Nessa véspera de feriado do Dia das Crianças em Olinda, os copos foram erguidos para a última vez que o Clube dos Canalhas abriu as portas para o púbico pernambucano. Após terem feito dois shows (no mesmo dia) em Recife no mês de março (antes do anúncio do fim da banda), o Matanza retornou ao estado como parte da sua turnê de despedida, que se encerra nesse mês de outubro.

O evento, batizado de “Matanza Ultimate”, foi marcado para ocorrer no Clube Atlântico Olindense, no bairro do Carmo, e além do próprio Matanza, contou também com apresentações das bandas Ugly Boys, Monticelli, Terra Prima e Elizabethan Walpurga, todas elas locais.

Antes de começar a falar do evento em si, darei uma dica à produção do show em relação ao credenciamento da imprensa. Independente da quantidade de pessoas credenciadas para cobrir, seja apenas uma ou vinte, quando os credenciarem, SEMPRE façam uma lista de imprensa e DEIXEM COM ALGUÉM NA ENTRADA DA CASA.

Por que falo isso? Porque passei por uma saia justa quando cheguei, pois a produção havia me confirmado anteriormente meu credenciamento, mas quando cheguei para pegar a credencial, não havia uma lista com o nome das pessoas autorizadas para cobrir o evento, tendo que esperar alguém da produção aparecer para confirmar que eu podia entrar.

Mas enfim, vamos agora para o que realmente interessa.

Cheguei no Clube Atlântico por volta das 20h30, e na hora a movimentação ainda estava pequena, mas o que é normal, normalmente o povo deixa para chegar mais tarde mesmo.

Um pouco depois das 21h, a festa começou no Clube Atlântico da forma mais “underground” possível, com a banda punk Ugly Boys subindo ao palco ainda sem o baixista, que não havia chegado a tempo, tendo o mesmo aparecido apenas após a segunda música, tendo que ajeitar tudo na correria com o show já ocorrendo.

Além disso, infelizmente a apresentação do quarteto acabou sendo atrapalhada também pelo fato do microfone do vocalista Geydson estar muito baixo, dificultando ouvi-lo durante as músicas.

Mas fora isso, o Ugly Boys fez uma boa apresentação mostrando seu trabalho autoral, e também alguns covers, como o de “Last Caress” do Misfits, que ficou muito bom a meu ver.

Como é típico de toda banda de abertura, o público ainda estava em um número pequeno e muito tímido, tendo apenas feito um mosh pit considerável na última música.

Após um curto show de mais ou menos meia-hora, o Ugly Boys deixava o palco para que o Monticelli mostrasse todo o seu Hard Rock para os presentes no Clube Atlântico Olindense.

Com o público em maior número, os irmãos Monticelli mostraram o porquê têm conquistado um grande espaço na cena local, sendo eles uma das bandas mais ativas se tratando do underground pernambucano.

Com uma ótima interação entre a banda e o público, o Monticelli tocou no set list literalmente todas as músicas do seu único disco homônimo (seis, no total), com o adendo também do cover “We Not Gonna Take It”, do Twisted Sister no final, após o público clamar que o trio tocasse mais uma música.

E também vale ressaltar que, diferente da apresentação anterior, o som estava impecável, dando para ouvir muito bem todos os instrumentos, principalmente o baixo, que se destacava bastante, sendo eles uma das poucas bandas onde o instrumento em questão se destaca de uma forma considerável.

Set list:
01. Plan B
02. Eye For Eye
03. Behind These Walls
04. Sympathy
05. Payback
06. Future Blues
07. We Not Gonna Take It (Twisted Sister cover)

Encerrado o show do Monticelli, era hora do clima ficar mais “pesado” no Clube Atlântico, e o mosh pit “comer no centro” com a banda de Blackened Heavy Metal Elizabethan Walpurga.

Veterana na cena local, o Elizabethan fez um show bastante técnico mostrando seu trabalho autoral, tendo também a faixa inédita intitulada “Excelsior Paraeidolon”. De início, o público parecia estar tímido, interagindo pouco com as músicas, mas aos poucos eles foram acordando e formaram um mosh pit que durou até o fim da apresentação.

Nesse meio, quero destacar principalmente a atuação do baterista Artur Lira, que mais uma vez se mostrou ser um monstro nas baquetas.

Mas como já é típico, o público só foi completamente a loucura na última música, quando a banda tocou o cover da faixa “Aces High”, do Iron Maiden, o que foi curioso, pois nunca pensei que ouviria alguém cantar essa música se utilizando de vocal rasgado.

Set list:
01. Clamitat Vox Sanguinis
02. Infernorium
03. The Serpent’s Eyes Na The Horns Of Crown
04. The Canine Enchantment By The Philebotomy
05. Excelsior Paraeidolon
06. Vampyre
07. Aces High (Iron Maiden cover)

Agora, com o fim do show do Elizabethan Walpurga, faço uma pausa para comentar sobre uma coisa que achei interessante durante o evento.

Uma coisa que tenho percebido ultimamente é que aquela história de só se fazer eventos com bandas que tenham sons semelhantes está caindo por terra, e as atrações do Matanza Ultimate já são uma prova disso, tendo em seu cast Punk Rock (Ugly Boys), Hard Rock (Monticelli), Black Metal (Elizabethan Walpurga), Power Metal (Terra Prima) e Country-Hardcore (Matanza).

Além disso, também achei curioso nos intervalos dos shows terem tocado no sistema de som da casa bandas como CPM 22, Charlie Brown Jr. e Capital Inicial, bandas que estão muito longe de ser unanimidade entre os headbangers. E vale ressaltar, ninguém reclamou, muito pelo contrário.

Esse é um assunto interessante de se aprofundar. Por isso, farei um texto opinativo futuramente abordando mais esse tema.

Agora voltando a falar das apresentações, após o show do Elizabethan Walpurga, o evento que estava ocorrendo ok até o momento, mas teve a sua grande cagada da noite.

Menos de 10 minutos foi o tempo que o Terra Prima fez sua apresentação no palco do Clube Atlântico, tendo após de apenas duas músicas (“Once Upon a Time” e “Coming Home”) o show da banda sido encerrado de forma precoce a mando da produção.

Pelo que apurei, houve um problema referente ao horário que o Matanza iria tocar, e para evitar que o show deles atrasasse, a produção decidiu cortar a apresentação do Terra Prima antes do tempo.

Houve algumas vaias de alguns presentes na hora que ficaram revoltados com a situação, mas rapidamente isso tudo foi esquecido e o público começou a se preparar para a atração principal da noite.

Set list:
01. Once Upon a Time
02. Coming Home

Antes mesmo do início do show, os presentes, que agora lotavam a pista do Clube Atlântico, já se mostravam bastante animados, cantando junto as músicas do System of a Down que eram tocadas no sistema de som e já iniciando um grande mosh pit.

E quando Jimmy London e companhia subiram ao palco ao som dos primeiros acordes da “O Chamado do Bar”, o local virou um verdadeiro caldeirão, e o mosh pit se intensificou ao extremo.

Como é de praxe, o Matanza emendou as cinco primeiras músicas sem dar nenhuma pausa (coisa que se repetiu também ao longo do show), tendo seguido com “Meio Psicopata”, “Country Hardcore Funeral”, “O Último Bar” e “Eu Não Gosto de Ninguém”.

A primeira pausa ocorreu antes da música “Santa Madre Cassino”, quando os fãs mandariam “carinhosamente” Jimmy tomar naquele lugar (não estavam realmente xingando, já deixando claro).

Na primeira conversa com o público, Jimmy falou que o Matanza não poderia se despedir sem antes fazer um último show em Recife (esqueceram de avisar a ele que estávamos em Olinda), tendo depois, iniciado a execução da música “Santa Madre Cassino”.

Ao longo de todo o show, o público não parava de interagir com a banda em nenhum momento, a roda punk não parou de girar e todos cantavam todas as letras do início ao fim.

Muitos outros clássicos da banda foram tocados como “Clube dos Canalhas”, “Mesa de Saloon”, “Ela Roubou Meu Caminhão”, “Maldito Hippie Sujo”, “Ressaca Sem Fim”, “Pé na Porta e Soco na Cara”, e muitos outros.

No total foram nada mais e nada menos do que 31 músicas executadas, passando por todos os discos do repertório do Matanza.

Mas o ponto alto do show foi definitivamente quando a música “Tempo Ruim” foi executada, isso porque por conta da ocasião, a letra da mesma acabou representando algo a mais, principalmente nos trechos “Ergam seu copos por quem vai partir…” e em “Eu me despeço de todos vocês, muitos aqui não verei outra vez…” onde todos os presentes aplaudiram Jimmy fortemente.

Logo após, a banda tocou a música “Whisky Para Um Condenado”, que também acabou recebendo um toque a mais por conta da ocasião de despedida.

Após mais ou menos uma hora e meia de show, como já é tradicional deles, a execução rápida de um trecho de “Estamos Todos Bêbados” indicava que a festa estava chegando ao seu fim. Com isso, o Matanza encerra seu show ao som da faixa “Bom é Quando Faz Mal”, sob fortes aplausos e aclamação do público pernambucano, encerrando assim sua última passagem pelo estado.

Set list:
01. O Chamado do Bar
02. Meio Psicopata
03. Country Hardcore Funeral
04. O Último Bar
05. Eu Não Gosto de Ninguém
06. Santa Madre Cassino
07. A Sua Assinatura
08. Pé Na Porta, Soco Na Cara
09. Odiosa Natureza Humana
10. Tudo Errado
11. Clube Dos Canalhas
12. Ela Não Me Perdoou
13. Conforme Disseram as Vozes
14. Remédio Demais
15. Mesa de Saloon
16. Mulher Diabo
17. Carvão, Enxofre e Salitre
18. Interceptor V-6
19. Ressaca Sem Fim
20. Maldito Hippie Sujo
21. A Arte do Insulto
22. Pior Cenário Possível
23. Todo Ódio da Vingança de Jack Buffalo Head
24. Matanza em Idaho
25. Tempo Ruim
26. Whisky Para Um Condenado
27. Rio de Whisky
28. Eu Não Bebo Mais
29. Ela Roubou Meu Caminhão
30. Estamos Todos Bêbados
31. Bom É Quando Faz Mal

Encerrado o evento, hora de irmos para as considerações finais.

Sobre o evento em si, tirando os pontos negativos já citados ao longo do texto, tudo ocorreu bem e sem maiores problemas. Agora, falando um pouco sobre o espaço do Clube Atlântico, era um local que não conhecia, e de início achei que o mesmo tinha uma estrutura do nível do Clube Português ou do Clube Internacional, quando na verdade é menor do que esses dois em questão.

Mas o principal problema lá é o fato do palco ser meio baixo, o que dificulta um pouco para aqueles mais baixinhos, mas isso é uma coisa que não dá para resolver, mesmo que se tente bastante.

E assim, o Matanza se despediu dos fãs pernambucanos, que estão todos com os copos erguidos para eles.