profissionalismo. Seja onde for!

Fotos: Ana Costa.

Texto: Verônica Mourão