A voz inconfundível dos trabalhos iniciais do Iron Maiden, Paul Di’Anno cantou nos dois primeiros discos, Iron Maiden (1980) e Killers (1981). Mas ele seria a segunda vítima do primeiro álbum do Maiden. Um personagem real, jack-the-lad, “a besta”, como ele próprio chama, a inclinação de Di’Anno para a vida rápida acabaria por separá-lo de uma banda a qual era evidente sua escalada para o topo.

É o famoso conto de “sexo, drogas e Rock ‘n’ Roll”. O cantor ficava acordado durante noites de festa e, consequentemente perdia a voz ou estava em uma forma tão terrível que os shows eram cancelados. Isto nunca caiu bem para Steve Harris e Rod Smallwood, que consideraram o comportamento de Di’Anno uma ameaça clara e atual ao progresso do Maiden.

Harris afirmou na época que “se tivesse sido porque ele estava fazendo muitos shows, teria toda a simpatia”. Mas era claramente álcool e drogas que prejudicavam Di’Anno, e o Maiden estava crescendo em obrigações cada vez maiores: “Nós não podíamos nos dar ao luxo de continuar a tocar em shows onde ele não estava focado 100%, onde estava sem coragem, ou pior ainda, soprando”.

Di’Anno, por sua vez, nunca negou os efeitos que o estilo de vida do Rock ‘n’ Roll tinha em sua capacidade de entregar o que o Maiden exigia dele. Mas ele também insiste que estava ficando cansado da rotina pesadamente programada até aquele ponto. Disse ele mais tarde: “Eu não me envolvi no Rock ‘n’ Roll para manter horários e reuniões e ter certeza de que vou ter oito horas de sono de beleza todas as noites.”

Iron Maiden

Ele também alega que não estava inteiramente feliz com a direção musical da banda, começando com “Killers”. Se isso é retrospectiva ou previsão, não se pode saber ao certo. Harris foi completamente contundente sobre o assunto três décadas mais tarde: “Paul estava totalmente fodido.”

O fato da questão é que o Maiden passou a procurar um cantor que tinha o tipo de voz Harris queria explorar, até que chegaram em Bruce Dickinson. E como eles teriam conquistado o mundo sem ele? Mesmo Di’Anno aplaudiu a escolha, e mais tarde afirmou em termos inequívocos que ele acha que “Bruce é absolutamente o melhor cantor que a banda já teve”.

Dickinson alegou que ele foi realmente convidado a se juntar ao Maiden antes que Di’Anno tivesse formalmente saído da banda. Naquele momento, o Maiden ainda tinha um apanhado de shows a fazer na turnê de “Killers”. Dickinson lembra que foi informado da saída de Di’Anno nos shows na Escandinávia quando ele fez a audição para a banda, e o Maiden fez seus últimos shows com Di’Anno na Suécia e na Dinamarca no início de setembro.

Tudo isso certamente seria indicativo da frustração do Maiden com seu cantor original durante a turnê do “Killers”, mas também que eles não ousaram deixar Di’Anno ir antes que um substituto fosse garantido.